Título: “Caubói do Inferno: A Vida e a Morte de Dimebag Darrell”
Autor: Zac Cran
Tradução: Marcelo Vieira
Editora: Estética Torta
Ano: 2021
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Na minha modesta opinião, Dimebag Darrell é, foi, e sempre será mais do que um estupendo e inovador guitarrista. Ele sempre será lembrando como um criador de riffs insanos e dono de uma mão direita de respeito, timbre, técnica e presença únicas, ou seja, ele foi um gênio do metal contemporâneo. Não adianta viajar na maionese em querer justificar sua opinião retrógrada somente citando (grandes) outros guitarristas do passado para tirar o valor de Darrell, pois você falhará miseravelmente e passará vergonha.
“Caubói do Inferno” nos conta com detalhes a história do menino Darrell Lance Abbott, vindo da pequena cidade de Arlington, Texas (EUA), que teve a sorte grande em nascer numa família totalmente ligada a música. Desde criança, sempre presente nos trabalhos de produtor de seu pai, ficava assimilando e observando todos guitarristas tocarem, criando seu próprio estilo (e que estilo, diga-se!) rapidamente. Praticamente aprendeu sozinho e desenvolveu desde jovem um jeito todo peculiar de tocar deixando todos ao redor de queixos caídos, ganhando milhares de concursos locais e fazendo seu nome equalizar por boa parte da região.
Nesse livro, lançado esse ano pela Editora Estética Torta com capa dura e uma galeria central excelente de fotos, temos a história desse influente músico, compositor e alucinado fã de Kiss e Van Halen que, junto a seu irmão Vinnie Paul, formou no meio dos anos 80 uma das bandas mais poderosas, destruidoras e que virou o mundo do Metal de ponta cabeça: o Pantera!
Desde os primórdios dias de Hard Rock e Glam Metal, dos primeiros e renegados álbuns sem o icônico vocalista Phil Anselmo (Phil entrou somente no “Power Metal”, de 1988, e apesar de ser excelente também é esquecido), a destreza e a peculiaridade dos riffs, solos e composições de Dimebag eram vistas/ouvidas com genialidade, mas foi com “Cowboys From Hell” (1990) e “Vulgar Display Of Power” (1992), que a banda encontrou a agressividade e a sonoridade que explodiu esse mundo pelos ares. Foram milhões e milhões de álbuns vendidos em todo mundo, turnês como headliners e uma legião de fãs fanáticos por todos os cantos, onde me incluo nisso.
Escrito e traduzido de uma forma muito gostosa de se ler (vale um adendo aqui: eu duvido que você, leitor, não queira ou não consiga destrincha-lo em pouquíssimos dias!), temos uma narrativa simples, prazerosa e divertida de toda a trajetória do músico, exceto, logicamente, pelo seu triste e revoltante fim onde todos gostariam que nunca tivesse acontecido.
O humor ácido, extrovertido e irreverente de Dimebag, que as vezes beirava o ridículo por suas grotescas brincadeiras dignas dos filmes besteirol de Jack Ass, só acumulou amigos, fãs, e não conheço NENHUMA alma viva nesse mundo que tenha uma vírgula para falar dele ou de alguma possível atitude negativa. Se existir, repense, pois provavelmente quem não entendeu a piada foi você (risos). Tudo era regado a muito álcool, bagunça, quebradeira, farra e alegria, mas chegava no palco o cara podia estar completamente bêbado e como se nada tivesse acontecido não errava nenhuma nota! Era assustador! Tive a felicidade de assistir a dois shows do Pantera, grudado na grande na frente de Dimebag, e eu comprovei nessas duas situações as veracidades acima. O cara ajoelhava e vinha debulhar a guitarra na minha cara! Cumprimentava, apontava, agradecia e se divertia – e muito – no palco. Infelizmente, não tive a chance de conversar com ele, mas o pouco contato que tivemos jamais serão esquecidos.
Dimebag mudou a vida de muita gente, incluindo a minha que sempre foi fã de peso, riff, palhetada e, principalmente, alegria. Vê-lo tocando ao vivo ou em vídeos pelo mundo era – e ainda é – uma enorme satisfação.
Voltando ao livro, temos relatos de muitos músicos, jornalistas e pessoas envolvidas desde os primórdios da formação do Pantera, incluindo até o primeiro vocalista da banda, Terry Glaze, que cedeu seu lugar a Phil Anselmo (ainda bem) em 1987. O autor destrincha toda a vida do músico, incluindo sua vida pessoal, bebedeiras, doideiras, relacionamentos familiares sem poupar nenhuma “atrocidade” (você fã de Dimebag entendeu bem!) (risos).
Certos momentos, conforme a narrativa vai chegando ao fim, a alegria e diversão vão sucumbindo de forma progressiva e contra nossa vontade, como por exemplo a ruptura não muito amigável do Pantera, projetos paralelos (Rebel Meets Rebel é sensacional!!), a criação do Damageplan até o fatídico dia 8 de dezembro de 2004, em pleno palco. Detalhes impressionantes foram contados em grande escala e é praticamente impossível não chorarmos. Eu chorei, assumo, pois perder esse talento cedo e da forma como foi, transcende nossos sentimentos de dor, tristeza com revolta e ódio por conta daquele louco que está queimando na parte mais podre, fedida e nojenta do inferno, já que o “lado bom do inferno” temos nossos ídolos reinando conjuntamente! Meu único ponto negativo é a não ter uma extensão maior nos motivos do fim do Pantera, mas é compreensível já que o livro não é do Pantera, não é mesmo?
O groove sulista e ‘caipira’ de seus riffs, a melodia e agressividade de suas composições, simplesmente criaram um noovo tipo de Metal amplamente copiado desde então. Gosto de fazer essa comparação e creio que muitos vão concordar: o Pantera foi para o Metal o que o Van Halen foi para o Hard Rock, ou melhor, o Dimebag foi para o Metal o que Eddie Van Halen foi para o Hard Rock e, agora juntos, imaginem o que devem estar fazendo onde quer que estejam.
Obrigado Estética Torta por mais esse brilhante lançamento!
Agradeço muito por ter nascido na mesma época que Dimebag Darrell, sinto DEMAIS a sua falta.
Johnny Z.