Uganga – “Servus” (2019)

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Uganga – “Servus” (2019)
Independente
#Hardcore#ThrashMetal#ThrashCore#HeavyMetal

Para fãs de SepulturaSoulflyHatebreedLamb of God

Nota: 9,5

Manu Henriques (a.k.a. Mano Joker) é um genuíno ícone do Metal nacional. Ostentando um background invejável (o sujeito “só” foi baterista do Sarcófago em “Rotting”. Isso encerra qualquer contra argumentação), o cenário mineiro tem em sua persona um capítulo importante e decisivo de sua história. Como um incansável batalhador, após sua saída da lendária formação do Death/Black, outro caminho precisava ser percorrido, e o Uganga surgiu como a força motriz que trilharia esse trajeto.

Com um nome já bem assentado no underground nacional, aparelhado por uma discografia consistente que evidencia até uma demanda pelo público no exterior (“Eurocaos” de 2013 compreende performances registradas na Alemanha e em Portugal), o sexteto tinha a necessidade de confirmar a que veio. Mostrar que faz a diferença, e realmente o objetivo foi alcançado. “Servus”, seu mais novo trabalho, é um primor em composição e andamento, revelando-se o ponto alto da carreira do grupo disparado.

Faixas variadas, com climas e texturas mais elaborados, além de um peso “groovado” como nunca se viu (aqui, três guitarristas fazem o serviço de fato e não servem como mera alegoria), ritmos tribais, uma pitada de Rap, cadência, agressividade, experimentações mil e etc. “Servus” é um turbilhão de emoções capaz de cativar os mais díspares tipos de ouvinte. O Uganga não se preocupa em pertencer a nenhum subgênero específico, e isso os torna muito mais flexíveis na hora de extrapolar toda essa energia.

O alicerce estrutural é o Thrash/Hardcore, o que é observado em grande parte do material, servindo de condutor pra tudo que é agregado e homogeneizado em seu decorrer. Sendo assim, cada composição traz uma realidade diferente, dissonante às vezes, mas providencial no contexto. O lirismo abordado é aprofundado, algo filosófico, numa tênue linha entre a crítica social e a densidade e complexidade das emoções humanas.

O repertório de “Servus” é empolgante e instigante. Me faltam palavras pra esmiuçar cada pormenor observado, mas num apanhado geral, os destaques irrepreensíveis vão para a faixa título, que já começa com o pé na porta oferecendo um panorama estilizado de nossa realidade de forma brilhante; “O Abismo”, que constitui uma apoteose viajante, intercalando peso ‘hecatombico’ inserido em diversas nuances de fúria e densidade, e que conclui com – pasmem -, um solo de saxofone; a viajante e suave “Dawn”, que é uma espécie de introdução para o espancamento a seguir de “Hienas”, e “Couro Cru”, que foca na pegada Hardcore, mas que no terço final inova com a inserção de scratches e até algo de Reagge.

Pra mim foi mais que suficiente para comprovar que o Uganga é uma das melhores bandas do cenário atual, inovando sem se arriscar demais, e mostrando personalidade bastante própria. “Servus”, ressaltando mais uma vez, desponta como o ponto alto, o seu melhor momento, dividindo sua história em dois períodos distintos. Já ouviu falar em “divisor de águas”? Então…

*PS.: Quase me esqueci do cover de “Lobotomia” (da banda homônima). Mais Punk/Hardcore que os próprios, só isso!

Ricardo L. Costa

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