Entrevista com Joey Vera (Armored Saint)
Desde os anos 1980, o Armored Saint – uma das grandes atrações do Bangers Open Air esse ano – tem sido um dos grandes representantes do Heavy Metal tradicional, mantendo sua essência e integridade ao longo de várias décadas. Formada em Los Angeles, Califórnia, em 1982, a banda surgiu em meio à explosão do metal nos Estados Unidos, destacando-se pelo som poderoso e pela postura inabalável.
O grupo ganhou reconhecimento rapidamente com álbuns icônicos como March of the Saint (1984), Delirious Nomad (1985), Raising Fear (1987) e Symbol Of Salvation (1991), conquistando uma base de fãs fiel e respeito dentro da cena metálica. Apesar de mudanças na indústria e até mesmo uma pausa nos anos 1990 – período em que o vocalista John Bush se juntou ao Anthrax –, o Armored Saint sempre soube se reinventar, retornando com força total no final da década.
Com uma discografia sólida e sempre apostando em composições autênticas, a banda continua relevante, como comprovado em álbuns mais recentes como Win Hands Down (2015) e Punching the Sky (2020). Além disso, o grupo mantém uma forte presença nos palcos, proporcionando performances intensas e emocionantes para seus fãs ao redor do mundo.
Nosso entrevistado de hoje é Joey Vera, baixista e um dos pilares da banda. Além de seu trabalho no Armored Saint, Joey também é conhecido por sua trajetória com bandas como Fates Warning e Anthrax, trazendo uma bagagem rica e influente dentro do metal. Nesta conversa, ele nos conta mais sobre o legado do Armored Saint, o processo criativo da banda, suas influências e muito mais! Confira!
Pauta/Entrevista por Johnny Z.
Condução Matheus ‘Mu’ Silva
Crédito: Fotos por Metal Blade Records
Metal Na Lata – Olá, Joey! Seja bem-vindo ao Metal na Lata!
Joey Vera – Olá, cara! É um prazer falar com vocês!
Metal Na Lata – Joey, o Armored Saint sempre manteve sua identidade sonora, fiel ao heavy metal e permanecendo relevante até hoje. Como você enxerga a evolução da banda desde os primeiros álbuns até trabalhos mais recentes como Punching the Sky?
Joey Vera – Bem, já faz muito tempo desde que começamos, então passamos por muitas mudanças. A evolução aconteceu naturalmente na banda. Acho que, desde o início, queríamos nos desafiar a cada disco. No começo, isso acontecia de forma inconsciente, mas nos últimos 20 anos temos sido mais intencionais nesse sentido. Sempre buscamos criar algo novo sem nos repetir.
Metal Na Lata – Há algo que você ainda gostaria de explorar musicalmente?
Joey Vera – Sim! Nossa intenção sempre foi explorar novas possibilidades e tentar nos tornar melhores compositores. Talvez isso jogue contra a banda em alguns momentos, porque evitamos nos repetir, mas é algo que nos motiva. No fim das contas, tudo é um grande experimento.
Metal Na Lata – E como funciona o processo de composição dentro da banda? Você e John Bush têm uma dinâmica específica ao criar as músicas ou é um esforço coletivo?
Joey Vera – Todos contribuem, mas, nos últimos 25 anos, grande parte do material passa por mim e John. Criamos as demos juntos no meu estúdio caseiro, a partir de ideias musicais que podem vir de mim ou do grupo. Todos têm voz no processo, mas somos nós dois que organizamos e transformamos essas ideias em músicas.
Metal Na Lata – Você tocou com bandas icônicas como Fates Warning e Anthrax. Como essa experiência influenciou seu trabalho com o Armored Saint?
Joey Vera – A maior influência veio do Fates Warning, especialmente pelo trabalho com Jim Matheos. Comecei com eles em 1996, no A Pleasant Shade of Gray, e fiz vários discos ao longo de 20 anos. Isso influenciou minha abordagem no Armored Saint, principalmente na orquestração de partes e na introdução de assinaturas de tempo incomuns. Tudo isso é culpa do Jim! (risos)
Metal Na Lata – Interessante saber isso! (risos) O Armored Saint enfrentou desafios ao longo das décadas, incluindo mudanças na indústria musical e o tempo de John Bush no Anthrax. O que manteve a banda unida e motivada a continuar criando?
Joey Vera – Provavelmente o fato de que começamos juntos. John, eu, Gonzo e Phil formamos o Armored Saint em 1982, e Jeff entrou alguns anos depois. Somos amigos há muito tempo, e essa conexão é o que nos manteve unidos. Cada um de nós traz sua própria personalidade e criatividade para a banda, o que torna tudo mais especial.
Metal Na Lata – Como você gostaria que o legado do Armored Saint fosse lembrado no futuro?
Joey Vera – Espero que as pessoas reconheçam que sempre fizemos as coisas do nosso jeito, com integridade e honestidade. Nunca nos encaixamos perfeitamente em um gênero específico. Sempre fomos influenciados por bandas como Queen, Aerosmith, Kiss, UFO, Led Zeppelin, Black Sabbath, Judas Priest, Scorpions, Thin Lizzy… e nunca tivemos medo de mostrar essas influências. Isso ajudou a nos diferenciar de outras bandas.
Metal Na Lata – A banda tem uma base de fãs extremamente leal, incluindo o Brasil, onde tocaram apenas uma vez. Como você compara a resposta do público hoje com os primeiros dias?
Joey Vera – O Armored Saint só esteve no Brasil uma vez, mas eu já fui algumas vezes com Anthrax e Fates Warning. Sei que os fãs da América do Sul são dos mais apaixonados do planeta, e tocar aí é sempre especial. Mal podemos esperar para voltar! Já faz um tempo, acho que desde 2017 ou 2018, então estamos ansiosos para reviver essa experiência.
Metal Na Lata – Qual foi o momento mais memorável que você vivenciou no palco com o Armored Saint, Fates Warning ou Anthrax?
Joey Vera – Difícil escolher um! Para mim, como americano, sempre foi incrível tocar fora do meu país. Festivais ao ar livre na Europa ou na América do Sul são momentos inesquecíveis. Ver milhares de pessoas reunidas, compartilhando aquela energia, é algo mágico. Alguns dos meus melhores momentos foram nesses palcos, com o sol se pondo e o público indo à loucura.
Metal Na Lata – Quer deixar uma mensagem para os fãs e a todos que verão vocês no Bangers Open Air?
Joey Vera – O Armored Saint está muito animado para tocar para vocês novamente! Sentimos falta dos fãs brasileiros e mal podemos esperar para sentir essa energia incrível com vocês no Bangers Open Air. Nos vemos em breve!
Metal Na Lata – Nosso tempo está acabando, então muito obrigado pelo bate-papi, Joey. Nos vemos em maio!
Joey Vera – Valeu, cara! Quero ver todos lá agitando! Se cuidem e nos vemos lá!
Agradecimentos ao Bangers Open Air e Agência Taga pela oportunidade
