Sepultura – “SepulQuarta” (2021)

Sepulquarta
Compartilhe

Sepultura“SepulQuarta” (2021)
Nuclear Blast Records | BMG
#ThrashMetal, #GrooveMetal

Para fãs: Crowbar, Gojira, Anthrax, Machine Head, Exhorder

Nota: 9,0

O Sepultura, em 2020, lançou não somente um dos melhores álbuns no ano, como também de sua longínqua carreira. “Quadra” não só seguiu a evolução de seu antecessor “Machine Messiah”, como também o superou de forma que encontra-se realmente sua nova fórmula. Uma pena não podermos, ainda, curtir essas novas músicas por conta da pandemia, mas eis que agora fomos pegos de surpresa. O mundo parou, as turnês todas caíram e os “cães” das estradas foram obrigados a ficarem trancafiados em suas casas. Reinventar-se não era uma opção, era obrigação. E aí, eis que surge o evento semanal no canal no youtube da banda chamado “Sepulquarta”, uma maneira que o Sepultura encontrou para se manter na atividade. E sejamos realistas, foram gênios ao convidar pesos pesados da música mundial para executarem “collabs” tocando junto músicas da banda.

Aí, nada mais justo que um álbum fosse lançado contendo essas peripécias. Um álbum FANTÁSTICO, onde a tecnologia foi aliada e membro permanente do Sepultura. Uma verdadeira cartada de mestre apresentando músicas mais recentes e outros grandes clássicos interpretados todos a distância, inclusive os convidados.

Diversas músicas que temos aqui foram gravadas num smartphone em casa, às vezes no quintal ou qualquer lugar inusitado e posteriormente enviado para que a magia fosse feita. Não houve nenhuma limitação, o grupo usou e abusou de tudo, dois guitarristas, 3 vocalistas, 2 baixos, 3 baterias e o melhor de tudo, funcionou muito bem, obrigado!

São 15 músicas com convidados de bandas como Megadeth, Testament, Anthrax, Korzus, Motörhead, Death Angel etc. A maioria das músicas seguiu uma certa originalidade, mas isso não significa que não temos ousadias — Devin Townsend em “Mask” realizando um caos único, Danko Jones numa brilhante versão de “Sepulnation” e “Hatred Aside” com Fernanda Lira (Crypta), Mayara Puertas (Torture Squad) e Angelica Burns (Hatefulmurder) urrando muito são apenas alguns grandes destaques de todo o álbum.

Vale também destacar a clássica batucada de “Ratamahatta” — com João Barone (Paralamas do Sucesso) e Charles Gavin (Titãs), e a delirante e hipnótica “Kaiowas” contando com Rafael Bittencourt (Angra), onde todos estão carecas de saber que carregam a musicalidade brasileira no seu teor mais alto dentro do Sepultura, mas aqui transcendeu a níveis cavalares de beleza, principalmente em K“Kaiowas”.

Algo saiu errado? DE MANEIRA ALGUMA! Você nota diferença de faixa para faixa? NÃO, NENHUMA. Isso mesmo, a qualidade está indiscutível e você não sente absolutamente nada fora do lugar. As timbragens estão “na cara” e os efeitos de voz, por exemplo, não encobrem a nitidez do que está sendo cantado, tudo isso graças a Jens Bolgren, que pode ser considerado na atualidade como um dos melhores produtores dentro do segmento metal — o que ele fez aqui nessa “brincadeira” é digno de Grammy.

Após tantos anos, é incrível como a banda gosta de mover-se adiante, jamais sentar a bunda no sofá e esperar receber os louros do passado — é uma constante mutação. “SepulQuarta” não é legitimamente um trabalho de estúdio, nem um novo ao vivo propriamente dito, apenas o considere como uma loucura que um Sepultura inquieto aproveitou seu tempo da forma correta, sem ficar por ai xingando as pessoas gratuitamente.

William Ribas

Compartilhe
Assuntos

Veja também