Banda principal: Metallica
Bandas de abertura: Ego Kill Talent e Greta Van Fleet
Loca: Estádio do Morumbi, São Paulo/SP
Data: 10/05/2022
Produção: Live Nation
Assessoria: Motisuki PR
Texto e Vídeo por Johnny Z.
Fotos por Leandro Almeida (Rock Brigade) *
Vídeo extra por Raphael Olmos (Kamala e Papo de Riffeiro)
* exceto as fotos discriminadas
E cá estou eu, pela oitava vez vendo um show da minha banda favorita: o Metallica. Um misto de deja-vu, alegria, entusiasmo, ansiedade e fanatismo adolescente sempre surge em mim a cada show confirmado em São Paulo. Desde o primeiro em 1989 até esse de 2022 foram “apenas” 33 anos de dedicação, mas some a isso três anos para contabilizar o tempo que conheci e passei a me dedicar propriamente dita ao trabalho desses americanos. Sim, meus caros, 36 anos é muito tempo! Desde os primeiros acordes de “Jump In The Fire”, do álbum “Kill’Em All” (1983) que ouvi numa fita cassete mal e porcamente gravada para mim por um amigo em 1986, foi paixão a primeira ouvida. Logicamente busquei em lojas na época esse disco, mas “infelizmente” (blasfêmia, após você ler o restante doravante) encontrei somente o recém-lançado “Master Of Puppets”, que comprei na hora e no escuro.
Chegando em casa, o “infelizmente” passou a ser um fantasma na minha vida por semanas a fio (risos). Aquela obra-prima mudou a minha vida para sempre, pois juntava cada centavo dado pelos pais e avós, passava às vezes fome nos recreios na escola, nas quermesses da vida, para juntar um montante adequado e ir correndo numa loja de discos especializada em Rock no bairro. E se você, caro leitor, supõe que parava nisso está redondamente enganado. Eu passei a colecionar qualquer coisa relacionado à James Hetfield (vocal/guitarra), Lars Ulrich (bateria), Cliff Burton (baixo) e Kirk Hammett (guitarra)! Uma pena que logo depois fiquei sabendo na morte trágica de Cliff, mas isso é história e acredito que todos que passaram a acompanhar a banda na época se entristeceram. Não foi impactante para mim, pessoalmente falando, pois não cheguei naquela época a criar algum “laço afetivo” ao baixista por ser muito novo e recém “conhecedor” da obra, mas nos anos seguintes obviamente percebi o quanto ele era importante. Então, acompanhei quase que 100% com a entrada do Jason Newsted, em 1987, onde já encontrava algumas poucas revistas e xerox (da xerox da xerox) de outros amigos/fãs, sendo alguns que cruzavam na época pela Galeria do Rock com pastinhas de recortes e matérias embaixo do braço (o que eu também fazia e tenho guardado até hoje). Logicamente que hoje não faço mais isso, mas que eram bons tempos e tenho muita saudade, isso jamais negarei. Daquela época em diante foi algo descomunal em todos sentidos, desde minha coleção, paixão, crescimento da banda, explosão mundial, hits e mais hits, MTV, shows no Brasil, polêmicas, mudanças, enfim, 33 anos, uma vida!!! Vida essa que agradeço e sou muito grato por viver e, com o tempo, crescer junto com eles.
Como fã(nático), poder fazer a cobertura de um evento de um artista/banda que faz seu coração bater mais forte é algo realmente diferenciado. Já tive – muitas vezes – essa oportunidade durante a vida, onde fiz cobertura de praticamente todas elas durante meus tempos de Roadie Crew (se você não conhece ou desconhece o seu significado para o Rock/Metal no Brasil pare de ler aqui e vá fazer videozinho pagação de mico com dancinha no tiktok), inclusive o próprio Metallica por duas noites seguidas em 2010. Mas, pelo Metal Na Lata – veículo que criei em 2015) essa vez é a primeira e isso me trouxe uma sensação de alegria, gratidão e empolgação ainda maiores. Saber que fomos selecionados me mostra que somos realmente relevantes, respeitados e que estamos no caminho certo dentro de nossas propostas e ideologias (se você pensou em política ou “empoderamento” vai se tratar!) do Rock e Metal.
Bom, chega de lero-lero e vamos ao que importa.
Morumbi, casa do meu Tricolor Paulista, um lugar longe de onde moro (zona leste da capital). De carro atualmente é praticamente pedir para passar nervoso, gastar muito dinheiro com gasolina e estacionamento, e logicamente ficar horas no trânsito, já que o show foi numa terça-feira! Não sei o motivo disso, mas acredito que em qualquer lugar do Brasil ter um show no meio da semana é um caos, mas em São Paulo esse caos deve ser elevado a décima potência. Solução? Ir de metrô! E que beleza! Mesmo assim, vindo da zona leste demorasse uma hora para chegar, incluindo aí uma caminhada de 15 a 20 minutos da estação São Paulo-Morumbi até o estádio. Na ida é uma beleza, mas na volta, o corpo pede arrego queridão (e o meu por razões óbvias que vocês verão a seguir, pediu) (risos).
Curiosidade: A quantidade de ambulantes e vendedores de camisetas e outros produtos piratas eram espantosos! Mal dávamos para caminhar pela calçada! Eu mesmo andei 80% do percurso pela avenida! Não acho certo, mas não condeno. Desde produtos até mais bonitos que oficiais, até cópias e imagens das mais ‘non sense’ e bizarras do mundo, tinha de tudo! A situação do povo brasileiro é complicada. Prefiro me abster totalmente de algum comentário.
Um pequeno adendo: não gosto de ir a shows no Morumbi se não for de pista premium ou próximo ao palco pelo simples fato que não foi feito para shows! Ponto final! Se você não fica próximo ao palco, esquece! Não se escuta nada ou fica tudo embolado com delay principalmente do som da bateria. O Allianz Parque (pronto torcedores do Palmeiras vão ficar em polvorosa de novo!) É O LUGAR PARA ISSO, pois é perfeito em todos os sentidos (exceto “ser” do time citado acima he he he).
Pois bem, chegando ao Morumbi pude notar logo de cara algumas sinalizações informando os portões, onde já fui direto ao portão da imprensa, diferente de outras vezes que tive que perguntar para vários funcionários do local, não que isso seja um elogio, mas toda e qualquer organização e sinalização adequada sempre é bem-vinda. Sem fila nenhuma, diferente da fila de pagantes, entrei sem nenhum problema, com atenção ímpar dos responsáveis ao credenciamento. Isso é uma coisa que gosto sempre de mencionar: o tratamento à imprensa que, ao contrário de muitos pensarem que não, estamos lá (também) a trabalho. Uma sala de imprensa bacana, com wi-fi, alimentação e algumas bebidas à vontade – por menores que sejam – são bem vistas pelos profissionais ali locados. Só tenho a agradecer pelo respeito. Um copo de água já valeria os elogios. Fica a dica produtoras! (risos).
EGO KILL TALENT:
Como cheguei relativamente cedo, fui até a pista premium e já pude notar uma coisa: LOTARIA! A quantidade de pessoas já naquela hora era descomunal, lembrando-se que era uma terça-feira, dia útil, e era aproximadamente 17h30 da tarde! Os anéis superiores já contavam com BASTANTE gente, a pista premium idem e a normal nem se fala, mais ainda. Ali já pensei que era melhor eu pegar meu lugarzinho e de lá não sair até o fim do show do Metallica. Foi o que fiz e lá no meio sempre é bom reencontrar os amigos e colegas de imprensa. Pois bem, sem maiores atrasos, tudo praticamente no horário, iniciou-se o show dos paulistanos do Ego Kill Talent. Sua sonoridade moderna atinge um público mais adolescente na minha opinião.
Não que os seus músicos sejam “modinhas” ou também “novinhos”, pelo contrário, um deles é Jean Dollabella (ex-Sepultura), que aqui toca também bateria e guitarra. Sim, os músicos trocam de instrumento praticamente em todas as músicas e isso para mim é digno de aplausos! São músicos MESMO! Tocam muitíssimo bem, são monstros no que se propõem a fazer, mas a sonoridade meio Post-Grunge não me cativa por ser muito “alternativo modernóide”, sem soar pejorativo, ok? Eu seria leviano se falasse mal, mas é somente questão de gosto pessoal mesmo.
O som estava impecável, todos instrumentos nítidos e bem timbrados, palco simples apenas com o logo no telão central, presença excelente de palco de todos mostrando muita confiança/experiência dos músicos ao trocar de instrumentos num crossover doido que deixaria a Marvel e a DC Comics com inveja. Como não sou um conhecedor de sua carreira, notei que tinham uma grande parte dos fãs ali cantando e se divertindo com eles, o que prova que são esforçados, profissionais e talentosos ao extremo. Pena que o velho aqui não consegue assimila-los como deveria, e olha que gosto de muita coisa mais atual e moderna. Parabéns ao pessoal da Ego Kill Talent e sucesso na jornada!
GRETA VAN FLEET:
Vou ser breve nessa parte: bagulho IN-SU-POR-TÁ-VEL. Me perdoem os fãs e essa mídia que endeusa esses moleques como a salvação do Rock! Como se o Rock necessitasse disso! Tocam bem? MUITO! São excelentes músicos? SIM. Agregam? NÃO! O clichê de cópia do Led Zeppelin para mim chegou no limite constrangedor deles fazerem no palco até os trejeitos, vestimentas, símbolos, tudo! Sério, é CONSTRANGEDOR!
Agora o pior ainda estava por vir e atende pelo nome Josh Kiszka (vocalista). Os berros desse garoto são tão estridentes, daqueles de machucar o ouvido, que temos a sensação que o cidadão está parindo um avestruz! Não sou uma pessoa de descer a lenha no trabalho alheio, eu gosto de críticas construtivas, mas juro para vocês não consigo aqui. Foi um verdadeiro carma para não dizer coisa pior ficar ali de pé aturando esse pessoal.
Já não sou um grande fã de Led Zeppelin, quiçá uma banda “cover autoral” deles. A única música deles que realmente acho bacana é “Highway Tune”, mas vê-la ao vivo não me fez muito bem por perceber que em estúdio eles são menos desagradáveis. Sinto muito dizer isso fãs, mas é um PORRE! Não consigo entender quem ou o quê trouxe essas bandas para abrir um show do Metallica.
De verdade, trouxessem o Sepultura então ou sei lá uma banda mais de acordo com a atração principal. Alguns vão falar que o som do Metallica virou comercial a um ponto que é chamado de pop, por isso bandas das mais diversas sonoridades podem se apresentar juntos e blá blá blá. BULLSHIT! E está aí a prova! Muitos ali presentes odiaram então creio que sou normal. Salvação do Rock é o meu ***.
METALLICA:
Depois do marasmo que parecia infinito veio a redenção! Os donos da porra toda entrariam no palco! Após um atraso de uns vinte minutos eis que “It’s A Long Way To The Top (If You Wanna Rock N’ Roll”, clássico imortal do AC/DC ecoou no som mecânico “avisando” – se você não lê as coisas por aí, saiba que essa é a deixa para o início do show, ok? – que a “missa” começaria. Luzes se apagam e nos telões ASTRÔNOMICOS (lembrem bem dessa palavra) passavam as imagens do clássico filme “Três Homens em Conflito”, de 1966 e estrelado por Clint Eastwood, com uma das MAIORES E MAIS EMOCIONANTES INTRODUÇÕES DE SHOWS DA HISTÓRIA DA MÚSICA “The Ecstasy Of Gold”, de Enio Morricone. Sim meus caros, para mim essa introdução é daquelas que tira a alma do seu corpo e a transporta para um mundo único se problemas, sem boletos, sem trânsito, sem merda nenhuma, só energia e diversão (sim, música para mim é diversão, por mais séria que ela possa ser).
A entrada apoteótica de costume, com direito a praticamente 90% do público filmando com celulares, dá lugar as primeiras notas e batidas de “Whiplash”. Aí meu caro, o negócio ficou divertidamente SÉRIO! Antes de começar os detalhes musicais queria comentar sobre o tamanho do palco, dos telões e da qualidade de som. Lembraram do “astronômico” lá em cima? Pois bem, multiplica por 10, pois chegava a ser assustadoras as proporções de tudo com os quatro tocando no palco.
Que o Metallica é uma das maiores bandas do mundo, se não a maior em termos de – todos – números (para mim agora foi provado que sim), eu fico pensando: “Esse management deve fazer reuniões (também) infindáveis antes de cada turnê colocando na mesa outra bandas que fazem espetáculos gigantescos e dessas reuniões as decisões são simples. Fazer mais! Ser maior! Usar mais! Aumentar a porra toda a enésima potência para engolir todo mundo com farinha (risos). E acreditem, engoliu o Kiss, Iron Maiden, U2, Rolling Stones e por ai vai. “Ah Johnny, que exagero! Você é ‘clubista sócio torcedor’! Não vale!”. Querido, se você discorda disso quem é sócio torcedor aqui não sou eu, e muito menos sou cego, ok?
Palco limpo, sem traquitana nenhuma, somente os quatro tocando e uns amplificadores pequenos quadradinhos que provavelmente eram para dar um ‘visualzinho mais roots’ naquela imensidão amplificada de tamanho e som. Cinco folhas de telões gigantescos, numa proporção de uns 15 James Hetfields de altura (risos), tudo em led de altíssima qualidade que beiravam os ‘900K ultra marciano hd’ que dava para sentir até o cheiro da imagem (risos). E o som? Meu pai do céu! A cada palhetada do James e batida do Lard despejavam uma pressão que te apertava o peito, sem brincadeira ou exagero. Um peso descomunal que não escutava há muitos anos. Me arrisco a dizer que NENHUM SHOW pós 89 – que eu assisti – tenha chegado perto. E foi assim durante T-O-D-O o set! Palmas para essa equipe de técnicos de som!
Voltando a apresentação, não quero soar redundante o tempo todo só tecendo elogios (merecidos, pois a banda estava tinindo da forma como eu gosto), mas apenas um detalhe me “constrangeu” um pouco que foi o fato de Kirk Hammett estar atualmente errando algumas coisas meio banais ao vivo. Eu prefiro mil vezes uma banda tocando despojada, curtindo estar ali no momento, sentindo a sinergia do público a uma banda reta, sem sentimento tocando igualzinho o disco (chupa Dream Theater!). Fica chato demais! Erros aqui e ali se tornam até ‘bacanas’ e mostra aquele lado humano do músico, mas errar bizonhamente o início de “One”, por exemplo, que toca em TODO SHOW há mais de 30 anos e enfiar wah-wah até onde não precisa/tem, dá aquela sensação de “epaaaa, peraeee”. Tá, não atrapalhou o show, obviamente, mas para quem sabe de cór e salteado todas as músicas até de trás para frente, nessa hora dá aquela – digamos assim – trocada de marcha errada, se é que vocês me entendem (risos).
Sobre os clássicos do início da carreira, depois de tantas décadas de crescimento (vulgo envelhecimento com qualidade), como foi o caso da própria “Whiplash” (e ainda abrir com ela, o que foi uma grata ‘surpresa’ pra mim), “Ride The Lightning” (soberba e que no dia teve um dos dois maiores pesos cavalares atravessando nosso peito), “Seek And Destroy”, dentre outras, dá aquele sentimento de gratidão por ter vivido na mesma época que esses caras. No meu caso, não quando esses clássicos foram lançados, pois só os conheci alguns poucos anos depois, mas ter envelhecido (eles bem e eu não ha ha ha) junto é uma coisa para se glorificar em pé.
A iluminação soberba de palco, raios laser que deixariam o Alok com vergonha, e os INCRÍVEIS efeitos pirotécnicos devem ser citados de forma a também glorificarmos em pé. A cada explosão, pelo menos que estava próximo do palco como eu, era como se o inferno fosse exposto a outro inferno do multiverso. O calor chegava a arder os olhos e o clarão transformava a noite em PURGATÓRIO ESCALDANTE. Sério, dava para ver até os rostos das pessoas que estavam na arquibancada, sem exageros! Que experiência inesquecível!
Crédito desconhecido
Em “Fuel”, depois que James brincou com o público a respeito da mulher que teve um bebê no show de Curitiba, constei tudo isso citado acima, com um show de imagens relacionadas ao tema intercaladas com a banda tocando numa edição genial. Insano! “Seek And Destroy”, dispensa apresentações, é aquela música ridiculamente simples cheia de energia que transporta a adolescência em questão de segundos. Ou vai dizer que você não lembra das presepadas que fazia nos shows ao ouvi-la antigamente? Melhor eu nem comentar (risos). E nela, mais uma vez as guitarras juntas soavam como tanques de guerra seguindo em marcha para o front! Vale um adendo: estão falando por ai que apareceu no telão o nome do “Estádio do Palmeiras” nessa hora, que a banda errou e blá blá blá, mas queridos amiguinhos contadores de historinhas doidos para ganhar like/confeti por aí: as imagens mostravam ingressos e flyers de shows que a banda fez tanto no Brasil como no mundo ok? Vão arrumar pelo em ovo em outro lugar. Ô gente perturbada das ideias!
“Holier Than Thou” foi a surpresa da noite, pois ninguém a esperava. Uma das mais pesadas de “Metallica”, 1991, eu eu simplesmente AMO (música é disco, para os puristas ‘zé colete’ se contorcerem no enxofre) foi um soco na cara! Perfeita execução, e essa sim parecia que foi tirada do disco, mas não ficou chata pois os caras SÃO OS CARAS que não precisam de confete ou serem autoindulgentes no palco depois de trocentos anos. “One veio na sequência, com milhares e milhares de celulares ligados, show de luzes, imagens de batalhas e soldados caminhando para a morte no telão, o erro do Kirk (risos) e o final apoteótico da música que dava vontade de bater até na mãe depois dessa levar sucrilhos na tigela na hora do café da tarde. Um momento. Eu disse dava? Hoje não tem sucrilhos, mas a vontade ainda aparece – e com força (risos) (sorry mamãe).
O arrasa quarteirão de “Sad But True”, que só perde para mim como uma das favoritas para “The Shortest Straw”, veio para martelar o público. O mais engraçado era que nos telões, nesse momento e a cada palhetada de James e Kirk – mais James, pois notei que a guitarra do Kirk na parte rítmica fica um pouco mais baixa – imagens de martelos batendo de forma ritmada eram expostos. Coincidência? Nem a pau! Me arrisco a dizer que, desde 1993, nunca tenha ouvido uma versão tão pesada como a dessa noite. Creio que até mais pesada do que eles faziam no ano de seu lançamento. Simplesmente B-R-U-T-A-L! E de se pensar que esses senhores com quase 60 anos nas costas estão esbanjando esse tipo de sonoridade e vitalidade é de se enaltecer mesmo.
James então pergunta sobre o álbum “St. Anger”, se era bom ou não. Ali em vi uma coisa engraçada: na frente do “homem” uma galera enorme levando o polegar dizendo que “sim”, “ok”, mas na internet esses mesmos “fracotes” descem o sarrafo (risos). Eu acho uma porcaria, ponto final. Tem grandes riffs que foram desperdiçados e jogados a esmo num som pobre, sem brilho e limítrofe, aceita que dói menos. Mas sim, tem duas músicas excelentes (e só) e umas trê boas e uma delas é “Dirty Window”. Achei que fossem tocar a faixa título, mas me enganei, veio a própria “Dirty Window” como outra surpresa do set. E não é que ficou bacana? Bem mais pesada ao vivo e com direito a solo de Kirk (meia boca e sem graça nenhuma, mas pelo menos é alguma coisa em relação ao “St. Anger”, não é mesmo?). Não foi um dos momentos mais memoráveis, mas valeu presencia-la ao vivo. Foi divertido.
As luzes se apagam e no som mecânico surge o início da orquestra tocando as primeiras melodias e compassos de “No Leaf Clover”! Uma baita música que foge um pouco dos padrões clássicos do Metallica, mas tem um encanto único que ao meu ver, em “S&M”, de 1999, ficou brilhante, o que não aconteceu no “S&M 2” (2019/2020). Aqui ficou bem próximo da versão de 1999, por isso achei sensacional! O vocal de James nessa é impecável.
Lars durante todo o setlist transbordou energia, vitalidade e acreditem se quiser, não constatei maiores derrapadas de andamento dessa vez! E era nítida a alegria e a empolgação dele, saindo todo momento de sua bateria e indo ao meio do palco interagir com o pessoal. Bom, espaço de sobra ele tinha.
Achei Rob Trujillo um pouco mais contido que o normal, sei lá, talvez era o cansaço, mas sempre suas performances são energéticas, técnicas e perfeitas. Um baita baixista correto, humilde e que casou perfeitamente na banda. Não é a toa que está lá a quase 20 anos! Mas, sinto falta da ‘tr00zisse’ de Jason, principalmente nos backing vocals e nas bangeadas, presença de palco e por ai vai. Isso é outra conversa. Em “For Whom The Bell Tolls”, Rob deu seu show de forma correta e impecável, mas me perdoem todos, nessa música não tem como não lembrar do saudoso Cliff Burton. Aquele cara não era humano! Sinos nos telões pareciam um ballet de imagens a cada fim de compasso dos riffs. Coisa linda!
E tome mais “Ride The Lightning” com “Creeping Death” tirando lágrimas de muitos marmanjos! Mas mais lágrimas ainda caíram – e me coloco nessa constatação – na próxima: “Welcome Home (Sanitarium)”! Isqueiros… ops, celulares ligados para cima davam um brilho peculiar a essa música e a execução dela foi, no mínimo, perfeita! Todos os quatro deram um show de coesão e sentimento! Essa faixa é uma obra prima que por obrigação deveria ser estudada por gerações e gerações! Encerrando a primeira parte veio a cacetada que sempre faz a alegria dos adoradores de rodas e perturbações físicas com os amiguinhos ao seu lado. Estou falando da clássica “Master Of Puppets”. Precisa dizer mais? Algumas rodas foram abertas, indo contra o pedido da produção, mas nessa hora o “foda-se” foi ligado sem dó nem piedade.
A banda sai do palco, mas retorna rapidamente com o som mecânico da faixa, e uma das melhores de “Hardwired To Self-Destruct” (2016), “Spit Out The Bone”. Nos telões a imagem da bandeira do Brasil, que naquela proporção astronômica (lembra?) ficou linda e com o logo do Metallica em preto no meio. O peso e a violência que essa música emana nem parece que saiu do último álbum de estúdio da banda até então, parece que veio de clássicos peso pesados do passado! Simplesmente uma “ignorância” vê-la e curti-la ao vivo. Uma das minhas preferidas atualmente também.
Luciano Piantonni
Crédito desconhecido
Notaram que momentos de calmaria foram praticamente zero? Pois bem, chegou o momento para isso com “Nothing Else Matters”. Nenhum ser humano pode falar que essa música é ruim, pois até Sir Elton John elevou-a ao Olimpo das grandes composições, mas ninguém aguenta mais. É uma descarga de água fria, mas tudo bem, deu tempo para dar aquela esticada na coluna, ida até a sala de imprensa tomar uma água e… NÃO CONSEGUIR VOLTAR! Sim! Era impossível voltar e percebi que ia ser um caos astronômico (de novo!) a saída do Morumbi. Nessa hora que tentei voltar, o peso da idade caiu e a coluna desse cidadão aqui deu a famosa “chorada” em formato de estalo. Mal conseguia respirar, o estrago foi grande.
Sabendo que ainda restava “Enter Sandman”, e que o horário para voltar ao metrô já estava batendo no vermelho acabei saindo ao som de “Exit, Light! Enter, Night!”, já na rua vi que perdi a queima de fogos e o final apoteótico, mas pude assistir depois em casa nos vídeos do youtube. Uma pena, mas era preciso. Pude notar a fumaça e ver os fogos pelo lado de fora e, meus caros, a coisa foi louca! Todo mundo na rua parava para olhar, foi descomunal.
Crédito desconhecido
Queria ter ouvido uma “Harvester Of Sorrow”, “Trapped Under Ice” ou até mesmo “The Shortest Straw”, mas não tenho o quê reclamar. Creio que só a “Nothing Else Matters” mesmo. Ah, a minha volta? Deixa pra lá, quem me conhece sabe o quanto sofri (risos), mas valeu cada suor, cada minuto de pé assistindo aquelas tranqueiras (com respeito) no início, cada fisgada na coluna até chegar em casa e, principalmente, cada instante vendo os SOBERANOS tocando dentro da casa dos SOBERANOS. Chora! Depois dessa, fui! (risos)
Te aguardo novamente James, Lars, Kirk e Rob, pois depois de ontem ficou nítido que o fim está bem longe ainda (graças a Deus!).
Obrigado Live Nation e Motisuki PR pelo respeito, parceria e credenciamento!
Setlist Metallica:
The Ecstasy Of Gold (Intro)
Whiplash
Ride The Lightning
Fuel
Seek & Destroy
Holier Than Thou
One
Sad But True
Dirty Window
No Leaf Clover
For Whom The Bell Tolls
Creeping Death
Welcome Home (Sanitarium)
Master Of Puppets
Spit Out The Bone
Nothing Else Matters
Enter Sandman