Judas Priest e Queensrÿche – Vibra São Paulo, São Paulo/SP (20/04/2025)
Produção: Mercury Concerts
Assessoria: Catto Comunicação
Texto por Mauro Antunes
Fotos por Gabriel Gonçalves
Domingão pós-Monsters of Rock, e eu em casa só de olho no relógio para acompanhar duas bandas do meu coração. Eu nem estava sabendo, mas antes de entrar no Vibra, me deparei com um show acústico (do lado de fora da casa) do Torture Squad e convidados, tocando covers de nomes do naipe de Iron Maiden, Dio, Black Sabbath, Ozzy Osbourne, Slayer, Twisted Sisters e por aí vai. Em suma, a noite começou muitíssimo bem.
Quando entrei na casa, por volta das 19h20, ela estava bem vazia, o que me surpreendeu um pouco. Mas, quando o show do Queensrÿche estava para começar, a casa encheu, e aí sim — uma banda dessa importância e relevância se apresentando em um local fechado, com uma plateia digna. Pontualmente às 19h55, os alto-falantes tocaram a parte inicial de “The Mob Rules”, do Black Sabbath, que foi interrompida para a entrada do Queensrÿche, dois minutos antes das 20h.
A abertura com “Queen of the Reich” mostrou a desenvoltura de Todd LaTorre como frontman. Foi a primeira vez que o vi ao vivo e, se no estúdio sua voz já se parece muito com a de Geoff Tate, ao vivo parece ainda mais. Definitivamente, ele é o cara certo na posição certa — o que, para os fãs, não poderia ser melhor. “Operation: Mindcrime”, a icônica “Walk in the Shadows”, “Breaking the Silence” e “I Don’t Believe in Love” seguiram o show com aquela pegada oitentista que não tem como dar errado.
“Warning” foi uma surpresa ver como foi bem recebida. Apesar de dar nome ao primeiro trabalho completo da banda, nunca me pareceu tão celebrada quanto merecia — mas aqui, tudo isso caiu por terra: as pessoas ao meu redor cantaram-na a plenos pulmões. Grande momento!
Outro grande momento: a balada “The Lady Wore Black”, que não foi incluída no setlist do Monsters of Rock, ficou excepcional com a interpretação pessoal de Todd LaTorre — uma faixa de difícil execução. LaTorre apresentou aquele que considero o maior hit da história do Queensrÿche, “Take Hold of the Flame”, dizendo que é muito divertida de cantar, especialmente a parte inicial. Se na versão original Geoff Tate usou e abusou dos agudos, LaTorre não fugiu da treta e honrou — sem questionamentos — a faixa gravada lá em 1984. Pra mim, a melhor do show!
“Empire” é tão boa que, em determinados momentos, conseguiu arrancar sorrisos do guitarrista Michael Wilton, divertindo-se com a reação da plateia. “Screaming in Digital” precedeu o encerramento com a mega clássica “Eyes of a Stranger”, outro dos principais hits do quinteto. Uma pena que o show tenha durado apenas uma hora, e grandes músicas ficaram de fora, como “Jet City Woman”, “NM156”, “Anybody Listening?”, “The Mission” (que foi incluída no show do Monsters of Rock), e tantas outras — já que o setlist só continha faixas até o disco Empire (1990). Mas, sinceramente, fiquei boquiaberto com o show, e para as pessoas ao meu redor ficou a sensação de que já podíamos ir embora, porque só o show de abertura já valeu a pena. Porém, “só” o Judas Priest viria em seguida. “Só isso!”
Setlist Queensrÿche:
Queen of the Reich
Operation: Mindcrime
Walk in the Shadows
Breaking the Silence
I Don’t Believe in Love
Warning
The Lady Wore Black
The Needle Lies
Take Hold of the Flame
Empire
Screaming in Digital
Eyes of a Stranger











Pouco antes das 20h30, os alto-falantes iniciaram a execução de “War Pigs”, mais um clássico do Black Sabbath, que foi cortado logo no início para dar lugar à intro do Judas Priest. A rápida e tipicamente Judas “Panic Attack” foi escolhida como abertura, por ser um dos hinos do mais recente trabalho, Invincible Shield — perfeita para iniciar o setlist.
“You’ve Got Another Thing Comin’” é daquelas que nunca cansam. “Rapid Fire”, com seu inconfundível riff principal, o hino “Breaking the Law” e a icônica “Riding on the Wind” foram destaque — esta última com imagens de uma corrida de carros no telão ao fundo, que quase nos fez sentir parte da corrida. “Love Bites” veio na sequência e, novamente, o telão foi personagem, com imagens do Conde Drácula — clássico personagem dos filmes de terror. “Devil’s Child” antecedeu “Saints in Hell”, que foi uma das mais legais do show — um hino esquecido dos anos 70 que recebeu uma versão ao vivo inspiradora.
Depois da nova “Crown of Horns”, veio a matadora “Sinner”, minha faixa preferida do Judas nos anos 70. Halford cantou essa com muita raiva — estava realmente endiabrado. Sem tempo pra respirar, emendaram com “Turbo Lover”, faixa amada por muitos e odiada por poucos. Pra mim, é um hit fantástico!
Antes de “Invincible Shield”, Halford enumerou todos os álbuns de estúdio do Judas Priest, mas, na minha opinião, de forma infeliz, não citou “Jugulator” e “Demolition”, por razões óbvias. O tipo de atitude que gera debates acalorados entre os fãs. Mas, goste ele ou não, os discos ostentam o nome Judas Priest. Nessa, o Metal God mandou mal.
Daí pra frente, clássicos e mais clássicos — daqueles que nós, fãs, já ouvimos exaustivamente, mas nunca cansamos: “Victim of Changes”, “The Green Manalishi”, “Painkiller”, “The Hellion/Electric Eye”, “Hell Bent for Leather” (sempre saudada nos shows pela presença da moto), e o encerramento com o hino hard rock “Living After Midnight” garantiram mais uma apresentação irretocável dos mestres britânicos.
Assim como foi com o Queensrÿche, podemos enumerar vários (bota vários nisso!) clássicos que ficaram de fora: “The Ripper”, “Diamonds and Rust”, “Dissident Aggressor”, “Exciter”, “Beyond the Realms of Death”, “Delivering the Goods”, “Metal Gods”, “The Rage”, “Screaming for Vengeance”, “Freewheel Burning”, “All Guns Blazing”, “A Touch of Evil” e muitos, mas muitos outros hinos.
Instituições do Heavy Metal, como essas duas que se apresentaram neste dia, deveriam ser eternas. Sorte daqueles que puderam estar presentes em uma noite como essa, já que nossos ídolos estão envelhecendo — e uma hora eles vão parar. Valeu cada centavo investido, valeu o cansaço físico de ficar em pé por tantas horas. Nada supera a magia de estar ao vivo em um evento como esse. Um final de semana prolongado para a história dos headbangers paulistanos. Ah, e depois dessa noite… ainda tem Savatage no dia seguinte. Como é bom ser fã de Metal. Azar de quem não é…
Setlist Judas Priest:
Panic Attack
You’ve Got Another Thing Comin’
Rapid Fire
Breaking the Law
Riding on the Wind
Love Bites
Devil’s Child
Saints in Hell
Crown of Horns
Sinner
Turbo Lover
Invincible Shield
Victim of Change
The Green Manalishi (with the Two Prong Crown)
Painkiller
The Hellion / Electric Eye
Hell Bent for Leather
Livin’ After Midnight
Fica aqui o nosso agradecimento à Mercury Concerts e à Catto Comunicação pelo credenciamento e respeito ao trabalho do Metal Na Lata.


















