Alter Bridge – Espaço Unimed, São Paulo/SP (08/11/2023)

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Alter Bridge – Espaço Unimed, São Paulo/SP (08/11/2023)

Produção: Mercury Concerts
Assessoria: Catto Comunicação

Texto e fotos por Johnny Z.
Vídeo por Wellington ‘Zué’ Santos

A satisfação de assistir – e cobrir – uma banda da qual você é um fã fervoroso não tem preço. Desde que o Metal Na Lata surgiu em 2015, tive o prazer de fazer a cobertura de praticamente todas as bandas que ocupam um lugar especial no coração de um Johnny jovem de 12 anos até o senhor prestes a completar 50 anos. Na última quarta-feira, pela terceira vez, pude conciliar diversão, paixão, trabalho, profissionalismo e gosto pessoal em uma noite incrível: Alter Bridge.

Quem me conhece sabe o quanto sou fã dessa banda, e, por mais que os “tr00zões” gostem de encher o saco – e eu não ligo para isso – a banda é uma das minhas favoritas desde seu primeiro lançamento, “One Day Remains”, em 2004, mais precisamente desde o single de estreia “Open Your Eyes”. Mas chega de papo furado, e vamos ao que interessa: o show!

Quarta-feira bem quente, um dia não muito amigável para o paulistano ir a um show devido ao caos que é a cidade de São Paulo, algo que todos já sabem muito bem. No entanto, quando se trata do Espaço Unimed, por exemplo, não há desculpas, já que está localizada a menos de 50 metros da estação de metrô Barra Funda.

Muitos suspeitavam que o Espaço Unimed seria grande demais para o Alter Bridge, inclusive eu, mas ao chegar ao local pude constatar que todos estávamos redondamente enganados. Embora não estivesse completamente lotado, estava muito, MUITO CHEIO!! Para ter uma ideia, no show do Ghost, no mesmo local e que estava ainda mais cheio, na pista premium eu consegui ficar tranquilamente sem aperto, empurra-empurra, e foi bastante confortável até mesmo para sair, pegar uma bebida e voltar ao mesmo lugar, bem perto do palco. No show do Alter Bridge ontem, a sensação na pista premium era quase a mesma, mas sair do lugar era praticamente impossível, então tirem suas conclusões.

Rigorosamente às 21h, as luzes se apagaram e uma introdução sinalizou que Myles Kennedy (vocal/guitarra), Mark Tremonti (guitarra/backing vocals/vocal), Brian Marshall (baixo) e Scott Phillips (bateria) iniciariam o show.

Apenas com um pano de fundo com a capa do último e mais recente trabalho “Pawns & Kings” (2022), não tivemos nenhuma exuberância de palco, apenas Rock/Metal puro e simples, e melhor: NA LATA! A banda se limitou aos jogos de luzes, que eram relativamente simples e nada rebuscados, porém super eficientes, e uma qualidade de som excelente (exceto pela guitarra de Mark, que senti um certo embolado na parte das bases ao longo de todo o set, mas nada que prejudicasse).

A banda entrou com “Silver Tongue”, faixa de “Pawns & Kings”, que mal dava para ouvir de tanto que o público gritava e cantava nos primeiros minutos, mas logo em seguida, o pessoal ‘deixou’ a gente escutar melhor (risos).

Creio que todos se perguntavam e notavam claramente o quanto Myles Kennedy estava magro e abatido, algo que vem ocorrendo no último ano, talvez por conta de seu problema de saúde (ele infelizmente sofre da Doença de Crohn, uma doença inflamatória do trato gastrointestinal, incurável, mas controlável com tratamentos adequados). Para quem assistiu à banda em 2017, tanto no São Paulo Trip, em Curitiba (infelizmente esse eu não consegui ir) e no Rock In Rio, percebeu isso facilmente. Inclusive, até sua presença de palco, que antes era bem mais agitada, agora está mais contida e tranquila. Nada que atrapalhe, pois sua voz está intacta e, ontem, aliás, para quem achava o contrário, estava impecável. Tudo bem que o último show da banda havia sido em agosto, e até a data de ontem, eram quase 3 meses de “descanso”, mas vai entender essa “tchurma” que gosta de buzinar por qualquer coisa, não é mesmo? (risos)

A apresentação seguiu com a impactante “Addicted to Pain”, do álbum “Fortress” (2013), que hoje podemos considerar como um dos grandes clássicos da banda, pois ninguém deixou de cantar e tocar a sua ‘air guitar’ junto ao monstro Mark Tremonti. Sim, monstro! Aceita que dói menos (risos).

Na sequência, a belíssima balada “Ghost of Days Gone By”, de “AB III” (2010), deu o ar da graça, mas confesso que estava esperando a pesadíssima “This Is War”, que estava nos últimos shows nesse mesma posição das apresentações. Infelizmente, em nenhum momento ela apareceu, mas não dá para reclamar da outra escolha.

Mark Tremonti, sempre comunicativo, simpático e agradecendo a todos, mas nunca deixando de lado a concentração, é um show a parte. O cara é uma máquina, gente! Eu fiquei pensando com meus botões: “Não é possível, esse cara não erra???”. A resposta é simples: Não, não erra!!

A radiofônica “Sin After Sin”, também de “Pawns & Kings”, mostrou-se uma ótima música para se tocar ao vivo, e acredito que será sempre tocada nos shows da banda por um bom tempo, mas foi na maravilhosa “Broken Wings”, do álbum de estreia “One Day Remains”, que o bicho pegou! A sinergia da plateia com os músicos era tão intensa que chegava a arrepiar, principalmente no refrão onde todos cantavam juntos com Myles. Sinceramente, um dos momentos mais apoteóticos da noite.

Sem deixar a peteca cair, Myles ficou com a sua guitarra e foi mais para perto da bateria de Scott Phillips, ficando meio que de ‘reserva’, pois “Burn It Down“, também do álbum de estreia, surgiu com Mark Tremonti tocando e cantando de forma primorosa, diferente da gravação original que tem Myles. Logicamente, muitos aplausos e gritos apareceram após essa faixa, pois o cara com aquela voz mais grave e tocante mandou bem demais!

Até aí, Myles toda hora ia ao microfone agradecer a presença de todos, falando que estava impressionante a receptividade e a energia dessa noite. Ok, caro leitor, você pode pensar que foi “a trivial puxação de saco de gringo”, mas acredite, não foi! Ele e Mark estavam realmente embasbacados com o público.

Brian Marshall tocou seu baixo de forma correta, andou pelo palco de forma sutil, mas pareceu um pouco tranquilo demais nessa noite. Para quem já o viu ao vivo, e também nos lançamentos ao vivo da banda, sabe que ele agita bastante (dentro de um nível modesto), mas ontem realmente achei-o mais ‘na dele’. Toca direitinho, claro, mas não brilhou. Scott Phillips, atrás do seu kit de bateria, tocou de forma concisa, correta, mas também não podemos falar que brilhou. Isso é um demérito? De forma alguma! Seria se tivesse tocado errado, com má vontade, bêbado ou seja lá o que for. Pelo contrário, ambos fizeram muito bem a sua parte, mas o que senti falta foi um pouco mais de ‘explosão’.

“Cry Of Achilles”, de “Fortress”, brilhou com todos cantando seu refrão “Don’t Close Your Eyes….” em uníssono, provando também ser uma excelente escolha para os shows devido à troca de energia entre todos.

Era chegado o momento da calmaria, com apresentações de faixas de forma acústica com direito até a banquinho. A emocionante “Watch Over Me”, do estupendo “Blackbird” (2007), foi tocada e cantada com Myles Kennedy sozinho no palco, e confesso que essa faixa me levou às lágrimas. Já contei a alguns amigos que a letra dessa música me lembra do meu filho, pois foi no ano que ele nasceu que ela foi lançada, e meu medo de como será a vida dele quando um dia eu partir. Toda vez que a escuto eu choro de me esbugalhar! Não tem uma única vez que isso não acontece. Nos shows de 2017, eu estava torcendo para ela ser executada (São Paulo e Rio de Janeiro, onde assisti), mas não a tocaram, então foi a primeira vez que a vi – e ouvi – ao vivo e ‘a cores’. Sim, meus caros, foi ‘o momento’ para mim, e consegui filma-la em sua totalidade.

Seguindo o momento intimista, “In Loving Memory”, também de “One Day Remains”, composta para homenagear a mãe falecida de Tremonti, foi tocada de forma acústica com Myles cantando e Mark empunhando sua guitarra acústica em outro momento muito emocionante que eu duvido que alguém ali não deu uma ‘coçada no nariz’! DUVIDO!

Eis que a banda volta completa ao palco e executa uma das músicas mais lindas da carreira: “Blackbird”, precedida por um pequena trecho da música de mesmo nome dos The Beatles à cargo de Mark Tremonti. Essa música é simplesmente espetacular, e com seu toque levemente sombrio de Black Sabbath, arrepia todos os pelos do corpo. E o solo? Jesus Cristo, o que é aquilo!!! Coisa de gênio!

Era hora de voltarmos ao peso, e “Come to Life”, de “AB III”, encarregou a todos de se estraçalharem na pista com sua pegada metalzona, cheia de riffs e imponência! Sim, a porradaria começou a comer forte ali!

Após isso, um momento interessante aconteceu, onde alguns presentes empunhavam faixas e pediam para que Myles cantasse a faixa “Lover”, de “Fortress”, que de forma muito divertida explicou que fazia muito tempo que não a tocavam e ele nem se lembrava como a tocava/cantava. Até que Myles começa a cantar e tocar sozinho, seguido por Mark e todos, numa versão sem nenhum ensaio, totalmente despretensiosa, mas que arrancou aplausos de todos por ter atendido aos fãs que pediram e, principalmente, pelos músicos sem medo de errar saíssem do roteiro.

Seguiu-se com a faixa título “Pawns & Kings”, que originalmente já é bem quista pelos fãs, e ao vivo – junto a “Sin After Sin” e “Silver Tongue” – mostrou que pode vir a fazer parte do setlist mesmo após o lançamento de outros álbuns. Excelente, com uma bela interpretação de Myles.

Uma das maiores porradas do Alter Bridge veio para tirar todo mundo do chão. “Isolation”, de “Blackbird”, foi feita para arrancar o coro e desgastar a coluna vertebral dos seres humanos. O peso, a rifferama, bateria, tudo, deveria ser o cartão de “some daqui” para aqueles que insistem que o Alter Bridge não é metal, defecando outras atrocidades pela boca (risos). Nessa hora, os riffs de Tremonti cortavam nossos tímpanos! Simplesmente surreal!

Acha que acabou? Não! “Metalingus”, de “One Day Remains”, veio com todo seu peso continuar com a adrenalina lá em cima. Numa versão bem estendida, com Myles se divertindo com o público, conversando e até descobrindo que alguns faziam aniversários no dia – o que claramente depois foi tido como piada, pois Myles numa hora resolveu dar parabéns para o aniversário de todos os presentes devido ao alto número de ‘aniversariantes’ (risos).

A noite estava acabando, e eis que surgem “Open Your Eyes” e “Rise Today”, essa última de “Blackbird” como ‘bis’, para fechar a noite de forma espetacular, com todos pulando, cantando e se divertindo, os reais e principais motivos para uma apresentação de Rock/Metal.

Mais um excelente show que assisti desses caras e saí de lá com a alma lavada e feliz demais! Daria para melhorar? Sim, daria, a começar pelo setlist que não teve NENHUMA faixa do excelente “The Last Hero” (2016) – que eu tanto adoro – e nem do “Walk The Sky” (2019), o que esse último de certo modo me causou estranheza já que na turnê desse trabalho a banda não fez show no país. Daria para trocar algumas faixas? Sim, daria, mas quem reclama muito não se diverte! (risos)

Que a banda não demore mais 6 anos para voltar ao Brasil e que tenhamos mais shows por aqui! Lá estarei!

Agradecimentos à Mercury Concerts e Catto Comunicação pela parceria e credenciamento, pena que não conseguimos o credenciamento de nosso fotógrafo, mas são coisas que entendemos perfeitamente.

Setlist:

Silver Tongue
Addicted to Pain
Ghost of Days Gone By
Sin After Sin
Broken Wings
Burn It Down
Cry of Achilles
Watch Over You
(acústica)
In Loving Memory
(acústica)
Blackbird
(com trecho inicial de “Blackbird”, The Beatles)
Come to Life
Lover
Pawns & Kings
Isolation
Metalingus
Open Your Eyes
Rise Today

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