Archgoat – Fabrique Club, São Paulo/SP (15/03/2025)

archgoat-sp-2025
Compartilhe

Archgoat – Fabrique Club, São Paulo/SP (15/03/2025)

Produção: Estética Torta
Assessoria: Acesso Music

Texto e fotos por Matheus “Mu” Silva

Pela terceira vez no Brasil e nove anos após sua última passagem por aqui, a banda finlandesa de War Black Metal Archgoat finalmente retornou ao nosso país. Anteriormente prevista para tocar juntamente com o Nordjevel (que infelizmente encerrou suas atividades), a banda realizou duas datas no Brasil, sendo a primeira em Curitiba (14) e a de hoje em São Paulo (15). Com produção da Estética Torta em ambas as datas, o evento contou com a abertura do The Laws Kill Destroy, projeto criado para celebrar a música do Sarcófago. O projeto anteriormente contava com o guitarrista Fábio Jhasko, responsável pelas gravações de “The Laws of Scourge” (1991), e hoje traz em sua formação o baixista Geraldo “Gerald Incubus” Minelli, membro original da banda e responsável por todos os materiais de estúdio.

Formado em 1989, o Archgoat entrou em um hiato entre 1993 e 2004. Seu som cru, ríspido e impiedoso atravessou as décadas emanando blasfêmias e caos, influenciando adoradores do chamado War Black Metal. Com os irmãos Ritual Butcherer (guitarra) e Lord Angelslayer (vocal/baixo) na formação desde o início, a banda conta com cinco discos de estúdio, além de diversos splits e EPs. Discos como “Whore of Bethlehem” (2006) e “The Light-Devouring Darkness” (2009) são verdadeiras máquinas de destruição, destilando todo o ódio que a banda busca transmitir em seu som.

O The Laws Kill Destroy entrou em cena às 17h35, com o público ainda chegando. A banda conta com Pedro Nicolsky e Rodrigo Malevolent (vocais), Igor Podrão e Cesar Pessoa (guitarras), Morto (bateria) e o baixista Geraldo “Gerald Incubus” Minelli.

A primeira parte do set foi cantada pelo vocalista Pedro, com foco na fase oitentista da banda, apresentando clássicos como “Black Vomit”, “Satanic Lust”, “Deathrash” (INRI, 1987) e “Sex, Drinks and Metal” (Rotting, 1989).

Na sequência, Pedro assumiu os teclados, enquanto Rodrigo Malevolent assumiu os vocais, focando na fase noventista da banda e tocando verdadeiros hinos que consagraram o grupo, como “The Laws of Scourge”, “Midnight Queen” (The Laws of Scourge, 1991), “Orgy of Flies”, clássica do controverso Hate (1994), e finalizando o set com a eterna “Nightmare” (INRI, 1987).

O show fez jus ao legado do Sarcófago na história da música extrema, animando todos os headbangers, que cantavam e batiam cabeça sem parar durante os 60 minutos de set, sendo muito ovacionados no final.

Setlist The Laws Kill Destroy:

Black Vomit
Satanas
Satanic Lust
INRI
Deathrash
Sex, Drinks & Metal
The Laws of Scourge
Screeches From The Silence
Prelude to a Suicide
Orgy of Flies
Midnight Queen
Nightmare

Pontualmente às 18h50, sem dizer uma palavra, o Archgoat iniciou seu ritual blasfemo com “Heavens Ablaze” (Worship The Eternal Darkness, 2021), “Jesus Christ Father of Lies” (The Luciferian Crown, 2018), “Lord of The Void” (Whore of Bethlehem, 2006), “The Apocalyptic Triumphator” (The Apocalyptic Triumphator, 2015) e “Goat and The Moon” (The Light-Devouring Darkness, 2009), passeando por sua discografia de estúdio como um tanque de guerra, com uma música de cada disco, alternando entre momentos de pura brutalidade e cadências pesadas, fazendo todo o Fabrique bater cabeça.

O som de um porco sendo estrangulado anunciou uma das melhores músicas da banda, “Messiah of Pigs” (The Luciferian Crown, 2018), certamente uma das mais celebradas por seus fãs durante o show. Além dos irmãos, que tocam juntos há décadas, é importante destacar o baterista Goat Agressor, que faz jus ao seu nome, trazendo uma agressividade absurda e necessária para transmitir o som da banda de forma enérgica, o que agregou ainda mais ao show.

A qualidade sonora do evento estava excelente, mas o som do Archgoat é tão carregado de sujeira e perversidade que era palpável a sensação das coisas malignas que trazem em sua musicalidade, algo muito sentido nas músicas seguintes, como “Darkness Has Returned” (The Luciferian Crown, 2018), “Rise of The Black Moon” (Angelcunt – Tales of Desecration, 1993), “Goddess of The Abyss of Graves” (Heavenly Vulva – Christ’s Last Rites, 2011), “Nuns, Cunts and Darkness” (The Apocalyptic Triumphator, 2015), a clássica “Hammer of Satan” (Whore of Bethlehem, 2006) e finalizando a primeira parte do set com “Grand Luciferian Theophany” (The Apocalyptic Triumphator, 2015), tendo seu coro final “Hail Satan, Hail Lucifer!!” entoado por banda e público em uníssono, soando como uma declaração de guerra contra o cristianismo.

Após uma breve pausa, a banda retornou ao palco, dessa vez voltando aos seus primórdios, dedicando o final do set à época de suas demos, tocando “Black Messiah”, “Death and Necromancy” (Jesus Spawn, 1991), “Soulflay” e “Penis Perversor” (Penis Perversor, 1993), finalizando seu show, que durou pouco mais de uma hora, com a sensação de dever cumprido, esmigalhando os ouvidos dos presentes com seu som destruidor.

Em uma noite dedicada ao que existe de mais blasfemo e maligno no metal negro, tanto o The Laws Kill Destroy quanto o Archgoat entregaram apresentações realmente brutais. A primeira celebrou o passado, enquanto a segunda deu continuidade ao legado construído, além de ser totalmente influenciada tanto em seu som quanto em sua estética pelo que o Sarcófago criou lá atrás. Quem esteve presente testemunhou um verdadeiro massacre sonoro e certamente saiu satisfeito, em respeito à música pesada.

Setlist Archgoat:

Heavens Ablaze
Lord of The Void
Jesus Christ Father of Lies
The Apocalyptic Triumphator
Goat and The Moon
Messiah of Pigs
Darkness Has Returned
Rise of The Black Moon
Goddess of The Abyss of Graves
Nuns, Cunts and Darkness
Hammer of Satan
Grand Luciferian Theophany
Black Messiah
Death and Necromancy
Soulflay
Penis Perversor

Compartilhe
Assuntos

Veja também