Coroner – Santo Rock Bar, Santo André/SP (30/03/2025)
Bandas de abertura: Genocídio e Torture Squad
Produção: Dark Dimensions
Assessoria: JZ Press
Texto por Thiago Loureiro e Johnny Z.
Fotos por Johnny Z.
Foi com imensa alegria que aceitei o convite do meu irmão e Redator-Chefe Johnny Z para cobrir um dos eventos mais poderosos do Metal Extremo Underground — e por que não dizer mundial — realizado no dia 30 de março de 2025 no lendário Santo Rock Bar, em Santo André – SP.
A noite foi uma verdadeira celebração do metal, com as bandas Genocídio, Torture Squad e os gigantes suíços do ThrashMetal Técnico, Coroner. E desde o início, um sentimento pairava no ar: ansiedade pura pela apresentação do Coroner. Sim, as bandas de abertura eram aguardadas e respeitadas — mas o nome que ecoava entre os headbangers com suas geladas na mão era só um: CORONER!
…::: GENOCÍDIO :::…
Pontualmente às 18h, o Genocídio subiu ao palco do Santo Rock Bar, em Santo André, cumprindo o horário combinado com precisão quase britânica. E tanto o som quanto a iluminação estavam excelentes — aliás, como de costume nos shows no Santo Rock Bar, uma excelente casa de shows, e nos eventos da Dark Dimensions!
A pontualidade, aliás, foi o primeiro sinal do profissionalismo de toda a produção e, logicamente, também da banda, que, como sabemos, dispensa apresentações. Desde sua criação, o grupo mantém firme seu lirismo sombrio — mesmo com as trocas de integrantes ao longo do tempo — com temas centrados em Morte, Guerra, Escuridão, Ufologia e Ocultismo, levados ao pé da letra.
O show foi um verdadeiro ritual sonoro. O baterista Herbert Loureiro mostrou por que é, atualmente, um dos pilares da sonoridade da banda, remetendo ao melhor do Death Metal americano com sua técnica apurada. A parede sonora formada pelos riffs dissonantes de Murilo Leite (vocal/guitarra) e Wellington Simões, o baixo pulsante do gigante (nos dois sentidos) Wanderley ‘Perna’, e os vocais guturais, fez com que a casa mergulhasse num abismo musical. Era como assistir a um culto macabro, com momentos que remetiam a Morbid Angel, Deicide e Incantation, com o lado sombrio de Sisters of Mercy e Paradise Lost.
Um dos elementos mais impactantes no show foi a habilidade da banda em criar uma aura de caos absoluto — porém orquestrado. A sensação sombria de ocultismo era palpável em cada canção, como se estivéssemos sendo conduzidos por um ritual pagão onde o som é a principal oferenda.
Dizer qual foi a canção perfeita da noite seria injusto. O setlist escolhido foi um acerto absoluto: destruidor e coeso. No início, o público ainda parecia disperso, mas conforme o show avançava, a banda foi conquistando cada pessoa ali presente, conduzindo todos para dentro de sua espiral de brutalidade e ocultismo.
Destaque para as incríveis faixas novas “Fort Conviction”, “Aside” e “The Sole Kingdom of My Own”, que ao vivo ficaram esmagadoras, bem como as cacetadas “Kill Brazil”, “Synthetic Screams”, “The Clan” (avassaladora), e os hinos “Up Roar” e “Countess Bathory” — essa última, um cover maravilhoso do Venom. O Genocídio não apenas tocou — encantou na brutalidade, com uma coesão inacreditável. Essa atual formação está simplesmente sensacional nos palcos!
Setlist:
Fort Conviction
Aside
Synthetic Screams
Pilgrim
Up Roar
Kill Brazil
The Sole Kingdom Of My Own
The Clan
The Grave
Countess Bathory (cover do Venom)





…::: TORTURE SQUAD :::…
Às 19h, foi a vez da banda de Thrash/Death Metal Torture Squad subir ao palco. Executando um estilo pesadíssimo, essencialmente brasileiro e bastante técnico — como bem sabem aqueles que acompanham sua trajetória de mais de 30 anos de carreira.
Neste show, a banda apresentou uma musicalidade poderosa, com vocais multifacetados que me deixaram hipnotizado e impressionado. A apresentação equilibrou elementos progressivos com passagens mais agressivas, incorporando blast beats massacrantes de Amílcar Cristófaro, riffs marcantes de Rene Simionato e até uma ponte com sintetizadores discretos, mas brilhantes! Sem contar o baixo encorpado de Castor, uma marca registrada do quarteto desde sua criação.
Destaco aqui os gritos e rosnados da vocalista Mayara Puertas. Sua transição vocal permitiu a construção de segmentos melódicos que funcionaram como uma cola entre os riffs mais pesados e os momentos mais atmosféricos. Ela é simplesmente excelente no que faz — e, sem dúvida, uma das forças centrais da banda. Seja com seus rosnados cavernosos, momentos operísticos ou vocais limpos e doces como favos de mel, uma coisa é certa: ela está sempre no lugar certo, na hora certa. Sua performance elevou ainda mais a qualidade da apresentação, que foi magistral por parte de todos os integrantes.
Destaques para “Murder of a God”, “Horror and Torture”, o clássico “The Unholy Spell”, e as arrasa-quarteirões “Pull the Trigger” e “Raise Your Horns”.
Em resumo: com esse show incrível, o Torture Squad provou — se é que ainda precisa — por que é uma das bandas mais importantes do cenário nacional. A performance teve seus melhores momentos em músicas com produção impecável, guitarras com timbres ameaçadores, vocais poderosos e riffs mortais — tudo isso somado a elementos de pura agressividade!
Setlist:
Murder of a God
Area 51
Buried Alive
Horror and Torture
The Unholy Spell
Pull the Trigger
Raise Your Horns
Chaos Corporation





…::: CORONER :::…
Agora vou escrever sobre o que todos os presentes no Santo Rock Bar tanto aguardavam! Desde o momento em que cheguei, repito: todos só falavam no nome CORONER. Sou imensamente grato pelas bandas Genocídio e Torture Squad, mas a coisa mais linda que vi e presenciei foi observar os integrantes dessas bandas também eufóricos pela apresentação do Coroner. Sinceramente me encantei em testemunhar músicos que acabaram de se apresentar deixarem o posto de artistas principais para se tornarem fãs — assim como eu. Essa celebração e essa energia me fizeram refletir sobre humildade e respeito às bandas que formam a base do metal extremo, servindo de inspiração para novas gerações e mantendo a essência viva da cena.
O Coroner subiu ao palco com um pequeno atraso, que em nada comprometeu sua apresentação. Desde 1983, essa tríade suíça nos brinda com o mais alto nível de Thrash Metal Técnico. Entre demos, singles, splits, colaborações e compilações, foi em 1987 que lançaram o primeiro álbum completo de estúdio, R.I.P.. Depois vieram Punishment for Decadence (1988), No More Color (1989), Mental Vortex (1991) e Grin (1993). Em suas letras, a banda nunca abandonou temas como morte, estados de sonho, política e ódio.
Quando subiram ao palco, houve uma devoção acompanhada de um frenesi tão peculiar que fiquei hipnotizado por tamanha reverência. Logo após, Diego Rapacchietti iniciou um vórtice abissal com sua habilidade inigualável na bateria — confesso que me senti em transe, como sob efeito de uma droga. Tommy Veterlli, com seus dedilhados inconfundíveis e rifferama insana, trouxe uma energia coletiva que tomou conta do Santo Rock Bar. E então veio Ron Royce, com seu baixo e vocais imponentes, fazendo com que todos ali literalmente voltassem no tempo. Tudo se alinhou em uma única vibração!
Mesmo estando no camarote, não consegui ficar apenas lá. Precisei ir até a pista para sentir de perto a energia que estava rolando. A grandeza desse show não se resume ao que foi tocado, mas na somatória de todos os elementos que se entrelaçaram, com som impecável e um setlist vibrante, criando uma atmosfera intensa, sombria e carregada de emoção — algo raríssimo de se ver em qualquer show de Thrash Metal.
Assistindo ao Coroner, lembrei de bandas como Toxik, que ataca questões mundanas como ganância e corrupção, e Voivod, que leva o ouvinte para universos fictícios. Mas o Coroner é uma fera diferente: mergulha o ouvinte em cantos sombrios das piores condições humanas. Os vocais corajosos de Ron Royce podem soar incomuns para alguns, mas ele acentua o peso das letras — muitas vezes deprimentes — de uma forma mágica que, honestamente, não vejo nenhum vocalista de estilo limpo conseguir entregar (opinião pessoal). Apesar de temas como dor física, emocional e morte, as letras do Coroner assumem uma qualidade poética única e se destacam com um contraste surpreendente em relação à maioria das bandas de Thrash. Ali, há inteligência e misticismo.
Destaques para “Divine Step (Conspectu Mortis)”, “Semtex Revolution”, “Masked Jackal”, “Grin” e as maravilhosas “Reborn Through Hate” e “Die By My Hand”.
Vale um destaque para o músico de apoio Daniel Stossel pela magnífica participação com seus teclados e backing vocals — que abrilhantaram ainda mais essa apresentação incrível! Em suma, mesmo que tenha havido alguns pequenos imprevistos técnicos na bateria, uma coisa é fato: o Coroner realizou um show repleto de qualidade, complexidade e experiência. Foi simplesmente inesquecível.
Setlist:
Intro
Golden Cashmere Sleeper, Part 1
Internal Conflicts
Divine Step (Conspectu Mortis)
Serpent Moves
Sacrificial Lamb
Semtex Revolution
Tunnel of Pain
Status: Still Thinking
Drum Solo
Metamorphosis
Masked Jackal
Grin (Nails Hurt)
Purple Haze (cover do The Jimi Hendrix Experience)
Reborn Through Hate
Die By My Hand




