KNOTFEST – Sambódromo do Anhembi, São Paulo/SP (18/12/2022)

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Knot Stage: Black Pantera, Project 46, Vended, Mr. Bungle, Bring Me The Horizon e Slipknot

Carnival Stage: Jimmy & Rats, Oitão, Trivium, Sepultura, Pantera e Judas Priest

Local: Sambódromo do Anhembi, São Paulo/SP
Data: 18/12/2022
Produção: 30E – Thirty Entertainment
Assessoria: Midiorama

Texto por Johnny Z.
Fotos gentilmente cedidas pela produção

Sempre é um prazer enorme estar presente em grande festival de Rock/Metal no seu país, e melhor ainda na sua cidade. Já tive a felicidade de presenciar praticamente todos os festivais em São Paulo e muitos fora, mas esse Knotfest Brasil 2022 teve alguns sabores diferentes. Um deles foi o motivo de ser o primeiro e enorme evento pós-pandêmico, e estar ali vivo e inteiro foi incrível. Ver aquele mundaréu de gente feliz, gritando, pulando e curtindo um som, não tem preço.

Vou repetir as palavras de um grande amigo meu e também jornalista e escritor que já foi da Rock Brigade e Dynamite, Adriano Coelho: “Estar aqui é tudo para mim! Minha vida é isso aqui! Eu poderia morrer num festival de Rock, que eu morreria feliz!”. Essas palavras mexeram comigo, e eu assino embaixo de tudo que ele disse. Eu amo essa porra, gente! Eu amo ir a shows, eu amo escutar música, eu amo encontrar amigos, eu amo tratar bem e abraças as pessoas! Quantas pessoas que encontrei nesse Knotfest Brasil! Nossa, foi maravilhoso! Infelizmente, alguns pouquíssimos queridos eu jamais encontrarei nesse plano, mas estavam comigo em alma.

Ter a oportunidade de fazer a cobertura de mais um evento dessa magnitude e não agradecer a parceria, confiança e respeito dos organizadores e assessoria está fora de cogitação. Ser selecionado em meio a tantos outros grandes veículos que infelizmente não puderam estar lá, encontrar outros excelentes profissionais na sala de imprensa, ou seja, trabalhar com sorriso estampado no rosto, não tem preço. Obrigado as produtoras 30e e 5b Artists e a todos da assessoria Midiorama pelo credenciamento e, principalmente, oportunidade.

Enfim, vamos ao evento. Não vou me prender muito a detalhes das bandas, apenas algumas pinceladas dos shows, fatos importantes, observações e “fanatismos” (sim, teve uns momentos que meu lado fã die hard gritou alto), então prometo que serei objetivo e será uma leitura prazerosa (risos). Meu intuito, dessa vez, é focar no evento em si.

ORGANIZAÇÃO E ESTRUTURA

O Sambódromo do Anhembi, em São Paulo, na minha opinião, é um excelente lugar para se fazer shows ao ar livre, pois tem fácil localização, é próximo ao metrô e possui estacionamento gigantesco ao lado. Nas extremidades da avenida do samba temos amplos espaços para no carnaval esses locais serem usados na dispersão dos carros alegóricos, mas fora desse feriado também servem como enormes estacionamentos. Foram exatamente nesses extremos onde os dois palcos do festival (Knot Stage e Carnival Stage) estavam localizados.

Por toda a extensão da avenida do samba, tínhamos lojas de merchandising, bares, postos médicos, food trucks (inclusive fora da avenida, atrás das arquibancadas, um amplo local com mais restaurantes de fast food), enfim, tudo que um enorme festival necessita. Inclusive, a organização teve o esmero todo particular de apresentar locais de acessibilidade aos cadeirantes e pessoas com necessidades especiais, trazendo também até pequenos veículos para locomoção caso precisassem.

Não vou entrar no mérito de preços de bebidas, comidas, tatuagens (sim, tínhamos um estúdio lá no meio!), merchandising, pois todos sabemos que não são preços convencionais, certo?

Uma das coisas que nós, profissionais do entretenimento, necessitamos é uma sala de imprensa para podermos descansar um pouco, tomar uma água e sentar. No Knotfest Brasil tínhamos um enorme local, de fácil acesso, com internet excelente, alimentação, armários, cadeiras, mesas, tudo de primeira, mostrando um respeito enorme a todos nós. Nesse caso, como tínhamos que andar demais de um palco ao outro, poder sentar, descansar rapidamente entre um show e outro (nem sempre dava, e vocês saberão mais para frente), comer alguma coisa e beber muito líquido (o sol estava escaldante e criminoso), ajudou muito.

Som de primeira, muito alto, nítido, bem equalizado, iluminação perfeita, palcos enormes, telões gigantescos aos lados e fundos dos palcos, foi tudo P-E-R-F-E-I-T-O. Na minha modesta opinião, não consigo pontuar nenhum ponto negativo quanto a isso.

Achei muito interessante o museu do Slipknot que montaram com muitas coisas de todas as fases da banda, incluindo um baixo do falecido Paul Gray, um tênis e baquetas do também falecido Joey Jordinson, que obviamente tinha filas gigantescas para adentrar. Como imprensa tive o privilégio de não ficar na fila, e pude apreciar sem perder os horários dos shows.

Mas agora vem meus únicos pontos negativos de todo festival, que não chegaram a ser motivos de depreciação, mas fica como atenção e dica para os próximos serem ainda mais perfeitos.

A abertura dos portões

Estava previsto para as 10h30. Pontualmente isso ocorreu, aliás, todos os horários dos shows foram seguidos á risca, mas a fila lá fora para entrar era infinita, e ter poucos portões para o público adentrar ao evento, a meu ver, prejudicaram e muitos não conseguiram entrar a tempo de conferir os primeiros shows. A logística deveria ser repensada para que mais possibilidade de entradas, evitando filas gigantescas fossem criadas e desse tempo dos que estavam lá desde manhã pudessem entrar a tempo para acompanhar os primeiros shows. Conheço pessoas que foram para lá cedinho e só conseguiram entrar depois de mais de 2h30! Ou seja, perderam praticamente três shows, contando com as caminhadas que deveriam dar para chegar aos palcos.

Tempo entre um show e outro

Praticamente impossível de acompanhar um show numa ponta, e assim que esse acabava, ir ao outro na ponta extrema. Até sair do local, com o número incrível de público presente (lembrando que o festival estava SOLD-OUT), foi realmente muitas maratonas no dia.

Nos primeiros shows até deu em cima da hora para chegar, mas não podia pensar em amarrar o tênis no meio do caminho, senão perdia o início do outro. Ir de um palco ao outro era uma caminhada de avenida de 530 metros, mais o espaço dos estacionamentos onde estavam os palcos, ou seja, pode colocar ai na conta mais uns 200 metros brincando. São quase 800 metros de caminhada, com sol a pino, pessoal cansado de ficar em pé o dia todo, multidão etc, não era para fracos!

Esse ‘gap’ entre um show e outro, nessa distância significativa, deveria ser maior! Ok, isso estenderia o horário final e poderia prejudicar quem dependia de metrô e/ou transporte público. É uma verdade, então por que não iniciar o primeiro show mais cedo? O Black Pantera entrou no palco às 11h da manhã, era cedo? Sim, mas para as atrações principais, mais ao final do dia, com a capacidade máxima de público, foi complicado para quem queria ficar até o término do festival.

A única saída dos palcos era pelo portão da avenida do samba, ou seja, tínhamos apenas 13 metros de saída/entrada para os palcos! Imagine na hora que acabava um show e a enorme parcela do povo ali tinha que sair correndo para chegar no outro, passando por essa “pequena” passagem? Imaginou?

Então, obviamente travou tudo e em todos os shows, eu acredito que muita gente perdeu pelo menos a primeira música dos sets. Eu mesmo não consegui assistir o começo dos shows do Sepultura e Pantera por causa desses fatos. Não foi um enorme problema, mas chateou um pouco.

Espero que nos próximos eventos lá essa logística seja melhor estudada, com opções maiores de circulação pelas laterais da avenida, por exemplo, e um ‘gap’ maior entre cada show (por favor!), e assim podemos pelo menos sentar uns minutinhos ou tomar uma água.

Filas enormes no merchandising, bares e restaurantes/fast foods

Isso não tem muito o que se falar, era meio óbvio que toda a multidão causaria esses transtornos. Num festival desta magnitude, com o sol fortíssimo e o tempo que todos ali ficariam no local, ninguém conseguiria ficar sem beber nada ou comer, então TODOS ali, de certa maneira, tiveram que se alimentar e hidratar em algum momento.

Mesmo com muitos vendedores ambulantes soltos por todo o festival, achei que não deu conta. As filas que eu via em todos os estabelecimentos eram assustadores. Muita gente deve ter perdido shows inteiros ali. Pedir mais bares, mais restaurantes, etc, não sei se seria uma solução adequada, pois realmente tinham muitos, mas o pouco que vi realmente não compatibilizou os tempos hábeis.

SHOWS

Os brasileiros do Black Pantera, que entraram no festival aos 45 minutos do segundo tempo substituindo o Motionless In White devido a problemas de saúde de alguns membros, entrou no palco pontualmente às 11h e me surpreenderam demais! Já gostava do som dos caras, mas ao vivo a pegada é ainda mais violenta! Baita peso, hardcore e atitude transbordando adrenalina, várias rodas, galera pulando e curtindo estar ali.

Não só o público, não muito grande devido ao que falei anteriormente devido às filas, mas a banda realmente vibrando em cima do palco. Foi um show curto e cheio de energia, com destaque total para as faixas brutais e impactantes como “Padrão é o Caralho!” e “Fogo nos Racistas!”. Essa banda vai crescer muito! Saí de lá mais fã do som dos caras!

Black Pantera (Fotos por Camila Cara)

Como o sol estava já castigando sem dó, não acompanhei de perto o show do Jimmy & Rats, de Jimmy London (ex-Matanza) e o que pude notar – sem desrespeitar ninguém – é que o público não deu muita atenção, já que muita gente continuava a entrar e meio que se perdia na “cidade” do samba (ops, rock/metal, naquele dia).

Jimmy & Rats (Fotos por Camila Cara)

Consegui me hidratar e chegar a tempo para pegar o início do show do Oitão, já que ambas bandas dividiram o horário no festival. Henrique Fogaça entrou sem camisa e todo pintado (além de todo seu corpo ser tatuado), usando uma máscara que lembrava muito o Corey Taylor dos primórdios (Slipknot) na primeira música.

Todos sabem quem é Henrique Fogaça, e na TV ele pode passar aquela imagem de ‘ogro’, ‘birrento’, ‘bravo’, mas na realidade o cara é um amor de gente, e um baita frontman! Sua banda simplesmente esculhambou com nossos ouvidos numa porradaria infernal de Hardcore/Crossover pesadíssimo. Acompanho a banda desde sua formação, e confesso que essa atual formação está pegando fogo! Peso e violência pura para dar vontade bater até na mãe (risos).

Oitão (Fotos por Camila Cara)

Findado a agressão do Oitão, chegou a hora dos paulistanos do Project 46. Lembrando que cada show acontecia alternadamente nos dois palcos, então acabava um, era correr para o outro e torcer para as pernas e sua vida aguentar (risos). Muita gente presenciou esse show, mas muita mesmo!

Seu Groove Metal é de bater palmas em estúdio, mas ao vivo o negócio cresce de uma forma impiedosa! As guitarras de Jean Paton e Vinni Castelari te cortam o peito, sem brincadeira! Rifferama de primeira! Peso brutal de bateria e baixo, vocal poderoso, ou seja, se você é fã de bandas mais modernas, com aquela veia mais Machine Head com Pantera, e leve toques de Metalcore, vai curtir demais o Project 46. Excelente apresentação!

Project 46 (Fotos por Camila Cara)

Dando início as atrações internacionais, era hora do Trivium. Pois bem, meus amigos, este quem vos escreve não suporta essa banda. Juro que tentei inúmeras vezes, mas não desce nem com reza brava. Portanto, vou ser imparcial no pouco que (consegui) apreciar.

Pude constar que a banda é bem-querida pelo público brasileiro, pois a quantidade de gente também era gigantesca, a banda estava afiadíssima, seu vocalista Matt Heafy é bem carismático – toca muito, viu! – e logicamente fez graça usando a camiseta da seleção brasileira, num dia não muito bom para brasileiros fãs de futebol (risos), já que a Argentina sagrou-se campeã algumas horas depois, com jogo sendo televisionado no local, bem no meio do percurso entre os dois palcos.

Deram conta do recado, e vi que muita gente saiu de lá muito feliz, mesmo sendo um show curtíssimo, pois percebi que tocaram muitas músicas que estão no gosto dos fãs. Jogo ganho e seguiu-se o baile.

Setlist:

  • In the Court of the Dragon
  • Down From the Sky
  • The Sin and the Sentence
  • A Gunshot to the Head of Trepidation
  • The Heart From Your Hate
  • Strife
  • Pull Harder on the Strings of Your Martyr
  • In Waves

Trivium (Fotos por Camila Cara)

O Vended, sub produto do Slipknot, já que o vocalista Griffin Taylor é filho de Corey Taylor e lembra D-E-M-A-I-S o pai quando era mais novo, inclusive no timbre da voz, e o baterista Simon Crahan é filho de Shawn Crahan (o palhaço do Slipknot, para aqueles que não sabem).

Sinceramente não me mostrou absolutamente nada, a não ser um filho bastardo (no caso biológico), com mais gritaria, mais falta de educação (o cara só sabe falar ‘fuck’ durante o show todo, a toda hora!) e menos qualidade, já que a sonoridade é – para mim – tão genérica quanto um viagra rosa. Tem potencial? Até tem, mas somente para essa juventude de hoje, pois fãs (bem) mais velhos e com mais de 45 anos, como eu, passam longe.

Banda bem parada, teve problemas no som logo nas primeiras músicas, com o público deixando de ouvir o microfone de Griffin por umas 3 músicas, chegando até a agachar no chão para o músico e sua equipe se ligarem ter algo errado.

Depois de tudo arrumado, seguiu-se normalmente a apresentação, mas – para mim – da mesma forma que estava: sem a menor graça ou o menor impacto/interesse. O próprio Slipknot, que gosto muito dos três primeiros álbuns, já não tenho tanta paciência para ouvir hoje em dia, imagine um “filho escarrado”? (risos). Bom, os donos da noite eram os pais deles, achei bacana dar essa força para os meninos, afinal quem é pai sabe como funciona o coração, não é mesmo?

Vended (Fotos por Camila Cara)

Ao fim do Vended, todos pararam para acompanhar a final da Copa do Mundo no telão, que por conta da prorrogação e disputa de pênaltis, atrasou uns poucos minutos o show do Sepultura. Perdi seu início, pois estava lá gorando a Argentina (e gorando a França também hahahaha), mas consegui chegar na segunda música do set. O que falar do Sepultura hoje em dia? Sem entrar nos méritos do passado, nem quem está ou esteve na banda, os caras detonam!

Pode não ter aquele fogo, força e ‘molecagem’ de antigamente, lógico, excetuando o baterista (fenômeno!) Eloy Casagrande, todos já passaram bem dos 50 anos, mas assistir a um show deles hoje também é de enorme valia e experiência. Já perdi as contas de quantos shows assisti da banda, em todas suas fases durante mais de 30 anos, e afirmo categoricamente que nunca vou me cansar.

Algumas presenças de convidados ilustres participaram do show, como, por exemplo, Matt Heafy (Trivium), Scott Ian (Anthrax/Mr. Bungle) e Phil Anselmo (Pantera), esse último cantando com Derrick Green a faixa “Arise”.

Fica aqui minha única crítica quanto ao Sepultura das últimas décadas, a falta da segunda guitarra. Em “Cut-Throat”, com Scott Ian, e “Slave New World”, com Matt Heafy, ficou excelente uma segunda guitarra novamente.

Andreas Kisser, em qualquer lugar que esteja, tem um peso descomunal, em todos os sentidos. O respeito que o cara conquistou no mundo é incrível, então qualquer gesto que ele faça no palco incendeia qualquer show, mas quando a “patada” entra em ação, sai de baixo! Aula de metal! Não fiquei até o final, pois queria muito assistir mais de perto ao Mr. Bungle na outra ponta do sambódromo. Parabéns Sepultura por mais um grande show.

Setlist:

  • Isolation
  • Refuse/Resist
  • Means to an End
  • Cut-Throat (com Scott Ian)
  • Propaganda
  • Dead Embryonic Cells
  • Agony of Defeat
  • Slave New World (com Matt Heafy)
  • Arise (com Phil Anselmo)
  • Ratamahatta
  • Roots Bloody Roots

Sepultura (Fotos por Camila Cara)

Ah, o Mr. Bungle! Antigamente eles faziam um som estranho, louco, esquisito, cheio de jazz, fusion, saxofones, gritaria e maluquices à cargo do xarope, insano e completamente louco Mike Patton (Faith No More e uma cacetada de outros projetos). Eu gostava daquela fase, mas não ao ponto de ir a um show, pois não tinha muito peso e eu gosto é de porradaria, ok? Quando eles voltaram com uma nova formação trazendo (apenas) dois caras que ‘não possuem relevância nenhuma’ (isso é ironia, ok?) como Scott Ian (Anthrax/guitarra) e Dave Lombardo (ex-Slayer/bateria), e gravaram o fenomenal álbum “The Raging Wrath of the Easter Bunny Demo”, que nada mais é que uma das primeira demo tapes de 1986 (sic!) que a banda gravou e deixou de lado na época, tudo mudou.

Temos agora uma versão vitaminada, ultra-mega pesada e avassaladora de um Thrash Metal/Crossover a lá S.O.D. de matar qualquer um do coração. E nesse show, focado totalmente neste álbum, era um dos dois shows que eu mais queria assistir no Knotfest Brasil. Meus caros, que show absurdo!

Mesmo cozinhando (todos, inclusive os músicos) num sol mais quente que o inferno, deram uma aula de energia, peso, adrenalina e zoeira (lembre-se, Mike Patton na banda, alegria garantida!). Scott Ian e Trey Spruance (esse último também passou pelo Faith No More), simplesmente abusaram quase que sexualmente de nossos ouvidos (risos), com palhetadas e rifferama. Bom, tendo Scott Ian não precisa dizer mais nada, certo? Dave Lombardo mesmo tocando num dia ruim, o cara arregaça e não erra, imagina num dia bom como esse domingo? O bichão é incrível!

Destaques para “Hypocrites/Habla Español O Muere”, que para quem vive em Nárnia não deve saber que a segunda parte é uma versão para “Speak English Or Die” do S.O.D, aqui virou “Hypocrites/Fale Português Ou Morra”, a cacetada de “Bungle Grind”, “Eracist” (brilhante!), o início infernal de “Hell Awaits” (Slayer), que descamba em um cover pop nada a ver de “Summer Breeze” (Seals & Crofts) – coisas de Mike Patton (risos), “Sudden Death” (outra porradaria) e “Territory” (Sepultura), com Andreas Kisser e Derrick Green quebrando tudo com gritos como “Bota pra foder!” (risos).

A diferença de Mike Patton para o menino lá do Vended, que falava ‘fuck’ o tempo todo é enorme, pois Patton é engraçado, faz para brincar e por ser um louco varrido, já Griffin fala o tempo todo de forma séria, se tornando um chato! Mr. Bungle foi um dos melhores shows de todo o festival, e torço para que essa formação continue dessa maneira e com essa sonoridade, para que um dia eu consiga vê-los num local mais intimista.

Setlist:

  • Won’t You Be My Neighbor (Fred Rogers cover)
  • Anarchy Up Your Anus
  • Raping Your Mind
  • Bungle Grind
  • Eracist
  • Spreading the Thighs of Death
  • Glutton for Punishment
  • Hell Awaits (Slayer cover) / Summer Breeze (Seals & Crofts cover)
  • Hypocrites
  • Speak English or Die (S.O.D cover)
  • World Up My Ass (Circle Jerks cover)
  • Sudden Death
  • Gracias a la vida (Violeta Parra cover)
  • Territory (Sepultura cover) (com Derrick Green e Andreas Kisser)

Mr. Bungle (Fotos por Camila Cara)

Saindo um pouco antes de “Territory”, tentei correr para o outro palco para pegar o Pantera desde o início. Falhei miseravelmente, pois as pernas não aguentaram, o cansaço, a sede e, principalmente, a multidão que corria junto impossibilitou de pegar a abertura e a primeira música do set.

Esse era outro show que eu queria muito assistir, pois eu tive a felicidade de assistir ao vivo o Pantera em 1993 e 1995, com Dimebag e Vinnie Paul. Quando soube que Rex Brown (baixo) não viria por conta da covid, minha pré-ansiedade caiu pela metade. Ter dois membros da formação clássica do Pantera já me serviria muito, já que a outra metade assistia lá do céu tudo. Não vou entrar nos méritos se é ou não Pantera, pois eu tenho minha opinião sobre isso, apenas queria curtir e celebrar o legado dos caras com esses monstros que o ‘substituíram’. Ou vai falar que Zakk Wylde (Ozzy Osbourne/Black Label Society/guitarra) e Charlie Benante (Anthrax/bateria) não são dignos de estarem ali? Se pensa dessa forma, deixe de pensar abobrinha, pois os únicos caras que poderiam estar ali são eles e vocês sabem bem o porquê!

No quesito bateria, Charlie destruiu! Tocou com um respeito incrível e com o mesmo timbre de Vinnie Paul! Logicamente, algumas escorregadas aconteceram, mas compreensível. Se a banda continuar, provavelmente isso não vai mais acontecer, já que está tudo bem no começo ainda. Zakk Wylde, esse, sim, tocou diferente, com sua personalidade, pegada própria e jeito, mas em nenhum momento desrespeitou nenhuma nota sequer de Dimebag Darrel. SENSACIONAL foi pouco! Onde quer que os dois irmãos estejam, provavelmente estão orgulhosos de seus amigos executando suas partes.

No lugar de Rex, a banda colocou Derek Engemann, do Cattle Decapitation e também parceiro de Phil Anselmo nos Illegals, e o cara cumpriu seu papel esplendorosamente bem e sem querer aparecer mais do que devia. Agora, Phil Anselmo, calou a boca de 99,9999% do pessoal que achava que ele não aguentaria mais cantar como antigamente, já que nos últimos anos vimos interpretações pífias de sua voz em muitos de seus shows com seus projetos. O cara deve ter feito uma preparação alienígena para voltar a cantar como antes! “Fucking Hostile”, que eu sempre achava que ele jamais conseguiria chegar perto, calou todas as bocas mesmo, pois não mudou nem um “centímetro” de voz! Nenhuma das faixas, até as mais antigas, ele baixou o tom ou cantou cansado! Absolutamente nenhuma! É para batermos palmas mesmo, mas fico pensando aqui que ele conseguirá manter essa qualidade com o tempo, espero que sim.

Todas as faixas foram destaques, pois todos ali praticamente choravam de alegria em poder vê-las e ouvi-las novamente ao vivo, mas “Mouth For War”, “I’m Broken”“5 Minutes Alone”, “This Love”, “Walk” e “Cowboys From Hell” com certeza fizeram Vinnie e Dime orgulhosos do público (e da banda também)! As rodas formadas durante todo o show foram daquelas de lembrar os bons anos 90 onde ninguém se preocupava com coluna, com perna quebrada, com dentes quebrados ou sangue na testa (risos).

A homenagem antes de “Planet Caravan”, com o som mecânico do início de “Cemetary Gates”, mostrando imagens de Dimebag e Vinnie no telão,impossível não te fazer chorar! Todas às vezes que eu assistir a um vídeo dessa parte, eu chorarei, imagine como foi ver isso ao vivo? Muitas saudades!

Praticamente entre todas as músicas, além de eu chorar como criança (sim, o Pantera é e sempre será uma das 3 bandas da minha vida, e a saudade de Dimebag – eu guitarrista preferido de todos os tempos, e Vinnie não saia da cabeça), Phil Anselmo fez questão de dedicar aos irmãos e ex-parceiros, como uma homenagem cada nota tocada, então só nos resta saber se a banda continuará e/ou gravará algo inédito num futuro. Torço para que sim, e acredito que todos ali presentes também.

Setlist:

  • A New Level
  • Mouth for War
  • Strength Beyond Strength
  • Becoming / Throes of Rejection
  • I’m Broken / By Demons Be Driven
  • 5 Minutes Alone
  • This Love
  • Yesterday Don’t Mean Shit
  • Fucking Hostile
  • Cemetery Gates
  • Planet Caravan (Black Sabbath cover)
  • Walk
  • Domination / Hollow
  • Cowboys From Hell

Pantera (Fotos por Camila Cara)

Ao término do show do Pantera, resolvi não assistir ao Bring Me The Horizon, pois, além de não gostar nadinha da banda, também não tive condições humanas nenhumas, indo direto para a sala de imprensa descansar um pouco, me hidratar e comer alguma coisa.

Então, caros leitores me perdoem, mas pelo que me falaram, a banda agradou muito aos mais jovens presentes.

Bring Me The Horizon (Fotos por Camila Cara)

Após o descanso, era hora de separar o joio do trigo: Judas Priest! Sim, a máquina Heavy Metal com mais de 50 anos de carreira estava ali, novamente diante dos nossos olhos e ouvidos! Sempre será uma pena não termos KK Downing e Glenn Tipton nas guitarras mais, mas Ritchie Faulkner e Andy Sneap cumprem muitíssimo bem seus papéis, em especial Ritchie, que conquistou todos os fãs com seu carisma e talento, inclusive os mais antigos!

O som estava muito alto, principalmente das guitarras e bateria, mas não menos impecável. Cada palhetada explodia nossos ouvidos (de forma boa!) de tão nítidas e pesadas que soavam! Pude notar que não estava tão lotado quanto o Pantera, notando claramente que a parcela do público no geral era – digamos assim – mais nova, deixando os tiozões para ver o Judas Priest. Azar o deles, sorte a nossa!

Rob Halford, com seus mais de 70 anos, deveria ser estudado para a posteridade. Como ele consegue manter aquela voz, e todo seu carisma e simpatia com o público, são realmente coisas dos deuses! Palco com o tridente característico da banda, bem ao centro, elevando-se durante a primeira música, mas ficando lá – aceso – por todo o setlist. Scott Travis é um monstro na bateria, Ian Hill (baixo) é aquela coisa, o cara é imprescindível, mas se ele mover um dos pés do chão cagou tudo (risos), já que ele não sai do lugar durante o show todo.

Destaques ficaram para “You’ve Got Another Thing Comin'”, nessa as guitarras massacravam sem dó nossos ouvidos, “Firepower” (energia e peso purinhos!), a magistral e fantástica “Metal Gods” (mais uma que ‘batia’ com índices de violência nos nossos ouvidos!), e o final apoteótico de matar do coração qualquer pessoa de caráter: “Screaming for Vengeance’, “Painkiller”, “Hell Bent for Leather”, “Breaking the Law” e “Living After Midnight”.

Nessa hora, meus amigos, você não quer saber de nada, nem de quem está do lado, suas dívidas, problemas, nada, é soltar o gogó e se divertir como se não tivesse amanhã! Só lamento quem deixou de assistir aos mestres para dar preferência ao Slipknot.

Setlist:

  • Electric Eye
  • Riding on the Wind
  • You’ve Got Another Thing Comin’
  • Jawbreaker
  • Firepower
  • Devil’s Child
  • Turbo Lover
  • Steeler
  • Between the Hammer and the Anvil
  • Metal Gods
  • The Green Manalishi (With the Two Prong Crown) (Fleetwood Mac cover)
  • Screaming for Vengeance
  • Painkiller
  • Hell Bent for Leather
  • Breaking the Law
  • Living After Midnight

Judas Priest (Fotos por Camila Cara)

Chegamos ao final do festival, e obviamente os donos da porra toda, Slipknot, encerraram tudo. Como disse no texto do Vended, eu era muito fã da banda até seus três primeiros discos, após isso perdi o interesse e realmente nada que veio depois me chamou tanto a atenção, exceto a faixa “Psychosocial” (que infelizmente não consegui ver), o qual é absolutamente incrível!

O público presente era, de se esperar, gigantesco (impossível pensar em chegar perto do palco!), já que durante todo dia o que mais víamos eram fãs vestidos a caráter como os caras da banda.

Por conta do cansaço grande, presenciei apenas as primeiras 5 músicas, e infelizmente não consegui ficar até o final, mas o pouco que vi foi demais de grandioso, com muitos efeitos pirotécnicos, fogo, qualidade de som deslumbrante, banda mandando muito bem, principalmente Corey Taylor que é um B-A-I-T-A frontman e um B-A-I-T-A vocalista!

A única coisa que não consegui gostar é dessas máscaras novas, exceto a dos fantásticos guitarristas Jim Root e Mick Thomson (esse último aparentando estar muito mais magro, mas com uma patada monstruosa de sempre!), mas isso não altera em absolutamente nada, apenas gosto particular meu mesmo (risos). Dentre as faixas que consegui assistir, “Wait And Bleed” e “Before I Forget” foram brilhantes.

Uma pena que não consegui fisicamente ficar até o fim, mas tenho certeza que teremos outros Knotfest Brasil, muito mais cedo do que vocês imaginam, e até lá vou me preparar mais para aguentar a maratona (risos), pois jamais ousarei perder qualquer uma de suas possíveis novas edições no futuro!

Setlist:

  • Disasterpiece
  • Wait and Bleed
  • All Out Life
  • Sulfur
  • Before I Forget
  • The Dying Song (Time to Sing)
  • Dead Memories
  • Unsainted
  • The Heretic Anthem
  • Psychosocial
  • Duality
  • Custer
  • Spit It Out
  • People = Shit
  • Surfacing

Slipknot (Fotos por Camila Cara)

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