Integridade e comprometimento com o movimento underground que mantém a cena Black Metal viva no Brasil. É isso que nos oferece o músico Sir Ashtaroth (vocal/guitarra) e sua luta para manter a chama do Malkuth – banda tradicional do Nordeste com diversos lançamentos que ajudaram a firmar a vertente nacional do Black Metal até os dias de hoje – apostando na contramão do palatável e gritando ferocidade das estranhas do Nordeste do Brasil.
Nesta entrevista, com o relançamento de “Extreme Bizarre Seduction”, aproveitamos para repassar com este ícone do Metal brasileiro fatos relacionados à sua banda e ao movimento Black Metal no Brasil. Confiram.
Por Wallace Magri
Metal Na Lata: Fiquei muito impressionado com a qualidade do lançamento remasterizado de “Extreme Bizarre Seduction”. Conte-nos quem foi o responsável pela produção e o quanto houve de participação sua no processo.
Ashtaroth: Obrigado pelas palavras. O álbum foi relançado entre 2015 e 2016, aproveitando a fusão de selos nacionais Obskure Chaos Distro (SP) e Ihells Productions (BA). A proposta surgiu por conta da procura do pessoal pelos nossos álbuns anteriores, que são difíceis de achar. Além disso, quisemos presentear o público com renovação no encarte e na parte sonora, adicionando as músicas ao vivo também.
Metal Na Lata: Como foi a seleção das faixas bônus e quais suas recordações daquela apresentação?
Ashtaroth: Eu selecionei porque foi um show próximo à gravação do álbum na época e foi bem significativo, direto da mesa, do jeito que veio de lá com o som do pessoal da plateia bem evidente, o que as torna um registro histórico.
Metal Na Lata: A banda passou por diversas mudanças no line-up. Qual a razão para isso? E o que isso ajuda ou atrapalha o processo de composição dos álbuns?
Ashtaroth: Manter uma banda underground no Brasil é um lance de muita batalha em todos os sentidos, só se faz porque a gente gosta. No decorrer desses anos, por vários motivos, membros entraram e saíram, mas a relação com os antigos membros é a melhor possível.
A desvantagem é que atrasa o processo de gravação dos álbuns, porque os músicos que entram têm que pegar a alma do negócio. A vantagem é que sempre aprendo novas formas de compor com os novos membros.
Metal Na Lata: Como é o processo de composição das músicas?
Ashtaroth: Os músicos de cordas marcam reuniões e mostramos riffs e esqueletos de músicas uns para os outros e depois levamos o resultado para estúdio, é uma coisa bem democrática e as letras eu que as faço. As músicas vão tomando forma desta maneira, sem um roteiro pré-definido. É assim que estamos compondo o novo álbum, por sinal.
Metal Na Lata: E sobre o conceito e composição das letras das músicas?
Ashtaroth: As letras são bem calcadas nessa concepção pagã, críticas a diversas religiões alienantes. Sempre dei oportunidade para mostrarmos as ideias dos compositores ao longo das formações, o que sempre enriqueceu esta parte de nosso trabalho.
Metal Na Lata: O que pode nos adiantar sobre o novo álbum da banda?
Ashtaroth: As guitarras base foram gravadas em 2015 e daremos prosseguimento a partir do próximo mês gravando a bateria, baixo, segunda guitarra e vocais. Na sequência, mixagem e masterização. Creio que com a arte pronta, será lançado no segundo semestre de 2017. A direção é o Pagan Black Metal de sempre.
Metal Na Lata: Quais as principais influências da banda e como refletem na evolução do som do Malkuth ao longo dos anos?
Ashtaroth: No início, nós tínhamos muita influência da escola grega, depois fomos buscando uma identidade musical. Diria que nosso som passeia desde o Metal Tradicional, passando pelo Black Metal alemão e nórdico. No meio de tantas facetas, entendo que criamos nossa própria identidade, que mantemos viva até hoje.
Metal Na Lata: Caso tivesse que indicar um álbum do Malkuth para apresentá-lo para novos fãs, qual seria?
Ashtaroth: Eu sugeriria “Nekro Kull Khaos” e “Extreme Bizarre Seduction”
Metal Na Lata: Alguns shows no radar? Como está a preparação para as apresentações ao vivo e a agenda da banda?
Ashtaroth: Fora de nossa região, tivemos alguns convites, mas coisas esporádicas. Hoje em dia, caiu muito a incidência de shows no Sudeste, mas quem sabe? A vontade é muito grade em voltar para esses lados, seria uma honra.
Metal Na Lata: Se pudesse escolher 3 bandas nacionais para montar um festival, quais seriam?
Ashtaroth: Infested Blood, Mystifier e Miasthenia.
Metal Na Lata: Obrigado pela entrevista. Deixe um recado para nossos seguidores.
Ashtaroth: Agradeço pela oportunidade, que o público valorize o trabalho dos blogueiros e webzines, que tentem adquirir o material e comparecer a shows, dizer não à segregação dentro do Metal, procurar manter a união, participando dos shows ao vivo, dando força e participando para fortalecer o movimento. Confiram a mídia da Sangue frio. Lá tem informações sobre a banda, ou entrem na nossa fan page no facebook para informações.