Diabulus in Musica – “Euphoric Entropy” (2020)
Napalm Records
#SymphonicMetal, #SymphonicPowerMetal
Nota: 9,0
O ano era 1594 e os artistas Jacopo Peri e Rinuccini estavam finalizando o que viria a ser conhecida como a primeira ópera de todos os tempos: “Dafne”, releitura de uma tragédia grega clássica. Alguns séculos depois, na cidade de Pamplona, Espanha, uma banda de heavy metal chamada Diabulus In Musica resolveu combinar o estilo de canto operístico com a distorção das guitarras e a pressão da bateria que só a era moderna poderia proporcionar. O resultado: o disco Euphoric Entropy, feito para a vocalista Zuberoa Aznárez brilhar com seus agudos repletos de vibrato e repleto de músicas que impressionam pelos arranjos e qualidade das linhas melódicas.
De cara, “Race To Equilibrium” chega com o pé na porta com velocidade e refrão 100% apenas no coro. Esse tipo de composição lembra muito o Xandria de alguns anos atrás ou o Epica atual, onde o dito “menos é mais” não cola. Aqui é mais peso, mais coros, orquestras, mais agudos, mais intensidade. Uma grata surpresa acontece em “Nuevo Rombo”, cantada em espanhol e com mini inserções de gutural no meio dos versos. A música ainda tem direito a solo de rock organ e a um breakdown digno de bater cabeça. O Diabulus In Musica ficou famoso por misturar alguns elementos das big bands de jazz como sopros que lembram sax, trompetes e afins, e em “The Misfits´s Swing é isso que acontece, transformando a música em um clima do musical “Chicago”.
A veia operística fala alto em diversas músicas, mas “Otoi”, escolhida para primeiro videoclipe, muda o disco para algo mais folk, com flautas e aquela pegada meio Eluveitie. O disco segue com acertos até o fim, com destaque para “Our Last Gloomy Dace” onde Zuberoa dá uma aula de timbre e interpretação. Se Jacopo e Rinuccini ficariam orgulhosos dos espanhóis que mantém o legado da ópera, é difícil dizer, mas essa vertente do canto lírico mais interpretativo e cheio de vibratos merece essa representatividade.
Gustavo Maiato