Coletiva de Imprensa: Erik Danielsson (Watain)

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Coletiva de Imprensa: Erik Danielsson (Watain)

Por Lucas David
Fotos Divulgação

No mês de maio o Metal Na Lata foi convidado a participar de uma coletiva de imprensa com o baixista e vocalista Erik Danielsson, da banda de Black Metal Watain. O convite foi feito pela Nuclear Blast South America e a conversa foi sobre o lançamento do mais recente álbum da banda, “The Agony & Ecstasy of Watain” (a resenha do disco já está disponível no nosso site), através da parceria Nuclear Blast Records/Shinigami Records e teve a participação de vários canais e sites da América Latina.

Ao ser questionado sobre as diferenças entre o novo álbum e o anterior (“Trident Wolf Eclipse”) Erik disse que:

“Trident… foi algo experimental. Estávamos trabalhando com uma mentalidade muito focada, em um objetivo muito específico, queríamos escrever um álbum meio que limitado ao lado mais selvagem, mais violento e mais predatório do Watain. Queríamos trabalhar com muitos elementos Old School tradicionais, como Death Metal e Black Metal, e tirar todo o resto. Basicamente queríamos fazer um álbum de Black Metal realmente cru, muito sombrio e violento, o tipo de música que nós amamos, entre muitos outros estilos de música, mas fomos muito específicos com “Trident…”. E com o novo álbum não tínhamos o mesmo tipo de foco, o mesmo tipo de objetivo específico em mente, queríamos ser mais abertos, queríamos permitir o que quer que viesse a nós enquanto escrevíamos a música, e estávamos mais abertos desta vez”.

Sobre como a pandemia afetou o processo de criação do novo álbum Erik comentou que a banda começou a escrever o álbum quando a pandemia começou, e mesmo o disco soando mais agressivo, isso não foi resultado do que o isolamento criou, pois o mundo estava diferente para todos e os assuntos mais comentados eram os que eles sempre falavam em suas canções.

“Todos e em todos os lugares que você lê, no jornal ou na internet, estão focados em doenças e na morte, e todas essas grandes questões que estão vindo à mente de pessoas comuns, pessoas que de alguma forma estão pensando em trabalho ou família ou dinheiro ou qualquer outra coisa que uma pessoa normal pensa, porém muitas pessoas estão focadas em assuntos sobre os quais nós, como banda de Black Metal, sempre escrevemos e nos inspiramos. Então a pandemia foi um algo muito bom e um cenário muito interessante e inspirador para escrever um álbum”.

Erik também comentou sobre a mensagem que a banda tentou passar nas letras do álbum, e dizendo que cada letra fala por si só, sendo bem diferentes umas das outras, mas que no fim o álbum completo tenha uma única mensagem.

“Se eu pensar em outros álbuns com letras fortes, como “Altar of Madness” do Morbid Angel ou “Dark Side of The Moon” do Pink Floyd ou “Never Mind The Bollocks” do Sex Pistols, todos eles têm letras fortes. Não sei se o álbum tem essa mensagem direta, mas eu tentei, porque a última música do álbum, “Septentrion”, e acho que se tem uma mensagem no álbum que é tipo, resumindo o que digo o tempo todo, acho que é essa letra e principalmente a segunda metade”.

Você pode conferir o trecho da música abaixo:

What if we lived our life to the fullest extent?
Free unto ourselves
Unbound by law
What if we were to walk
Like pilgrims on a sacred path?
What if we truly believed

That life is our sacrifice
Death, the reward
A humble yet dignified offering
At the cloven hoof of our lord

Until the night wind blows free through our skulls

Ride free
Fare far
Drink deep
Die hard

As long as this fire burns wild in my heart
I shall fight for our freedom, my friend
And strive to arrive with my fist held high
At the starlit gates of

The end

Ao ser questionado sobre alguns aspectos do Black Metal que são associados e vistos como brincadeiras em filmes e nas mídias, Erik diz que acha normal o ser humano responder de diferentes formas a coisas que eles não entendem ou coisas de que tem medo, uma delas é com risadas, e que isso é uma forma de fuga, como da cultura indígena, onde as pessoas estão usando “roupas estranhas” ou porque andam nas tribos sem roupas.

“Eu odeio isso, eu realmente não gosto quando as pessoas se comportam assim e acho desrespeitoso. O Black Metal não é motivo de riso, mas eu entendo, porque o Black Metal também é algo que representa o inimigo para muitas pessoas, representa a queda de muitas coisas que as pessoas consideravam os códigos morais da nossa sociedade e representa a antítese de um povo considerado “normal”, “conservador” e “correto”. O Black Metal é o inimigo disso e eu acho que está tudo bem você usar o Black Metal como um símbolo para isso em um filme ou em um livro, e eu acho que agora essa forma de música, essa forma de cultura que tem quase quarenta anos, e eu acho que está na hora de também poder ser usado em filmes e assim por diante […]”. “[…]Eu estou totalmente bem com isso, mas não acho que seja algo para rir ou brincar, acho que o Black Metal tem uma função muito importante para preencher a cultura e não é humor, não é uma questão de comédia”.

A coletiva seguiu e Erik foi questionado se houve alguma mudança em como o álbum soou ao gravar ao vivo, com todos os integrantes da banda juntos. Ele comentou que não sabe se algo se modificou, mas acredita que gravar com todos, ao mesmo tempo tem que fazer uma diferença, e tem que ser uma mudança para melhor.

“Não pode fazer diferença para o pior, pelo menos quando você toca música selvagem, livre e poderosa. Se você estiver tocando, por exemplo, música de rádio como rock eletrônico, bem como um tipo de música ‘metronômica’, talvez seja melhor fazer de uma maneira diferente, mas se você estiver tocando música inspirada em Motorhead, Venom, guerra, sodomia, morte e destruição então é muito melhor estar, como uma banda, em uma sala tocando juntos, e honestamente eu não entendo porque nem toda banda de metal não é assim, quero dizer, estamos todos ensaiando em uma sala de ensaio, estamos todos acostumados a estar em palco tocando juntos ao vivo, então você está gravando um álbum, isso é a coisa mais importante que você faz como banda porque você só tem aquela chance de deixar essa marca, então por que não fazer do jeito que é mais confortável, tocando junto com outras pessoas da banda, olhar nos olhos um do outro e saber que a outra pessoa naquela sala tem o mesmo tipo de foco, o mesmo tipo de intenção, o mesmo tipo de espírito”.

Sobre estar ouvindo alguma música específica durante o processo de gravação do novo álbum, ele comenta que eles estavam ouvindo musicas de como as guitarras deveriam soar, a bateria e os vocais, por exemplo, mas sempre focando no processo básico do estúdio, porém eles não estavam focados em músicas que o som deles deveria ser parecido, e sim em músicas que eles não queriam que o álbum soasse igual.

“Ouvimos coisas como Korn, Limp Bizkit, Death e Black Metal moderno que são super produzidos, o tipo de merda do metrônomo. Estamos ouvindo muito disso só para dizer que não pode soar assim, temos que tirar esse tipo de coisa, porque queríamos um tipo de som orgânico, queríamos uma gravação crua e selvagem. Então estamos ouvindo muita música de merda”.

Para finalizar Erik disse que ficou um pouco surpreso que não houve questões sobre o Watain voltar para tocar na América Latina. Ele confirmou que sim e provavelmente em dezembro deste ano. Sendo assim, os fãs podem esperar o retorno de uma das maiores bandas de Black Metal da atualidade as terras brasileiras.

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