Body Count – “Bloodlust” (2017)

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Body Count
“Bloodlust” (2017)

Century Media Records | Hellion Records Brazil
#Metal#Hardcore

Nota: 9,5

Muito antes de edificar fama e fortuna como um dos precursores do Gangsta Rap, Ice-T era um fã de Rock e Metal como qualquer um de nós, e encontrou no Body Count uma espécie de “retiro espiritual”, onde podia libertar sua fera metálica enclausurada sem culpa alguma.

Em quase 30 anos de carreira (a banda surgiu em 90), o BC deixou de ser apenas um projeto entre amigos, tornando-se a atividade principal de nosso protagonista. Sorte nossa, pois caso contrário, nunca teríamos essa pérola chamada “Bloodlust”.

Indubitavelmente, este é o disco mais pesado da carreira do sexteto estadunidense, boa parte disso creditado ao empenho da dupla de guitarristas, Ernie C e Juan Garcia, na construção de uma autêntica parede de riffs densos e corrosivos. Essa é a premissa básica que faz de “Bloodlust” um genuíno disco de Metal.

A temática abordada nas letras certamente forneceria muitas pautas para o apresentador Marcelo Resende: violência urbana (“This is Why We Ride), racismo (“No Live Metters”, demonstrando uma cruel estatística), abuso policial (“Black Hoodie”), entre outros temas polêmicos rendem discursos nevrálgicos e inflamados, e ninguém melhor que o BC para intermediar esse debate por meio de sua arte.

A linguagem obscena, a estética e todo o conceito de “Bloodlust” gera reflexão intermediados por uma música essencialmente agressiva, de forte atitude punk. O mais bacana do BC é justamente a união do caráter de protesto do Rap com a virulência do Hardcore, o que deixa suas composições com o mesmo impacto de um tiro de AK-47 à queima-roupa no traseiro.

Bons discos acabam logo, por isso a audição de “Bloodlust” é tão breve, tornando o uso do “repeat” um artifício de grande valia. Em um repertório impactante e homogêneo, muitos são os destaques: “Civil War” (com a presença de Dave Mustaine do Megadeth num solo incrível), “All Love is Lost” (com presença de Max Cavalera injetando ainda mais brutalidade à música), “Raining Blood/Postmortem” (sim, um medley dos dois maiores clássicos do Slayer em uma versão selvagem. Uma declaração de amor aos mestres), enfim, não há momentos mornos e banais em “Blood Lust”, só tijolada na vidraça.

Ao término da audição, sinto-me extasiado e com um grande sorriso no rosto, de alguém que não foi decepcionado e teve suas expectativas superadas. “Let’s made a Rock band, a Metal band…”. Sábia decisão, Sr. T.

Ricardo L. Costa

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