Immolation – Hangar 110, São Paulo/SP (15/06/2025)

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Immolation – Hangar 110, São Paulo/SP (15/06/2025)

Produção: Tumba Productions
Abertura: Spiritual Hate e Nervochaos

Texto e fotos por: Matheus “Mu” Silva

Quase dois anos após sua última passagem e pela quarta vez em solo brasileiro, os norte-americanos do Immolation retornaram ao país para sua maior turnê até hoje por aqui. Com nove datas passando por diversas regiões do Brasil, a banda — que segue promovendo seu mais recente álbum, Acts of God (2022) — encerrou a jornada com um show explosivo em São Paulo, no dia 15 de junho.

Produzida pela Tumba Productions, a turnê foi anunciada de forma relativamente repentina, com menos de dois meses entre o anúncio e o início dos shows. Ainda assim, os ingressos acessíveis — provavelmente os mais baratos que a banda já praticou por aqui — ajudaram a atrair um ótimo público e seguem a filosofia da produtora de fomentar a cena extrema nacional, mantendo o metal vivo e pulsante.

Formado em 1988, o Immolation é uma clássica banda de Death Metal de Nova York e um dos nomes mais antigos e influentes do gênero. Junto a conterrâneos como Incantation e Suffocation, ajudaram a moldar o som característico da costa leste dos EUA — mais técnico, denso e brutal do que o que era desenvolvido na Flórida naquela época. Conhecidos por suas estruturas complexas, dissonâncias e brutalidade, o grupo é liderado desde o início por Robert Vigna (guitarra) e Ross Dolan (baixo e vocal), que construíram uma discografia absurdamente consistente, com marcos do gênero como Dawn of Possession (1991), Here in After (1996) e Failures for Gods (1999).

Abrindo a noite, o Spiritual Hate, de Diadema/SP, subiu ao palco às 17h50 com seu Black/Death Metal brutal e impiedoso, claramente influenciado por nomes como Deicide e Belphegor. Divulgando seu último EP, Malvm Perpetvm (2024), a banda formada em 2007 — com Blackmortem (vocal/guitarra), Mobbirum (guitarra), João Ribeiro (baixo) e Malus Peior Pessimus (bateria) — mostrou todo seu poder sonoro em um set de 50 minutos. Músicas como “Awaiting Fucking Jesus” e “Behind the Lies of God”, a poderosa “With Black Wings, Through the Ages”, e faixas do novo EP como “Merciless and Abyssal”, além de covers matadores de “INRI” (Sarcófago) e “Sodomy and Lust” (Sodom), compuseram um verdadeiro massacre sonoro.

A banda foi muito bem recebida pelo público, que já era numeroso e apoiou intensamente cada faixa executada. Sem dúvida, o Spiritual Hate vive uma fase ascendente, tanto em estúdio quanto nos palcos.

Após uma rápida troca de palco de apenas 20 minutos, às 19h, foi a vez do Nervochaos incendiar o Hangar. Vindos de uma turnê ao lado do Skeletal Remains no sul e sudeste do país, e com apenas cinco dias de descanso, já estavam de volta à estrada para acompanhar o Immolation. Com Edu Lane (bateria), Diego Mercadante (guitarra/vocal) e Daniel Corvo (baixo), apresentaram seu Death Metal Old School com hinos como “Pazuzu Is Here” e “Total Satan”, “For Passion, Not Fashion” e “Moloch Rise”. Jogando em casa no encerramento da turnê, a banda agitou o público que já lotava praticamente todo o Hangar 110, gerando rodas de mosh intensas e uma resposta calorosa ao som brutal.

Com cerca de 40 minutos de show, o Nervochaos reafirmou sua paixão e consistência, entregando mais uma apresentação destruidora.

Após uns 25 minutos de espera, o Immolation – a atração principal da noite – deu início ao seu set ao som da introdução “Abandoned”. Em seguida, emendaram uma trinca avassaladora com “An Act of God”, “The Distorting Light” e “Kingdom of Conspiracy”, incendiando o público que abarrotava a casa. Ross Dolan, visivelmente emocionado com a recepção dos fãs paulistanos, agradeceu de todas as formas o apoio ao longo dos anos e prometeu surpresas — que começaram logo na sequência, com uma trinca absurda de Here in After (1996): “Nailed to Gold”, “Burn With Jesus” e a faixa-título. Foi um verdadeiro deleite para os fãs da fase mais blasfema e Old School da banda.

Seguindo com mais uma faixa do mais recente álbum Acts of God, “The Age of No Light”, o guitarrista Robert Vigna foi ao centro do palco para iniciar outra pedrada: “The Glorious Epoch”, um verdadeiro rolo compressor de brutalidade. Na sequência, mergulharam em “Higher Coward”, preparando o terreno para uma das maiores surpresas da noite. Dolan perguntou quem ali era fã do primeiro disco da banda, o clássico Dawn of Possession (1991), e foi prontamente respondido com entusiasmo. Dedicando uma parte especial do set ao álbum, tocaram “Into Everlasting Fire”, “Those Left Behind” (uma raridade ao vivo que pegou muitos de surpresa) e “Internal Decadence”, mantendo o ritmo do show em altíssimo nível.

Rumo ao final, a banda ainda mandou “When the Jackals Come”, seguida do clássico absoluto “No Jesus, No Beast”. Embora Dolan tenha anunciado “Apostle” como a última, logo que a introdução de “And the Flames Wept” começou, os fãs sabiam que o encerramento viria com “Father, You’re Not a Father”, que fechou as quase 1h30 de show com chave de ouro, em uma verdadeira aula de Death Metal, passeando por quase toda a discografia da banda.

Foi uma noite totalmente dedicada ao Metal da Morte, e todas as bandas representaram com maestria. Tanto o Immolation quanto os grupos de abertura mostraram a força do underground nacional e internacional. Com casa cheia, público empolgado e apresentações intensas e profissionais, o evento foi, sem dúvidas, memorável.

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