Leprous – Vip Station, São Paulo/SP (13/03/25)

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Leprous – Vip Station, São Paulo/SP (13/03/25)

Produção: Estética Torta

Texto e fotos por Matheus “Mu” Silva

Pela terceira vez no Brasil, e dois anos após sua última passagem por aqui, a banda norueguesa de metal progressivo Leprous trouxe a turnê do aclamado Melodies of Atonement (2024) para três datas em nosso país, sendo em Belo Horizonte (11), Curitiba (12) e, por fim, São Paulo (13), com produção da Estética Torta.

Um dos nomes mais geniais que surgiram no metal nos últimos 25 anos, o Leprous vem em franca ascensão e evolução, ganhando notoriedade devido ao seu som peculiar e único. Aliando belas e complexas melodias a momentos de peso e melancolia, desde os discos Bilateral (2011) e Coal (2013), já mostravam que eram uma banda incomum dentro do cenário do metal progressivo. Porém, foi a partir de The Congregation (2015) que o som da banda ganhou uma identidade muito própria.

Combinando os incríveis vocais de Einar Solberg à genialidade do guitarrista Tor Oddmund Suhrke, únicos membros originais da banda desde 2001, encontraram na formação atual, que conta ainda com Robin Ognedal (guitarra), Simen Børven (baixo) e Baard Kolstad (bateria) — consolidada desde o incrível Malina (2017) — a base para elevar não só o nome, mas também o som da banda a um patamar digno de seu talento.

O auge desse crescimento foi registrado no disco Pitfalls (2019), uma obra-prima moderna do metal progressivo. Os discos subsequentes, Aphelion (2021) e o mais recente, Melodies of Atonement (2024), não apenas expandiram esse legado, como também mostraram que a banda continua surpreendendo em termos de construção musical, mantendo uma sequência de discos realmente incríveis.

Iniciando o show às 20h35 e sem muito alarde, a banda abriu seu set com Silently Walking Alone (Melodies of Atonement, 2024), disco que dominou a maior parte do repertório. Foram necessários poucos segundos para incendiar o público com seu refrão, seguida por uma de suas músicas mais conhecidas, The Price (The Congregation, 2015), que levou os fãs a acompanharem o riff principal em coro, evidenciando o quanto é querida. Após os agradecimentos de Einar, que lembrou que esta é a terceira passagem da banda pelo Brasil, mas a quarta vez que ele vem ao país (tendo se apresentado recentemente em show solo por aqui), o set seguiu com Illuminate (Malina, 2017), fazendo a alegria dos presentes. I Hear The Sirens (Melodies of Atonement, 2024) trouxe uma performance vocal impecável de Einar, aliada ao tom soturno da composição, hipnotizando a plateia, que ovacionou a banda antes mesmo de terminarem a execução da música, de tão intensa que foi.

As ambiências marcaram a próxima música, Like a Sunken Ship (Melodies of Atonement, 2024), que fez o Vip Station tremer. Além de ser uma das melhores faixas do último álbum, é carregada de peso e energia, levando o público a bater cabeça enquanto a banda agitava o palco inteiro. Ao perguntarem se havia fãs old school na casa, deram a opção de escolha entre Passing (Tall Poppy Syndrome, 2009) e Forced Entry (Bilateral, 2011).

Com um Vip Station lotado gritando os nomes das músicas, Einar justificou a escolha dizendo que nunca haviam tocado algo tão antigo no Brasil e, então, executaram Passing, trazendo um Leprous mais visceral, com Einar assumindo os teclados e até fazendo guturais, além de um solo primoroso de Tor no meio da música. Distant Bells (Pitfalls, 2019) foi catártica. Contando com uma bela introdução de piano de Harrison White (músico de apoio que acompanha a banda recentemente), a canção cresceu em intensidade, com Einar transmitindo toda a melancolia da composição.

O público praticamente sussurrava cada palavra cantada enquanto os membros da banda entravam no palco aos poucos, culminando em uma explosão sonora com todos entoando o coro final em uníssono, um dos momentos mais marcantes do show.

Nighttime Disguise (Aphelion, 2021) foi outro ponto alto da apresentação, com destaque para a incrível execução do carismático baterista Baard, que, por si só, já é um show à parte, incitando a plateia a interagir. O baixista Simen brilhou com seus grooves marcantes, e, claro, o breakdown pesadíssimo no final fez todos baterem cabeça. Unfree My Soul (Melodies of Atonement, 2024) mais uma vez hipnotizou o público com sua melodia melancólica e uma performance simplesmente incrível.

Após comentar sobre o calor no local e brincar com o fato de serem noruegueses e sentirem ainda mais (realmente estava muito quente no Vip Station), Einar lembrou que, na primeira vinda ao Brasil, Pitfalls ainda não havia sido lançado. Isso serviu como introdução para a transcendental Below (Pitfalls, 2019), cantada a plenos pulmões pelo público.

Em seguida, agradeceram aos milhares de fãs que enviaram vídeos para participar de Faceless (Melodies of Atonement, 2024). Para representar essas pessoas, diversos fãs foram chamados ao palco para cantar o trecho final “never go alone, never go alone / never the unknown, never the unknown”, acompanhados por todo o público. Esse momento memorável ainda rendeu uma cena cômica: um fã presenteou a banda com uma capivara de pelúcia, que foi saudada pelo público com gritos de “capivara, capivara!”, arrancando risadas da banda.

Com Einar nos teclados, que ainda fez um belo solo inicial, executaram a belíssima Castaway Angels (Aphelion, 2021), criando mais um momento tocante. Sem tempo para respirar, levaram o público à euforia com From The Flame (Malina, 2017), transformando o show em uma festa, com todos cantando juntos enquanto a banda agitava intensamente. Para finalizar a primeira parte do set, veio a marcante Slave (The Congregation, 2015), onde, mesmo após mais de uma hora e meia de show, a energia da banda parecia inesgotável.

Aos gritos de “olé, olé, olé, Leprous, Leprous!”, a banda retornou ao palco, brincando sobre a saudação futebolística e declarando que achavam isso sensacional. Executaram então a pesadíssima Atonement (Melodies of Atonement, 2024), com todos batendo cabeça em sincronia, encerrando a noite com o trecho final de The Sky is Red (Pitfalls, 2019) em uma performance apoteótica. Foram duas horas de show que passaram voando, de tão bem construído que foi o setlist.

Mais do que um show, a apresentação do Leprous é uma experiência ímpar. Toda a sensação transmitida por suas músicas em estúdio é multiplicada ao vivo, resultando em uma performance impecável e emocionante. Com a banda cada vez mais consolidada, merece todo o destaque que vem alcançando. Obrigado, Leprous, pelo show incrível! Voltem sempre! Para quem perdeu, não percam a próxima oportunidade — é o tipo de show que se leva como experiência de vida.

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