Rotting Christ – Armazem 14, Recife/PE (14/02/2025)
Produção: Estética Torta
Assessoria: Acesso Music
Texto e fotos por Renan H. Soares
Vídeo por Free Watermelon
Após longos 27 anos de espera, a banda grega de Black Metal Rotting Christ estava novamente se apresentando em Recife, capital pernambucana, dessa vez vindo na turnê para divulgar seu mais recente álbum Pro Xristou, lançado em 2024. As bandas recifenses Pandemmy e EvokeD ficaram responsáveis pela abertura do evento.
Antes de iniciarmos a análise dos shows, queria destacar um fato curioso que ocorreu nesse evento. Certamente estamos acostumados com shows atrasando para começar, mas, no caso desse ocorrido no dia 14 de fevereiro (sexta-feira), ele começou ADIANTADO.
Inicialmente, havia sido anunciado que os portões do Armazém 14 se abririam às 19h, e que Pandemmy, EvokeD e Rotting Christ subiriam ao palco às 20h, 21h e 22h, respectivamente. Tendo esse cronograma em mente, me programei para chegar no local por volta de 19h30, e ao chegar no Armazém (por volta de 19h40), me surpreendi com o fato do show do Pandemmy já ter iniciado antes do horário previsto (sem nenhum aviso prévio da produção), o que me fez perder o início da apresentação da veterana banda pernambucana.
Bom, o incidente só me fez perder as duas primeiras músicas do set da banda. Felizmente, ainda consegui acompanhar grande parte do show do Pandemmy, que apresentou ali de forma pragmática e competente seu Thrash/Death Metal com forte viés político para o pouco público já presente no Armazém 14.
A banda subiu ao palco divulgando seu álbum mais recente, intitulado Faithless, além de também ter apresentado músicas de seus mais de 16 anos de atividade na cena underground local. Em menos de meia hora de apresentação, a banda conseguiu esquentar bem os amplificadores da noite.
Setlist Pandemmy:
Every War Needs a God
Idiocracy
State of War
Manifesto (Antifascista)
Charlottesville
The Shadow
This Land Will Never Disappear

Após um curto intervalo de 15 minutos, a também recifense EvokeD subiu ao palco do Armazém 14 para iniciar seu “ritual” diante do público presente, “armados” de espada, machado e seus instrumentos.
A banda é um projeto solo do vocalista Diego DoUrden (a.k.a Sorcerer DoUrden), que também lidera as bandas Infested Blood e Mystifier. O EvokeD existe há quase 30 anos, mas só após a pandemia teve seu primeiro trabalho trazido à luz do dia, sendo esse o álbum Warfare of the Gods, lançado agora em janeiro deste ano.
Apesar da apresentação ter se iniciado com uma corda do baixo arrebentando logo na primeira música, a banda conseguiu comandar bem sua meia hora de apresentação, entregando um Black Metal tradicional com um toque sinfônico.
Assim como na apresentação anterior, o público acompanhou o EvokeD de forma mais contida, mas ainda assim prestigiando a competência dos músicos no palco, que deram toda a entrega que tinham em suas almas.
Setlist EvokeD:
Sword of Abyssal Shadows
Assassins of Hades
The Binding of the Evil One
Warfare of the Gods
Older Then Time Star

O relógio marcava 21h15 quando as luzes do Armazém 14 se apagaram e começou a ser tocada a introdução do Rotting Christ, que fazia ali seu retorno ao Recife após um intervalo de quase três décadas, iniciando o show com a pedrada “Aeola” para o público presente em número mediano na casa.
À medida que “Pretty World, Pretty Dies” e “Demonon Vrosis” eram executadas, a banda demonstrava estar bem empolgada e constantemente instigava o público a interagir com eles durante toda a apresentação.
Em “Kata Ton Daimona Eaytoy”, a banda impulsionou aquela que foi a primeira roda punk da noite, para depois “acalmar” a galera ao som da cadenciada “Like Father, Like Son”, que, curiosamente, foi a única música do Pro Xristou executada no setlist.
Após Elthe Kyrie, o Rotting Christ realizou uma sequência de faixas da sua era mais old school, quando a sonoridade Black Metal tradicional era mais evidente em suas músicas. O bloco começou com “King of a Stella War”, seguido pela pedrada “The Sign of Evil Existence” e finalizando essa sessão de “velharias” com “Non Serviam”, que contou com a participação especial de Diego DoUrden.
O show chegava próximo de seu último ato após “Societas Satanas”, música que contou com o último mosh pit da noite, seguida por uma sequência de duas canções do álbum Kata Ton Daimona Eaytoy, sendo elas “In Yumen-Xibalba” e “Grandis Spiritus Diavolos”.
Com “The Raven”, o Rotting Christ “encerrava” sua passagem pela capital pernambucana… só que não. Após o público clamar pelo nome da banda, o quarteto retornou ao palco para a execução de “Noctis Era”, fazendo desse seu grande ato final naquela noite de sexta-feira no bairro do Recife.
Setlist Rotting Christ:
Aealo
Pretty World, Pretty Dies
Demonon Vrosis
Kata Ton Daimona Eaytoy
Like Father, Like Son
Elthe Kyrie
King of a Stella War
The Sign of Evil Existence
Non Serviam
Societas Satanas
In Yumen-Xibalba
Grandis Spiritus Diavolos
The Raven
Noctis Era



E chegando à conclusão desse grandioso evento, temos um saldo positivo pela entrega de todas as bandas (principalmente o Rotting Christ) e também pela organização e celeridade no andamento do evento desde o seu início.
Mas também precisamos falar do elefante na sala, que, por incrível que pareça, foi o adianto dos horários das apresentações. Em oito anos de cobertura de shows, nunca pensei que um dia estaria falando isso.
Pois, por mais que o idoso dentro de mim tenha gostado de poder voltar para casa mais cedo do que o planejado (principalmente porque eu trabalho no sábado às 6 da manhã), não avisar o público dessa mudança de horário foi algo problemático. A partir do momento em que um horário é divulgado pela produção, todo mundo se programa de acordo com ele. Certamente, essa mudança repentina sem nenhum aviso prévio quebrou muita gente, que acabou perdendo parte das apresentações de alguma banda (como ocorreu comigo em relação ao Pandemmy) ou, em alguns casos, até mesmo um show inteiro que queria ver.
O problema não é mudar o horário – até porque sabemos que mudanças de cronograma podem ocorrer de última hora por N razões –, mas avisar o público disso é o mínimo que deve ser feito, principalmente em consideração a todos que pagaram um ingresso caro (e bote caro nisso) para estar ali.
Mas, tirando esse detalhe, a noite do dia 14 de fevereiro de 2025 foi uma para se perpetuar na mente de todos que estiveram no Armazém 14 durante as três horas de evento.