Slayer – “God Hate Us All” (2001)

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Slayer“God Hate Us All” (2001)
American Recordings
#ThrashMetal, #GrooveMetal

Para fãs de: Exodus, Death Angel, Kreator

Nota: 8,5

Quando o Slayer lançou esse álbum, o oitavo de estúdio, em 11 de setembro de 2001, a banda assim como todos nós, não tinha conhecimento dos eventos trágicos que aconteceriam mais tarde naquele dia. Embora o título do álbum pareça encaixar perfeitamente nos eventos e na situação dos EUA durante os próximos anos, “God Hate Us All” foi um ataque sem misericórdia ao cristianismo, complacência e conformismo, que se destacou como um dos lançamentos mais agressivos da banda até hoje, comemorando 20 anos.

“God Hate Us All” foi o primeiro sem contar com a longa parceria da banda com o produtor Rick Rubin, substituído por Matt Hyde, e teve Kerry King (guitarra) assumindo um papel maior nas composições das letras, o que levou a uma abordagem mais brutal no material. As imagens satânicas, relatos sobre serial killers e elementos mais fantasiosos deram lugar a temas mais contemporâneos, mais realistas como a desilusão com a religião, crueldade e destruição em massa. Um bom exemplo é o trecho de “Cast Down”, que ajuda a entender a mentalidade de King na época: “Despair, emptiness/See the hatred wasted on yourself/Face down taste the dust/It’s getting harder everyday/Just to find a reason not to end it all yourself.”

Em entrevista King comenta “Não há elementos satânicos ou sobrenaturais no álbum. É apenas mais sobre coisas com as quais as pessoas podem se identificar. Todos os nossos álbuns estão com raiva, mas este está realmente chateado porque está voltado para dentro. Normalmente sou o cara assustador do Dungeons & Dragons. Neste disco, tomei uma decisão consciente de não fazer isso. Eu queria manter nossos temas obscuros, mas também escrever coisas com as quais as pessoas possam se identificar. Tentei pensar sobre o que me irrita e por que e como as pessoas podem se relacionar com isso, em vez de dizer, ‘O diabo está aí, fodendo sua mãe’, ou algo assim. ”

Deixando a temática ainda mais explicita, a capa mostra pregos em uma bíblia suja de sangue. King ainda queria que os pregos formassem um pentagrama, o que foi rejeitado pela gravadora. Ela ainda seria banida em vários lugares, o que levou a uma capa alternativa para que o disco pudesse ser colocado nas prateleiras.

Agora falando das faixas, após a introdução “Darkness of Christ” a banda nos presenteia com uma das faixas mais pesadas e intensas já feita. “Disciple” tem sua letra carregada de ódio, sejam nos instrumentos ou nos vocais insanos de Tom Araya. A dupla King/Hanneman despeja riffs e mais riffs com capacidade de destruição em massa, além da bateria de Paul Bostaph que fez um trabalho incrível em todas as faixas do disco. Destaque para o insano refrão, que fala com todas as vozes que Deus odeia nós todos.

“God Send Death” tem uma levada mais grooveada, mas sem deixar o peso de lado, e mais uma vez Tom Araya faz um trabalho vocal incrível com seus gritos característicos, além de contar com solos de guitarra matadores.

A já citada “Cast Down” traz o baixo de Araya pulsando na cara, logo a música toma um ritmo perfeito para bangear. Ela fica mais lenta na metade, mas sem perder a pegada e a agressividade. “Bloodline” também tem o ritmo grooveado, e é uma das melhores do disco, com um solo um tanto “diferente” de King e novamente destacando a bateria de Bostaph. Ela teve um vídeo clipe disponibilizado onde a banda aparece alternando em roupas normais, ternos e roupas completamente cobertas de sangue, além de toda a sala que estão.

“Payback” fecha o álbum cheia de velocidade e com uma letra violência, sendo uma das favoritas na época do lançamento. Um trecho ajuda a explicar a preferência, já que ela tem carrega todo o ódio que as pessoas, principalmente os jovens, tinham consigo:

You need to take a closer look at me
Cause I was born to be the thorn in your side
No matter what you think you’re gonna see
You never wanted this barrage of fucking pride
You don’t want none of me

You’ve got a fucking catheter in your brain
Pissing your common sense away
When you draw first blood you can’t stop this fight
For my own peace of mind – I’m going to
Tear your fucking eyes out
Rip your fucking flesh off
Beat you till you’re just a fucking lifeless carcass
Fuck you and your progress
Watch me fucking regress
You were made to take the fall – now you’re nothing
Payback’s a bitch motherfucker

O álbum atingiu o nº 28 da Billboard 200, vendendo 51 mil cópias na primeira semana, e já bateu na casa das 500 mil cópias nos Estados Unidos. A banda ainda foi indicada ao Grammy Award pela música “Disciple”. “God Hates Us All” é uma prova do impacto da banda no metal, um clássico moderno que faz jus às suas melhores ofertas e que todos estaremos ouvindo muito tempo depois, mesmo após o fim da banda.

Lucas David

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