Banda principal: Grave Digger
Local: Carioca Club Pinheiros, São Paulo/SP
Data: 27/04/2019
Produção: Overload
Texto e fotos por Wallace Magri
Há 35 anos, quando o Grave Digger iniciou suas atividades na Alemanha, embalado pelo peso da New Wave Of British Heavy Metal, apostando em uma levada mais speed e em letras tratando de temas de batalhas e contos medievais, os fãs deste tipo de música que iam surgindo aqui no Brasil reclamavam da escassez de shows do estilo por aqui. Quem diria que chegaríamos em 2019 com tanta opção de bandas de Metal tocando na cidade, a ponto de muitas delas tocarem para casas de espetáculos relativamente vazias, como aconteceu nesta noite.
Embora nunca tenha sido do primeiro escalão do Metal Tradicional, o Grave Digger sempre foi aquele tipo de banda operária, com lançamentos constantes e de qualidade similar, que nunca decepcionou seu rebanho de fieis seguidores (afora a bola fora com o álbum “Stronger Than Never”, em 1987, nada muito diferente do que fizeram o Judas Priest e o Saxon na época).
E foram justamente estes fãs fieis que compareceram numa agradável noite de sábado no Carioca Club para prestigiarem estes dedicados pioneiros do Metal, capitaneados pelo simpático vocalista Chris Boltendhal, que os conduziu por 2 horas de apresentação, sem firulas e com muitos clássicos desfilando noite adentro.
O show em questão faz parte da perna da América Latina da turnê de promoção de seu mais recente álbum, “The Living Dead” (2018), cujas músicas se mostraram muito consistentes ao vivo, como é o caso daquela que abriu a noite, “Fear The Living Dead”.
Os instrumentos estão bem audíveis e o vocal com destaque necessário e, desde o começo da apresentação – com a entrada do mascote da banda para saudar o público – fica claro que o showman do negócio é o guitarrista Axel “Ironfinger” Ritt, que empunha sua guitarra como se fosse uma arma de guerra, músculos à mostra, vasta cabeleira, cheio de pose, mas também muita competência na execução das bases e principalmente dos solos precisos ao longo da apresentação.
O público se incendeia de vez quando tocam ‘The Clans Will Rise Again”, gritando “ole, ole, ole, ole, Digger, Digger” e recebendo um “Obrigado” em português como resposta. Em seguida, um presente do passado, que faz todos cantarem juntos, “Lionheart”, um belo Speed Metal dos anos 80 executado naquela tradição alemã: Metal pesado e encorpado a toda prova!
Nessas horas, a interação entre o baixo cadenciado de Jens Becker e a bateria acelerada de Stephan Arnold ensinam os presentes o que é preciso para fazer a magia do Metal acontecer, enquanto todo mundo canta o refrão junto com o vocal rasgadão de Chris. “Blade Of The Immortal”, do novo álbum, também é muito bem recebida pelos fãs e os riffs de guitarra em sincronia com os pedais duplos dão a toada para o que se segue.
A respeito das músicas mais recentes, o que dá para notar é o investimento maior num lance mais Viking, Folk, nas melodias dos caras, o que é uma aposta mais do que bem vinda a somar no conceito sonoro da banda, geralmente muito quadradão, como é o caso da potente “Lawbreaker”, que lembra muito “Painkiller”, do Judas Priest.
E o show prossegue com mais hinos de guerra em ritmo marcial, agora com “The Bruce” – nada melhor do que alemães para cantar sobre guerras, isto está no DNA dos caras, incrível como a coisa soa autêntica. E, presenciar isto ao vivo e a cores com a banda diante de nossos olhos, é uma experiência pela qual todo fã de Metal deveria passar ao menos uma vez na vida!
O melhor é que a noite está apenas começando. Sem espaço para longos solos de guitarra ou pirotecnias, avançam com muito Heavy Metal e esbanjando precisão técnica, como ocorre em “The Dark Of The Sun”, mais uma na veia do Judas, com um refrão bem foda, invocando aquele Metalzão seco, que nos anos 80 era tudo o que tínhamos para ouvir; é verdade, ao longo do set, não há grandes variações, os hinos vão sendo executados em sequência, e é justamente isso o que o público quer, ainda mais quando voltam ao passado e executam com perfeição “The Curse Of Jacques”, com todos os presentes reforçando o coro.
Caminhando para o final da apresentação, dá-lhe porradaria para banguear com “War God” servindo de abre-alas para a sequência de petardos que está por vir: “Season Of The Witch”, “Highland Farewell”, “Circles Of Witches”, e o hit definitivo da segunda fase da banda, “Excalibur”, encerrando com “Rebellion (The Clans Are Marching)”, de maneira energética e com o público ovacionando a banda.
Alguns minutos para respirarem e voltam para o encore com uma versão pesadíssima de “Healed By Metal”, com a galera pirando com o refrão criado para todos saírem cantando na primeira audição. Em seguida, é hora de abrir a roda e se divertir com a música de festa celta “Zombie Dance”. Seguem com “The Last Supper” e, como não poderia deixar de ser, encerram definitivamente a noite com “Heavy Metal Breakdown” em versão mais do que estendida, para o delírio de todos os presentes nesta noite memorável em que a garra do Metal germânico passou mais uma vez por São Paulo.
Bora voltar para casa e economizar, que maio vem aí com agenda abarrotada de bons shows para o pessoal ter de escolher em qual vai e qual deixa pra próxima. Quem apostou no Grave Digger desta vez, se deu muito bem!
Setlist
Fear Of The Living Dead
Tattoed Rider
The Clans Will Rise Again
Lionheart
Blade Of The Immortal
Lawbreaker
The Bruce (The Lion King)
The Dark Of The Sun
Call For War
The Curse Of Jacques
War God
Season Of The Witch
Highland Farewell
Circle Of Witches
Excalibur
Rebellion (The Clans Are Marching)
Healed By Metal
Zombie Metal
The Last Supper
Heavy Metal Breakdown