Metallica – “72 Seasons” (2023)
Blackened Recordings
#HeavyMetal #Metal
Para fãs de: Metallica! Se não gosta, nem leia!
Nota: 8,5
Primeiramente o fã do Metallica precisa tirar os cinco primeiros álbuns da banda da cabeça, pois não tem absolutamente nada para se comparar com eles. Mesmo sendo a mesma banda (ou 3/4 dela), há mais de 30 anos é outra pegada, outra sonoridade. Existem centenas de clássicos do passado, mas nostalgia é apenas uma, ou leia-se, amor incondicional. Se for analisar com os clássicos, você pode – e vai – se decepcionar muito.
Não escute os novos trabalhos da banda com a uma mentalidade adolescente dos anos 80 ou 90, isso já será de extrema valia para sua vida (risos).
“72 Seasons” é uma espécie de álbum que caminha na mesma fórmula de “Death Magnetic” (2008) e “Hardwired… to Self-Destruct” (2016), ou seja, nada daquele fiasco horroroso de “St. Anger” (2003), nem tão ‘diferentão’ como no “Load” (1996) e/ou “Reload” (1997), mesmo trazendo muitos elementos desses dois últimos em várias de suas faixas. O que já aconteceu, também, com os dois últimos.
Na minha modesta opinião, “72 Seasons” é melhor que “Hardwired”, sendo melhor que “Death Magnetic”, mas bem mais próximo a uma continuação de “Hardwired”, do que ser muito melhor que seu predecessor.
Muitas de suas músicas podem parecer similares a outras já lançados pela banda, e isso você praticamente notará em sua totalidade, tendo até uma leve desconfiança de serem sobras de estúdio do “Hardwired”, o que eu não acredito que sejam, mas que parece isso não tenha dúvida.
Não tem uma faixa em específico que se destaca das outras como um novo clássico, ou daquelas que todos vão pedir para tocar até nas rádios rocks que vivem tocando as mesmas merdas de sempre, mas a consistência do disco é o grande destaque. Não temos nenhuma balada e todas as suas músicas são de extremo bom gosto, daquelas que você realmente gosta de ouvir no estilo atual da banda.
Sua produção está mais cristalina que “Hardwired”, não tão ‘estourada’ como “Death Magnetic”, e em certos momentos temos vagas lembranças da soberba produção do Black Album, principalmente na mixagem da bateria de Lars Ulrich, que aqui continua fazendo seu arroz com feijão, mas sem erros, ao contrário do que os falastrões gostam de falar.
Kirk Hammett, ao contrário do que pareceu nos primeiros singles lançados como prévia de “72 Seasons”, onde parecia executar solos um pouco sorumbáticos e preguiçosos, mostrou-me realmente o contrário nas outras faixas, mas nada que mudará o mundo. Todos eles são simplesmente a favor da melodia e composição, o que já está de muito bom grado, pois ninguém quer egocentrismo de guitarrista solo em plenos 2023, não é? Na diferente “Sleepwalk My Life Away”, ele dá um show!
Como foi comentado no início desse texto, esqueçam aquelas guitarras brutais de antigamente e aqueles riffs estilo Thrash Metal Bay Area, pois há mais de 30 anos a banda deixou de executá-los, mas o peso da mão direita de James Hetfield está ali, e muito bem obrigado! Talvez, para meu gosto pessoal, se soasse mais ‘carnudos’ tipo como faziam no “And Justice For All”, por exemplo, soaria muito melhor aos meus ouvidos. Uma pequena frustração, assumidamente, de fã clubista (risos).
Um excelente disco, (graças a Deus) sem NENHUMA balada e muito menos nenhuma “The Unforgiven XXXIII”, pois ninguém aguenta mais essas afrontas com a primeira de todas lançadas lá em 1991.
Em “72 Seasons”, está escancarado que James Hetfield (vocal/guitarra), Kirk Hammett (guitarra), Rob Trujillo (baixo) e Lars Ulrich (bateria) trouxeram um ‘approach’ mais simples em certos momentos, deixando as músicas falarem por elas mesmos, sem soarem autoindulgentes ou cheias de malabarismos. Creio que os quatro quiseram fazer música que agradassem a eles mesmo, dentro de uma redoma chamada “própria nostalgia”, aflorando o Heavy Metal tradicional de bandas como, por exemplo, Saxon, Diamond Head, Angel Witch etc., que ditavam as regras nos tempos remotos de muitas espinhas na cara desses quatro hoje senhores. Talvez seja essa a única ligação com o título “72 Estações”, trazer algo de quando o espírito juvenil do “tô nem aí com essa porra, quero me divertir fazendo o que gosto enquanto estou vivo”. Vai saber? (risos).
Não esperem uma revolução musical no Metal, isso JAMAIS acontecerá de novo com o Metallica, muito menos com outra banda, então deixe de ser chato metendo o pau em tudo e curta o Metal super decente de “72 Seasons” sem dar uma de tr00zão. O Metal não precisa e nem vive mais essa babaquice.
…::: FAIXAS :::…
“72 Seasons” começa com tudo e da forma que “Hardwired” termina. Uma versão não tão ‘odiosa’ de “Spit Out The Bone”, mais Heavy Metal, menos veloz, mas também cheia de energia. Excelente início com os dois pés na porta! Duvido não berrar “Staring Into Black Light” com James! Duvido!
“Shadows Follow” me lembrou um pouco “Wasting My Hate”, de “Load”, com seu ritmo rápido, mas com muito mais peso (santa mão direita James!) Excelente faixa que ao vivo, se a banda a executar, creio que será brutal!
“Screaming Suicide”, segundo single lançado, também me trouxe recordações de uma fase “Load” e “Reload”, só que mais ‘sombria’, junto a uma acentuação bem Heavy Metal tradicional. James está cantando muito aqui! A princípio a menos inspirada das quatro lançadas como single.
“Sleepwalk My Life Away” começa com um baixo em ‘slap’, bem soul e funkeado de Rob Trujillo, num estilo – digamos assim – bem ‘groovado’, meio o que ele fazia no Infectious Grooves com maestria, e nunca ouvido em algo do Metallica antes. Sim, nem nos tempos do saudoso Cliff Burton, que faria isso com os pés nas costas, não fizeram! Excelente faixa, grata surpresa!
“You Must Burn” é uma espécie de prima de segundo grau por parte de padrasto (risos) de “Sad But True”, com “Cyanide”, de “Death Magnetic”, e um pouco de “Murder One”, de “Hardwired”, por conta dos seus andamentos bem arrastados. Não é um arrasa-quarteirão, mas é aquela que você bate cabeça mais “de boa”. As guitarras parecem cortar os ouvidos em certos momentos.
“Lux Æterna”, o primeiro single lançado, é a Heavy Metal clássica para deixar o fã dos anos 80 babando. Rápida, certeira, com guitarras tipicamente Saxon. Me lembrou muito a faixa “Killing Time”, cover do Sweet Savage, que o Metallica gravou como b-side da época do Black Album. Inclusive, seu riff é bem similar. Sem frescura, Heavy As Fuck Baby!
“Crown of Barbed Wire”, essa vai no estilo “2×4” e “Thorn Within”, ambas de “Load”, só que mais cheia, robusta e energizada. Diferente de “2×4”, essa aqui realmente cativa logo de cara e não fica na mesmice, sem ir para lugar nenhum. Após os 3 minutos, ela realmente engrena com muito peso, solo encorpado e ritmo daqueles para bater no amiguinho ao lado. Imagino isso ao vivo! Será muito bem-vinda!
“Chasing Light” é um peso só! E acredite, seu início me lembrou bastante o andamento e o peso do riff de “Pumping Blood”, do pavoroso “Lulu” e, de novo, algo de “Murder One”. “Ué, você disse pavoroso?”. “Você está citando o “Lulu”? Sim, o “Lulu” é nojento, mas ESSA faixa, e o meio da “The View”, tem o peso da guitarra de James daqueles que gostamos, e, em “Chasing Light”, temos isso de sobra! Escute e vai concordar comigo! Seu andamento muda da água para o vinho e descamba em uma levada mais rápida no melhor estilo “Moth Into Flame”. Excelente, uma das que mais gostei!
“If Darkness Had A Son”, terceiro single, e a melhor de todas lançadas como prévia de “72 Seasons”, é Metallica anos 2000 purinho. Com andamento médio, peso, rifferama, vocais de James que às vezes sangram (principalmente nos “… Temptation!!”, aquilo arrepia!). O trabalho das guitarras aqui realmente me encantaram, a melodia, as linhas vocais bem estruturadas, letra, tudo. Essa é uma espécie de “Broken, Beat & Scarred”, de “Death Magnetic”, ou seja, aquela que você escuta com sorriso (e gana) de orelha a orelha. Sim, para mim é a melhor do álbum junto com “Chasing Light”. A guitarra base – em certos momentos – é daquelas que traz, sim, muitos resquícios e lembranças mais clássicas de um “And Justice For All” (de leve vai!), por exemplo. Duvida? Coloque no 5m 54s em diante e me diga que estou enganado!
“Too Far Gone” me lembrou alguns riffs de “Kill’Em All” (1983), principalmente os mais tradicionais e não tão velozes, como, por exemplo, partes de “No Remorse”, “Jump In The Fire“, ou seja, riffs retrabalhados e vitaminados com a essência do “Hardwired”. Sei lá se estou viajando ou é pura emoção (risos). Não é sensacional, mas você jamais a pulará, diferente de uma “UnMankind” ou “Am I Savage”, de “Hardwired”, que são chatas de doer. Confessa, você pula essas quando o escuta! (risos).
“Room Of Mirrors”, rápida, pesada, simples, objetiva, e agradável! Meio “Lords Of Summer” (que é excelente tá?!), me corrijam se estou enganado (risos). Facilmente vai brotar na sua memória essa faixa!
“Inamorata” é a “gigantona” do disco. Uma – sem por nem tirar – mistura balanceada (e mais rápida) de “The Outlaw Torn”, de “Load”, com “My Friend Of Misery”, de “Metallica”, e até lampejos de “Are You Gonna Go My Way”, de Lenny Kravitz (presta atenção no riff, vai te trazer certas partes da melodia na cabeça hahaha). Estava bem receoso com essa faixa por conta do título, mas logo na primeira audição o medo passou. James cantando “…Misery”, vai te trazer “My Friend Of Misery” na memória não só por causa do nome, mas sim a melodia dessa parte é a mesma quando ele canta “Misery” nas duas (risos). Presta atenção! Talvez, se fosse menor e não com 11m10s seria melhor aproveitada, mas não pense que isso estrague a audição, pois ela é ótima, apenas um pouco cansativa.
James está tocando muuuuitooooo e cantando muuuuuuuito! Vou deixar isso aqui novamente registrado!
Um excelente disco que, como disse, não vai mudar o mundo, mas você vai ouvir de ponta a ponta por soar muito agradável e em certos momentos como um dejà-vú de riffs que muitos vão falar por aí que são “reciclados” deles mesmos. Pode até ser, mas que mal tem? Não espere algo inovador, mas tenha certeza que vai receber algo muito, mas muito bom! Uma audição sólida, prazerosa e que há muitas décadas não acontecia. Bom, pelo menos para mim isso aconteceu em 1991 e, mesmo eu gostando demais de “Death Magnetic” e “Hardwired”, só voltou agora. Nesse álbuns, como citei, tiveram algumas faixas que não digeri (e continuo não digerindo), fazendo com que uma ‘quebra’ na vibe e na audição fosse imposta. Em “72 Seasons” isso não ocorreu, o que me animou muito e me trouxe a vibe de se curtir um disco da banda na íntegra e sair da audição feliz pra cacete!
O mais importante disso é que, voltar para uma nova audição de tudo é questão de pouquíssimo tempo!
Não deixe os sabichões chatos e metidos a ‘roquistas’ ditarem a você o que o disco é ou deixou de ser, pois desde o Black Album essa “raça de estúpidos” infestam o mundo para denegrir algo puramente por serem uns frustrados ou por que suas bandinhas favoritas não conseguem sair do anonimato patinando na lama. O Metallica está (e continuará por muito tempo) aí no topo. Aceita que dói menos ou chore eternamente feito um bebezinho (que ninguém se importa)!
Johnny Z.