Opeth e Savatage – Espaço Unimed, São Paulo/SP (21/04/2025)

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Opeth e Savatage – Espaço Unimed, São Paulo/SP (21/04/2025)

Produção: Mercury Concerts
Assessoria: Catto Comunicação

Texto por Mauro Antunes
Fotos por Gustavo Diakov (Sonoridade Underground)

Foram dias agitados para os headbangers paulistanos. Por mais que o cansaço esteja tomando conta deste senhor que vos escreve, nada nem ninguém poderia tirar o ânimo e a euforia de rever uma das bandas do meu coração após tantos e tantos anos. A apresentação do Savatage no Monsters of Rock de 1998 ainda é lembrada com muito saudosismo pelos fervorosos fãs — muitos consideram aquele show como um dos eventos de suas vidas, e eu me incluo entre eles. A volta da banda aos palcos é tão aguardada que é difícil expressar o sentimento com quaisquer adjetivos que sejam.

Chegamos à casa às 19h e, por volta das 19h30, começou o show do Opeth — uma escolha que, na minha visão, foi equivocada. O Stratovarius talvez fosse uma opção melhor, já que possui um estilo razoavelmente mais próximo ao da banda principal. De qualquer forma, quem foi para ver o Savatage não se importou muito com essa questão. Mas houve, sim, pessoas com camisetas do Opeth, o que sugere que estavam lá mais pela banda de abertura.

O show do Opeth tem peso, melodia, agressividade, uma mistura de ritmos e vozes que — ouso dizer — é muito legal para quem curte a proposta. Não é algo fácil de assimilar. Procurei prestar atenção para ver se conseguia me conectar com o som, e achei a faixa “Ghost of Perdition” até interessante. Talvez pelo fato de estar com “sangue nos olhos” pelo Savatage, o Opeth acabou passando meio despercebido. São excelentes músicos? Sim. São bons no que fazem? Sim. Mas devo admitir que quase uma hora e meia de apresentação me pareceu um tanto maçante. No dia anterior, o Queensrÿche — também banda de abertura — tocou por apenas uma hora.

Setlist:

§1
0Master’s Apprentices
The Leper Affinity
§7
In My Time of Need
§3
Ghost of Perdition
Sorceress
Deliverance

Quando o Opeth terminou, a expectativa só aumentou. Era nítida a ansiedade dos fãs por ver o Savatage em um ambiente fechado e com um setlist completo. Assim que começou a intro “The Ocean”, o ambiente ficou como uma final de campeonato de futebol. A adrenalina subiu, e de repente entrou a belíssima “Welcome”, que, com seu refrão “Welcome to the show…”, é, possivelmente, a melhor faixa de abertura já composta na história da música. Simplesmente soberba!

A partir daí, começou o verdadeiro desfile de clássicos: “Jesus Saves”, “Sirens” e “Another Way”, originalmente gravadas com os vocais de Jon Oliva, ganharam em Zak Stevens uma interpretação agressiva e impactante — ficaram ótimas, como não poderia deixar de ser.

E então veio o primeiro momento lacrimoso do show: simplesmente o hino “The Wake of Magellan”. Ver aquele coro de vozes em camadas ao vivo foi de arrepiar. O refrão é poderoso, o clima épico — e o resultado, ao vivo, é incrível. Por mim, o show poderia ter terminado ali que eu já sairia feliz.

Após mais uma passagem pela fase Oliva com “Strange Wings”, uma das melhores faixas do clássico Hall of the Mountain King (1987), Stevens e cia. judiaram de seus fãs: “Taunting Cobras” passou como um rolo compressor, sendo uma das mais rápidas e pesadas músicas do Savatage. Depois, outra surpresa: “Turns to Me”, que, se tivesse vindo logo após “Welcome”, formaria um trio de abertura perfeito. “Dead Winter Dead” era esperada — afinal, foi uma das mais festejadas no Monsters of Rock. A instrumental “The Storm” é tão boa que nem conseguiu baixar a adrenalina do show — é uma verdadeira viagem sonora.

Dali em diante, acabou o sossego de todos: a dobradinha “Handful of Rain” e “Chance” dispensa maiores apresentações — especialmente esta última, com seu clima épico semelhante ao de “The Wake of Magellan”. É incrível como os fãs amam essa música. E aí veio outra surpresa: “This Is the Time (1990)”, que considero uma das mais belas interpretações de estúdio de Stevens, ao lado de “Anymore” (pena que não ouvimos essa!). E quando você pensa que vai ter um respiro, vem outra sequência de tirar o fôlego: “Gutter Ballet” e “Edge of Thorns”! Preciso dizer mais alguma coisa?

“The Hourglass”, com seu ar operístico e teatral, foi mais um grande momento do show — uma verdadeira ópera rock, e mais uma prova de que o Savatage é absolutamente único. Criatividade é a marca registrada da banda!

E como não se emocionar ao ouvir a parte inicial de “Believe” cantada por Jon Oliva no telão, seguida pela banda assumindo ao vivo? As imagens do guitarrista Chris Oliva durante a música deram um tom melancólico que abrilhantou ainda mais o espetáculo. “Power of the Night” e “Hall of the Mountain King” encerraram um setlist próximo da perfeição em uma noite que jamais será esquecida.

Hinos como “When the Crowds Are Gone” (não consigo imaginar essa na voz do Stevens), “Summer Rain”, “Tonight He Grins Again”, “If I Go Away”, “Follow Me”, “Alone You Breathe”, “This Isn’t What We Meant”, “Morning Sun”, “Anymore” e “Morphine Child” — só para citar alguns — ficaram de fora, mas não tem jeito.

É muito comum pensarmos, após um show desse quilate, que foi uma noite para se guardar para toda a eternidade. Há 10 anos o Savatage não se apresentava ao vivo, e fomos agraciados com esses shows simplesmente maravilhosos. E é digno de nota que os caras tenham escolhido o Brasil para esse retorno. Uma pena que o público não tenha sido maior, mas azar de quem não foi. Azar de quem não é do Metal! Quem foi saiu extasiado — e exausto!

Setlist:

The Ocean
Welcome
Jesus Saves
Sirens
Another Way
The Wake of Magellan
Strange Wings
Taunting Cobras
Turns to Me
Dead Winter Dead
The Storm
Handful of Rain
Chance
This Is the Time
Gutter Ballet
Edge of Thorns
The Hourglass
Believe
Power of the Night

Hall of the Mountain King

Agradecemos à Mercury Concerts e à Catto Comunicação pelo credenciamento e pelo respeito ao trabalho do Metal Na Lata.

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