Ossos Cruzados – “Espectrofobia” (2019)
Independente
#Hardcore, #Thrashcore, #HorrorPunk
Para fãs de: Gangrena Gasosa, Misfits, Uganga
Nota: 9,0
Banda formada em 2015 em Taboão da Serra, SP, com a sonoridade fincada no Hardcore/Thrash, estilo muito bem desenvolvido aqui no Brasil, primeiramente nas mãos do Ratos de Porão, depois amadurecendo também nas mãos de um Uganga e pegando um pouco da música brasileira com o Gangrena Gasosa e em certos momentos dos Raimundos também.
A temática das letras também é bem interessante, remetendo a filmes de Horror B, como em “Bala de Prata”, “Palhaços Assassinos do Espaço Sideral” (!) e “Godzilla”. Por sinal, em músicas como “Vozes”, a influência do The Misfits fica escancarada – o que é uma excelente notícia e uma bem-vinda alternativa para o Punk geralmente meio pop e açucarado que costuma ganhar destaque aqui no Brasil. E, diga-se de passagem, é tão acessível quanto, basta os veículos de comunicação apostarem mais em alternativas diversas de se compor música Punk.
“Prova de Morte” vai naquela pegada “Eu quero é ver o Oco”, que se tornou um som bem adaptado ao jeito das bandas brasileiras tocarem Metal fundido com Hardcore, derivado da proposta do Suicidal Tendencies.
¨Truco” é muito excelente, narrando a história de uma partida desta jogatina sacana de baralho contra Satã, que pede 6.6.6 na mão! A música é tão bem sacada que realmente acaba nos levando para uma mesa de boteco suja, na calada da noite, com a malandragem entrevada jogando carteado. Saravá, meu Pai!
Por sinal, as letras têm tiradas muito interessantes, fugindo do lugar-comum, demonstrando conteúdo e diversidade – coisa pouco comum nestas vertentes do Metal/Hardcore, que acabam apelando por versos genéricos, para logo caírem em refrão pula-pula.
É um álbum longo, tem altos e baixos, talvez pudessem apostar em formatos menores para soltar suas músicas, de maneira mais compassada, embaladas em mini EP’s digitais. Cada vez mais vejo esta como a melhor solução para bandas iniciantes irem sedimentando sua marca no concorrido mercado de bandas, que só tende a se acirrar na próxima década.
Wallace Magri