Helloween – “Keeper Of The Seven Keys (Part I & II) (Expanded Edition)(1987/1988) (Relançamento 2024)

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Helloween – “Keeper Of The Seven Keys (Part I & II) (Expanded Edition) (1987/1988) (Relançamento 2024)

Noise Records | Dynamo Records
#PowerMetal

Para fãs de: Judas Priest, Accept, Running Wild, Blind Guardian, Gamma Ray

Texto por Johnny Z.

Nota: 10

Considerados verdadeiras obras-primas do power metal, os álbuns “Keeper of the Seven Keys” (Part 1) e (Part 2) marcaram profundamente o estilo desde seus lançamentos originais, em 1987 e 1988, respectivamente, e continuam a influenciar novas gerações, mesmo quase 40 anos depois. Recentemente relançados em versões remasterizadas e com material extra pela gravadora nacional Dynamo Records, esses clássicos ganharam nova vida, trazendo à tona toda a magia e o vigor das composições que solidificaram a banda como referência – e, por que não, como criadores – do gênero.

“Keeper of the Seven Keys (Part 1)” é um marco inicial para a fase dourada do Helloween, pois foi com ele que a banda, composta por Michael Weikath (guitarra), Kai Hansen (guitarra/vocal), o então novo vocalista Michael Kiske, Markus Grosskopf (baixo) e Ingo Schwichtenberg (bateria), realmente começou a moldar o power metal moderno, distanciando-se um pouco do speed metal mais sujo de “Walls of Jericho”, seu álbum anterior. Nesse trabalho, encontramos uma estrutura mais melódica e elementos épicos que se tornariam a assinatura do estilo e da banda por décadas. É indiscutível o nível elevadíssimo de qualidade das composições, como, por exemplo, “I’m Alive”, “Twilight of the Gods” e “Future World”, que mesclam, de forma equilibrada, melodia, harmonia, riffs rápidos, solos bem elaborados e refrões marcantes, daqueles que se canta como se não houvesse amanhã.

Michael Kiske, que na época tinha apenas 18 anos, mostrou-se um fenômeno vocal, imprimindo energia e alcançando notas altíssimas com uma facilidade impressionante. Com esse desempenho, ele rapidamente entrou para o seleto grupo de vocalistas excepcionais, ao lado de nomes como Bruce Dickinson, Ronnie James Dio, Rob Halford e Geoff Tate.

A épica “Halloween” é um destaque à parte: com mais de 13 minutos, ela é um verdadeiro hino que combina todas as características que viriam a definir o power metal – velocidade, melodia, complexidade instrumental e um tema lírico fantasioso. A produção original do álbum merece elogios, mas a remasterização recente trouxe ainda mais clareza e equilíbrio ao som, valorizando os vocais de Kiske e o trabalho de guitarra de Hansen e Weikath. O baixo e a bateria também ganharam mais presença, proporcionando um impacto sonoro mais intenso e detalhado.

No material extra desta edição, temos duas regravações: “Victim of Fate” e “Starlight”, do álbum anterior e do EP de estreia, respectivamente. Agora, com Michael Kiske nos vocais, as faixas ganharam uma nova cara, elevando ainda mais algo que já era sensacional. Há também uma versão alternativa de “A Little Time” e uma versão editada (e mutilada) de “Halloween”, usada para o videoclipe na época devido a restrições de tempo.

“Keeper of the Seven Keys (Part 2)” refinou ainda mais a fórmula estabelecida no álbum anterior. Lançado no ano seguinte (1988), esse álbum é considerado por muitos fãs e críticos como o ápice da banda e do power metal como um todo. Mantendo a mesma formação, seguiu explorando temas épicos, com uma dose ainda maior de complexidade nas composições. A faixa de abertura, “Eagle Fly Free”, é uma aula de power metal: rápida, melódica e com um refrão poderoso. Já “Rise and Fall” e “Dr. Stein” trazem um toque mais bem-humorado ao som da banda, mostrando que o Helloween não tinha medo de experimentar. No entanto, é a balada épica “Keeper of the Seven Keys” que se destaca como o coração pulsante do álbum. Com quase 14 minutos, essa música é uma obra-prima complexa que leva o ouvinte por uma jornada musical cheia de variações, riffs marcantes e solos brilhantes, deixando os ouvintes em transe. A produção remasterizada melhorou ainda mais a qualidade sonora, destacando detalhes que antes ficavam ofuscados, como camadas de guitarra e harmonizações vocais.

Diferente da Parte 1, esse é um cd duplo, trazendo como material bônus todos os b-sides de singles da época, com destaque para a pesadíssima “Savage”, a carismática e alegre “Livin Ain’t No Crime” e “Don’t Run For Cover”, todas com exuberantes execuções de Michael Kiske. O restante não agrega em nada, pois versões remixadas (outra remixagem antiga) de “Dr. Stein” e “Keeper of the Seven Keys”, presentes no box “Treasure Chest”, você jura de pé junto que não sente nenhuma diferença ou novidade.

Uma curiosidade interessante é que “Keeper of the Seven Keys” foi originalmente concebido como um álbum duplo, mas a gravadora preferiu dividi-lo em duas partes. Essa decisão foi acertada, pois cada álbum teve seu próprio momento e permitiu que o Helloween se consolidasse no cenário musical. O sucesso dos dois álbuns foi tão grande que muitos os consideram a “bíblia” do power metal. A influência desses trabalhos é perceptível em diversas bandas que surgiram depois, como Stratovarius, Blind Guardian e Gamma Ray (banda formada por Kai Hansen após sua saída do Helloween).

Em resumo, as duas partes são essenciais para qualquer fã de metal, especialmente após o relançamento remasterizado, que deu nova vida às gravações. Em termos de produção, as novas versões conseguiram aprimorar o que já era excelente, adicionando uma profundidade sonora que destaca ainda mais a genialidade das composições.

Se você esteve em coma por décadas e não conhece esses trabalhos, minhas principais indicações são: “I’m Alive”, “A Little Time”, “A Tale That Wasn’t Right”, “Future World” e “Halloween”, da Parte 1, e “Eagle Fly Free”, “Dr. Stein”, “March of Time”, “I Want Out”, “Keeper of the Seven Keys” e a cacetada “Save Us”, da Parte 2. Cada uma dessas músicas exemplifica diferentes aspectos do estilo – desde a velocidade e melodia até a exploração de temas épicos. A remasterização recente é, sem dúvida, um presente para os fãs, oferecendo não apenas uma melhor qualidade sonora, mas também um mergulho mais profundo na história desses dois álbuns que definiram uma era e o caráter de 99,999% dos fãs de metal no mundo.

Todos elogiam Michael Kiske nesses álbuns, com total razão, mas é importante deixar claro que Kai Hansen e Michael Weikath (guitarras) foram dois dos mais importantes compositores para a criação dessas obras-primas. Então, deixem de fazer elogios efusivos (merecidos) apenas aos vocalistas das bandas e prestem mais atenção nos gênios por trás delas (risos).

Um detalhe que gerou reclamações de alguns poucos fãs foi a ausência das capas originais dos álbuns, que receberam algumas leves mudanças no logo da banda e nas fontes do títulos. Sinceramente, para mim, isso não foi problema nenhum. É coisa de fã chato (risos). Corra e compre de olhos abertos todos os relançamentos da Dynamo Records e complete a box “The 80’s & 90’s” Remastered!

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