Entrevista com Janilson Quadros (Symphony Towers)

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Entrevista com Janilson Quadros (Symphony Towers)

Confira a conversa exclusiva que tivemos com Janilson Quadros, o talentoso multi-instrumentista e mente criativa por trás da Symphony Towers. Radicado em Bangkok, ele tem desafiado fronteiras culturais e musicais ao produzir álbuns marcantes que mesclam Heavy, Power e Prog Metal, explorando temas profundos e introspectivos. Nesta entrevista, Janilson compartilha detalhes sobre sua transição de uma banda tradicional para um projeto solo, o impacto de tragédias pessoais em suas composições, e como é criar música do outro lado do mundo, mantendo viva a conexão com suas raízes brasileiras.

Descubra como ele transforma experiências humanas complexas em letras envolventes, equilibra influências de ícones do metal com sua identidade única, e enfrenta os desafios e as recompensas de gravar e produzir música de forma independente. Janilson também revela seus planos para o futuro, que incluem novos lançamentos, videoclipes e, quem sabe, um retorno triunfal aos palcos. Confira essa conversa inspiradora com um artista que redefine o metal com paixão, autenticidade e criatividade.

Por Johnny Z.
Créditos/Fotos: Divulgação

Metal Na Lata: Como foi o processo de adaptação de uma banda tradicional para um projeto solo? Quais desafios e benefícios você encontrou ao assumir todas as funções? E, por último, como é ser um brasileiro morando em Bangkok e fazendo Power Metal?

Janilson Quadros: Foi um processo de adaptação tranquilo. Todo o processo de criação, captação, equalização, etc., fica muito mais rápido. Tudo isso eu já fazia antes, porém dependia dos outros integrantes da banda para a gravação de seus respectivos instrumentos, o que estava sujeito à disponibilidade de tempo deles. Fazer Heavy Metal aqui não difere muito de fazer no Brasil, pelo menos para mim agora, pois toda a divulgação atualmente é feita em plataformas digitais. Portanto, pode-se fazer música em qualquer lugar do planeta.

Metal Na Lata: Como é a cena metal aí? Existem bandas que você poderia nos indicar?

Janilson Quadros: Atualmente, a cena metal está crescendo muito na Ásia. Eles gostam muito de um som com guitarras pesadas. Gosto das bandas mais antigas da região, como The Exile (Laos/Canadá), Lava e, mais atuais, como Voice of Baceprot (Indonésia), Klaus Thai e Retrospect.

Metal Na Lata: Sua família vem do Sul do Brasil, e, infelizmente, tivemos a tragédia das inundações no Rio Grande do Sul. Como essa tragédia pessoal e social influenciou o conteúdo lírico de suas composições no novo trabalho?

Janilson Quadros: A princípio, o último álbum não tinha nada a ver com essa temática. Mas o acontecimento das inundações me levou a direcionar um pouco a temática para lá. Portanto, novas canções, como ‘Heavy Rain’ e ‘No Footprints in the Sand’, acabaram entrando no álbum no lugar de outras.

Metal Na Lata: ‘Heavy Rain’ carrega uma forte mensagem de resiliência. Como essa música se conecta com o conceito mais amplo de “Tales From The Legends Lost In Time”?

Janilson Quadros: Devido à comoção e urgência impostas pela tragédia, foram necessárias atitudes rápidas e instintivas. Isso fez com que milhares de pessoas anônimas ajudassem a resgatar as mais próximas que podiam. Também houve gente vinda de lugares distantes para ajudar. É isso que vai acontecer com o tempo: as histórias desses resgates se tornarão contos de heróis, que eventualmente serão esquecidos no tempo.

Metal Na Lata: Cada faixa do álbum aborda temas profundos, como a passagem do tempo, o isolamento e as lutas diárias pela sobrevivência. Como você transforma essas experiências humanas complexas em letras que conectam tão intensamente com o público? Existe alguma faixa que tenha um significado ainda mais pessoal e forte para você?

Janilson Quadros: Acho que é mais cômodo escrever letras sobre o cotidiano. Muitas vezes, as pessoas enfrentam algum problema, angústia ou dúvida. Quando ouvem uma canção que aborda o que as incomoda, isso pode lhes trazer a sensação de que não estão sozinhas, criando um compartilhamento emocional. ‘The Morning Lies’ é uma das minhas preferidas, porque fala sobre a espera por um amanhã melhor, que muitos sonham, mas que nem sempre chega do jeito que a gente espera.

Metal Na Lata: Identificamos influências de grandes nomes do metal em sua música, como Helloween e Iron Maiden. Como você equilibra essas inspirações com a busca por um som autêntico e único?

Janilson Quadros: Essas são bandas que sempre ouço desde a adolescência, junto com outras como Judas Priest. Então, não tem como fugir muito dessas influências. Mas, com o acréscimo de bandas como Nightwish, Angra e Stratovarius na minha playlist, acabei incorporando elementos líricos e sinfônicos às canções. É uma “salada” que acredito ter formado a identidade da Symphony Towers.

Metal Na Lata: Quais são as maiores vantagens e desafios de gravar, produzir, mixar e masterizar sua própria música em um home studio?

Janilson Quadros: As vantagens são ótimas, pois, como falei anteriormente, ganha-se muito tempo ao encurtar a finalização do produto. Em termos normais, demora-se meses para finalizar um álbum com banda. Sozinho, consigo isso em semanas, dependendo do meu tempo disponível, já que não sou músico profissional e não vivo da música.

Metal Na Lata: Como você espera que o público reaja ao novo álbum, que aborda temas tão introspectivos e universais? Alguma história marcante de um fã que tenha se conectado profundamente com sua música?

Janilson Quadros: Sinceramente, espero que eles possam ouvir e refletir. A vida possui muitos mistérios, mas, ao mesmo tempo, a gente acaba dificultando-a. É um paradoxo, porque uma vida cheia de mistérios não pode ser fácil. Então, vamos pensar, descobrir, questionar e viver de modo que valha a pena.

Metal Na Lata: “Tales From The Legends Lost In Time” combina elementos de Heavy, Power e Prog Metal. Existe algum gênero ou elemento musical que você gostaria de explorar em futuros trabalhos?

Janilson Quadros: Para falar a verdade, nunca busquei seguir regras de gênero ou elementos musicais. Apenas encontrei uma sonoridade que me agrada e dá prazer em fazer, e isso acabou se tornando a identidade da banda. Claro que as influências continuarão imperando. Não pretendo fugir muito disso nos próximos álbuns.

Metal Na Lata: “Isolation”, o álbum anterior, foi feito todo na pandemia? Como foi produzir um álbum de Power Metal preso no isolamento? Alguma experiência pessoal influenciou diretamente as composições desse trabalho?

Janilson Quadros: Na realidade, “Scars of Mankind” foi composto durante a pandemia, no auge do isolamento em 2020, e todas as canções falam sobre isso. O álbum “Isolation” é de 2023 e também aborda o isolamento, mas, nesse caso, dos Padres do Deserto.

Metal Na Lata: Com vários álbuns conceituais em sua discografia, como você desenvolve os temas e cria coesão entre as faixas? Alguma história ou conceito foi especialmente desafiador de traduzir para a música?

Janilson Quadros: Temas ou assuntos hoje em dia não faltam. Eu procuro encontrar algo que realmente possa desenvolver e tocar as pessoas, enviar uma mensagem. Depois disso, as canções acabam se conectando, mesmo que não de forma direta, mas abordando algo que não foi completamente explorado na faixa anterior.

Metal Na Lata: Sua colaboração recorrente com Roger Fingle é notável. Como essa parceria contribui para a identidade sonora da Symphony Towers?

Janilson Quadros: O Roger é um mago. Ele consegue fazer coisas incríveis. Procurei por ele no início porque fez ótimos trabalhos com a Desolate Ways, banda que também me inspira sonoramente. É uma parceria que gosto muito.

Metal Na Lata: Com tantos projetos em andamento, incluindo novos videoclipes e um álbum previsto para 2025, como você mantém a inspiração e o ritmo criativo?

Janilson Quadros: Acho que isso já vem no sangue (risos). É um vício muito bom. Estou sempre criando e compondo, isso me dá prazer. Quando não tenho nada em mente, meus filhos criam, e acabamos gravando juntos. É muito prazeroso e divertido. Se eu vivesse só de música, acho que lançaria dois ou três álbuns por ano!

Metal Na Lata: Você pretende tocar o material da Symphony Towers ao vivo? Pretende montar uma banda com integrantes fixos aí em Bangkok e fazer shows? Gostaria de voltar ao Brasil?

Janilson Quadros: Este é meu sonho: tocar ao vivo com a Symphony Towers. Isso faz muita falta. Já pensei em formar uma banda aqui, mas, como não sei ao certo quanto tempo mais ficarei, preferi esperar um pouco mais. Com certeza, quando retornar ao Brasil, montarei uma banda.

Metal Na Lata: Quais os próximos passos da banda?

Janilson Quadros: Os próximos passos incluem o lançamento de um novo videoclipe do último álbum e, para o início de 2025, um novo álbum. Também haverá um single com uma novidade em 2025. Por fim, estou pensando em um álbum de covers dos anos 80 no estilo Symphony Towers. Já tenho algumas demos, veremos!

Mais informações em:
https://www.instagram.com/symphonytowersofficial

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