Summer Breeze Brasil (29/04/2023)

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Summer Breeze Brasil (29/04/2023)

Dia 1 (Sábado)

Hot Stage: Voodoo Kiss, Marc Martel, Skid Row, Lamb of God, Blind Guardian

Ice Stage: Benediction, Shaman + Viper + Felipe e Rafael (Angra), Sepultura, Stone Temple Pilots

Sun Stage: João Gordo/Brutal Brega, Crypta, Lord of the Lost, Perturbator, Accept

Waves Stage: Première André Matos Ep.2, Tuatha de Danann, Bruce Dickinson (palestra), MMA Experience Trio, Summer Talk, Apocalyptica

Local: Memorial da América Latina, São Paulo/SP
Produção: Free Pass Entretenimento, Roadie Crew e Summer Breeze
Assessoria: Agência Taga

Texto por Johnny Z. e Luiz Gustavo Santos
Fotos por Johnny Z., André Tedim
(@andretedimphotography) e Leandro Almeida (@leandroalmeidashow)

ESTRUTURA E ORGANIZAÇÃO:

Desde o primeiro dia de divulgação do que viria a ser o Summer Breeze Brasil, me veio na cabeça aquela tentativa antiga da Roadie Crew – a maior revista de Rock e Metal na América do Sul – de fazer um Wacken Brasil e que infelizmente acabou não dando certo.

Sinceramente, e na minha humilde opinião, ler “Summer Breeze Brasil” me soou muito melhor aos ouvidos que um “Wacken”, pois todos sabem que Wacken é um município localizado no distrito de Steinburg, estado de Schleswig-Holstein, na Alemanha. Já “Summer Breeze”, não nos remete a nenhum lugar específico, somente encabeça o nome de um dos maiores festivais europeus do mundo. Primeiro ponto para os organizadores (vai somando).

A escolha do Memorial da América Latina, centro culturaL localizado na Barra Funda, zona oeste da capital paulista, foi a melhor e mais genial escolha possível devido a sua fácil localização, ter literalmente o metrô caindo praticamente dentro, espaço plano e amplo cheio de atrações – além dos shows, claro – que mostrou ser uma verdadeira experiência “internacional” dentro do Brasil. Segundo ponto para os organizadores!

Como cheguei bem cedo em ambos os dias, não tenho informações visuais de grandes filas nos vários portões de entrada, pois a entrada para credenciados era em outro local, também de fácil acesso. Mais dois pontos para os organizadores.

Segurança e profissionais gabaritados das mais variadas atividades e serviços eram encontrados em todo e qualquer lugar, que vale destacarmos que estava tudo muitíssimo bem sinalizado. Não está perdendo a conta dos pontos, certo?

Os palcos principais, Hot Stage e Ice Stage, ficava situados na parte maior do Memorial, vulgo próximo ao monumento/escultura da mão espalmada, também, criado pelo arquiteto Oscar Niemeyer, em homenagem às lutas dos povos da região por liberdade, soberania e justiça social. Já o Sun Stage (menor) e o Waves Stage (indoor) ficavam do outro lado, subindo a passarela que foi usada para interligação de ambos espaços.

Um clima incrível ir de lado a lado e não ter que andar ‘quilômetros’ como foi no Knotfest ano passado (risos). Nessa parte, tínhamos lojas de discos/cds, diversos stands de comida e bebida, exposição/lojas geek (inclusive algumas pessoas apareciam vestidas de personagens de filmes famosos de terror e suspense andando entre o pessoal), estúdios de tatuagem, loja de merchandising oficial do evento, espaço kids, enfim, uma série de outros atrativos que pareciam uma Disneylândia para quem estava ali presente.

Logicamente que, num evento desse porte, tínhamos milhares de banheiros químicos espalhados por todos os lados e, principalmente, água potável gratuita para quem necessitasse. E acredite, TODOS precisavam e muito, pois fez (nos dois dias) um calor e um sol daqueles de fritar carecas em questão de segundos (risos). Mais pontos para as contas!

Na parte dos fundos dos palcos principais, mais stands de comida, bebidas, espaço para cadeirantes, descanso, tudo muito bem localizado e disposto. Palmas para a logística e disposição de tudo nesse projeto! Apenas 2 pontos negativos tenho que deixar salientado nesse quesito:

1) Apenas uma entrada lateral pela direita que dava acesso a pista premium/vip que dava acesso aos dois palcos, o que em um show específico (final do Viper/Shaman, no Ice Stage, para início do Skid Row, no Hot Stage) foi um verdadeiro caos. As pessoas que queria ver o Skid Row se chocaram com que queria sair do Viper/Shaman dando um princípio de empurra-empurra e esmagamento que este quem vos fala quase bateu as botas. Ao meu ver, uma outra alternativa de acesso aos palcos, pelo lado esquerdo, seria o ideal e evitaria esse caos. De verdade, cheguei a passar mal com a falta de ar e aperto, e eu sou – digamos assim – ‘recheado’ de carne (risos). Somente nesse episódio ocorreu isso, não notei mais em nenhuma outra troca de shows entre os palcos (que eram um ao lado do outro).

2) Quem estava na pista normal e queria ir para o outro lado do Memorial, a única forma era passar pelo meio do público, pois ao final, atrás dos stands de comidas, não tinha um acesso para isso, o que pude constar algumas ‘encrequinhas’, pois passavam sempre na frente de quem queria assistir aos shows por aquela região.

A questão dos palcos, som*, iluminação, horários dos shows seguidos à risca (exceto ao Viper/Shaman que estourou um pouquinho seu tempo, mas não atrapalhou em nada o andar do evento), tudo, vejam bem, eu disse TUDO, é motivo de aplausos! Como disse lá no início, me senti num evento internacional no quintal da minha casa. Simplesmente S-E-N-S-A-C-I-O-N-A-L ter vivido essa experiência primeiramente como fã e, logicamente, como imprensa credenciada. PALMAS PARA TODOS OS ORGANIZADORES!

* aqui uma pequena ressalva na altura da bateria e dos bumbos que, para quem estava na pista vip/premium, ou teve um infarto ou saiu de lá, no mínimo, com taquicardia de tão alto (risos). Certas horas, e em alguns shows, era tão alto que só se escutava ela. Principalmente nos primeiros shows de cada dia.

SHOWS E ORDEM DAS APRESENTAÇÕES:

Na minha modesta opinião, não tenho grandes reclamações, talvez apenas uma sensação de que algumas bandas deveriam estar em palcos diferentes. Ao meu ver, Stone Temple Pilots – que fez um baita show, diga-se de passagem – deveria estar no Sun Stage, e o Accept no Ice Stage por conta de ser uma banda mais clássica e relevante ao metal. Marc Martel, totalmente deslocado do festival, eu teria colocado a Crypta no lugar.

Outra coisa, e aí já é uma opinião bem pessoal mesmo, Parkway Drive fechando uma noite achei meio estranho. eu teria colocado o Kreator, mas como disse, não tenho conhecimento apurado sobre o Parkway Drive o suficiente, assumo (risos).

Não vou entrar no demérito de que alguns shows coincidiram os horários, não tem como agradar a todos num festival cheio de atrações, três palcos em dois dias. Inevitavelmente quem vai sabe que terá que fazer escolhas. Como só fomos em um repórter e um fotógrafo, tive que fazer algumas, e não me arrependo disso. Não me xinguem se vocês não encontrarem aqui nada sobre algumas bandas, ok? (risos)

VOODOO KISS:
Texto e Fotos por Johnny Z.

Abrindo o festival, a banda do dono da marca Summer Breeze, o baterista Achim Ostertag, entrou no palco pontualmente num calor que esturricava nossas cabeças e com poucos presentes. Inegavelmente, ninguém que estava ali conhecia sequer uma nota da banda.

Eu, e praticamente 99,99% dos poucos presentes nessa hora, não conhecia praticamente nada deles, mas o que logo na primeira música pude identificar como um Hard N’ Heavy numa pegada Primal Fear sem peso e mais Classic Rock. Sim, um som simples, honesto e um pouco genérico, mas o destaque vai para seu vocalista Gerrit Mutz que canta numa espécie de Ralf Scheepers com nosso Mário Pastore sem tanto ‘punch’ e potência.

Não é uma banda ruim, longe disso, é agradável exatamente pelo seu teor mais intimista e oitentista, mas acredito que só estava ali – e não levem isso de forma pejorativa – por razões óbvias (risos).

Um fato curioso é que a cantora Steffi Stuber (Mission In Black e participante do The Voice alemão em 2019), mais voltada para o metal mais pesado, veio dividindo os vocais e backing vocals com Gerrit. Não sabemos se fará parte da banda efetivamente, então vamos fazer de conta que sim (risos).

Um show morno, mais honesto que teve muito respeito por parte dos poucos presentes.

BENEDICTION:
Texto e Fotos por Johnny Z.

Aí sim o negócio mudou completamente de figura, pois estavamos diante de um dos ‘fortes soldados’ do exercito do Death Metal. Com um público bem maior, os ingleses comandados pelo monstro Dave Ingram (vocal), entraram no palco destruindo tudo, inclusive nossos tímpanos. Vale destacar que a banda hoje tem somente os guitarristas originais Darren Brookes e Peter Rew, além de Dave – que retornou a banda em 2019 – como membros originais e/ou mais clássicos na formação. Completam o time Giovanni Durst (bateria) e simpaticíssimo – e aparentemente bem mais novo – Nik Sampson (baixo).

Com uma qualidade de som potente, muito pesada, com destaques para os vocais de Dave e as guitarras de Darren (principalmente) e Peter, junto a bateria estupidamente alta (mas não atrapalhou, juro para vocês!), entraram com os dois pés no peito de todos que queria porrada no festival. E literalmente receberam aquilo que queriam, pois o quinteto despejou uma fúria e violência digna de aniquilação em massa.

Dave Ingram, além de ter uma das vozes mais cavernosas e potentes do Death Metal mundial, é muito simpático e bem-humorado, brincando e interagindo muito com os presentes. Inclusive elogiou as primeiras rodas formadas no festival, mesmo que pequenas na pista normal.

A única banda de metal extremo no primeiro dia de festival não só deu uma aula de intensidade e porradaria, como também trouxe um setlist redondinho contendo clássicos do maravilhoso “Transcend The Rubicon” (1993), “Grind Bastard” (1998), “Subconscious Terror” (1990) e, logicamente, o mais recente e magistral “Scriptures” (2020), talvez um dos melhores da carreira dos ingleses.

A presença de palco de Dave e Darren ganham qualquer fã do estilo, pois os caras só por estarem ali na sua frente vale cada centavo pago. Já Peter Rew é bem contido, mal se movimenta, mas tem uma palhetada ignorante também. Simplesmente um dos mais violentos e melhores shows do festival!

Setlist:

Divine Ultimatum
Scriptures in Scarlet
Vision in the Shroud
Unfound Mortality
Nightfear
I Bow to None
Progenitors of a New Paradigm
The Grotesque
Foetus Noose
Jumping at Shadows
Subconscious Terror
Stormcrow
Magnificat

MARC MARTEL:
Texto por Johnny Z. | Foto por André Tedim

Se você vive em Plutão não sabe quem é Marc Martel, mas vou dar uma ajuda: é a voz do Freddie Mercury durante as músicas no filme “Bohemin Rhapsody”.

Tentarei ser o mais respeitoso possível, mas, como disse lá em cima, totalmente deslocado do festival sabendo que teríamos bandas de estilos mais acessíveis no cast. Mesmo tendo toda a qualidade que sabemos que têm, e sua voz ser praticamente idêntica ao de Freddie Mercury, muitos curtiram essa que é nada mais nada menos que uma banda cover/tributo de/ao Queen, que executa de forma precisa faixas que dispensam comentários, ou seja, até sua avó que mora no interior de Goiás, com 95 anos de idade e praticamente surdinha coitada, conhece e canta como se fossem jingles do programa do Sílvio Santos.

Foi ruim? Não, de forma alguma, mas sinceramente não achei uma escolha acertada para o Hot Stage, talvez para o Sun Stage ou no melhor dos casos, o Waves Stage. Gente, era uma banda excelente diga-se, mas cover.

Agora, se você fechar os olhos, e entrar na vibe, imersão mesmo, vai jurar que Freddie voltou ao mundo de tão impressionante que é a voz de Marc. E a banda cumpriu muitíssimo bem seu papel tocando de forma fiel e respeitosa aos clássicos. Inclusive, executaram a faixa que mais gosto do Queen, “Hammer To Fall” de forma primorosa!

No geral, acabou agradando e serviu como um show para se divertir e descansar um pouco, pois o sol estava bravo! Confira o setlist abaixo e veja se não foi jogo ganho, mesmo eu achando deslocado.

Setlist:

Tie Your Mother Down
Hammer to Fall
Under Pressure
I Want to Break Free
Bohemian Rhapsody
Crazy Little Thing Called Love
Another One Bites the Dust
Stone Cold Crazy
Don’t Stop Me Now
Radio Ga Ga
Somebody to Love
We Will Rock You
We Are the Champions

VIPER + SHAMAN + RAFAEL E FELIPE (ANGRA):
Texto por Luiz Gustavo Santos. | Fotos por André Tedim

A esperada homenagem ao Maestro André Matos teve início às 14h no Ice Stage. Encarregado de iniciar os trabalhos, o Viper enfrentou dois tipos de problemas.

O primeiro com o som do palco, que deixou o incrível vocalista Leandro Caçoilo no vácuo por boa parte da primeira música (a paulada e nova faixa “Under the Sun”), além de variar em altura e equalização durante a apresentação.

O segundo problema foi a execução da própria banda, que, como bem sabemos, vem passando por certos percalços. De todo modo, a galera embarcou e cantou junto, fazendo um lindo coro na lendária “Living for the Night”.

Depois, entrou em cena o Shaman (sem Ricardo Confessori e com Rodrigo Oliveira, do Korzus, no lugar), e a qualidade de som melhorou de imediato. Tendo como convidados Rafael Bittencourt e Felipe Andreoli, ambos do Angra, a banda fez um catadão de clássicos próprios (“Turn Away” levantou a galera) e, obviamente do Angra, sempre de forma descontraída e um tanto improvisada.

Ao final, com quase 10 músicos do chamado “Angraverso” no palco, a clássica “Carry On” terminou de maravilhar o ótimo público já presente nos palcos principais.

Em resumo, dá para dizer que, como show, não foi nenhum primor devido a clara falta de ensaios – como os próprios músicos comentaram -, mas valeu muito pela homenagem ao mestre. Agora, Pit Passarell, o senhor é uma lenda do metal brasileiro, pare de passar vergonha em cima do palco.

SKID ROW:
Texto por Johnny Z. | Fotos por André Tedim

Um dos shows que eu mais estava empolgado em assistir, já que sou um grande fã da banda desde o seu primeiro disco homônimo lá em 1989, e, principalmente, o fabuloso “Slave To The Grind”, de 1992. Após a saída do Sebastian Bach, nada me agradou e acabei deixando a banda completamente de lado. Mas, com a entrada do fantástico Erik Grönwall, ex-H.E.A.T, a banda renasceu dos mortos e do ostracismo, pois encaixou tão perfeitamente na banda que acredito que ninguém vai se lembrar que um dia existiu Sebastian Bach.

Erik não só foi a peça que faltava, como também energizou todos da banda de tal forma que parece nunca ter existido uma lacuna entre a saída do Sebastian e a entrada dele. Com todo respeito ao falecido Johnny Solinger e aos outros vocalistas que nem chegaram a gravar nada com a banda, mas Erik trouxe a banda de volta ao gosto popular geral de quem curte Hard Rock e Heavy Metal de uma forma pouco vista com vocalistas suplentes!

Como dito lá em cima, o início do show foi tumultuado. Um verdadeiro caos, aperto, empurra-empurra, e para piorar o som estava completamente inaudível. Nada se ouvia na primeira e um pedaço da segunda música, só um barulho ensurdecedor como uma turbina de avião. Sinceramente , achei que alguém se machucaria ou entraria em pânico com o aperto ali na pista premium. Ainda bem que depois tudo se acalmou e melhorou.

Com o som já equalizado, microfone ligado, tudo funcionando perfeitamente, pudemos ver o poder de fogo desses americanos (exceto Erik que é sueco) no palco. Entrosadíssimos, pareciam que já estavam juntos há anos!

Uma avalanche de clássicos e pedradas – cantadas da forma e timbre corretos – para enlouquecer os amantes dos anos 90, e acreditem: tinham muitos que só foram para vê-los!! De verdade, eu senti aquela vibe pesadona do “Slave To The Grind” de volta! “Big Guns”, “18 & Life” (enlouquecendo geral!), “Piece Of Me”, “Monkey Business” (ovacionada por todos), “In A Darkened Room” (olha, essa me tirou lágrimas!), “Youth Gone Wild”, transformou a pista numa verdadeira reunião de amigos da “MTV” (risos)

Apenas duas faixas do excelente novo álbum com Erik foram tocadas, “Time Bomb” e a faixa título “The Gang’s All Here”, mas fizeram um show espetacular. Outro grande candidato a melhor do evento!

Agora, deixa eu dar uma de fã aqui: banda coesa, brilhante, se divertindo (de novo) e um Erik completamente insano!!! O que esse moleque canta não está escrito!! O Skid Row pode se gabar que renasceu depois de enterrado por décadas como uma fênix cheia de raiva, vontade de explodir novamente e cheio de uma nova e energizada alegria pulsante! Segura esses caras, vão arrebentar novamente!

Setlist:

Slave to the Grind
The Threat
Big Guns
18 and Life
Riot Act
Piece of Me
Livin’ on a Chain Gang
Time Bomb
Monkey Business
In a Darkened Room
The Gang’s All Here
Youth Gone Wild

SEPULTURA:
Texto por Johnny Z. | Fotos por André Tedim

Confesso para vocês que, contra minha vontade, acabei perdendo metade do show do Sepultura para dar uma sentada, hidratada e comer alguma coisa. Sorte que consegui chegar a tempo de pegar a estreia da estupenda música “Ali”, do mais recente álbum “Quadra”, que foi tocada pela primeira vez desde seu lançamento. Para isso, Andreas Kisser (guitarra), Derrick Green (vocal), Eloy Casagrande (bateria) e Paulo Jr. (baixo) convidaram o DJ de Dubstep Babylons P e despejaram um porrada voluptuosa de fazer nossos tímpanos sangrarem.

Um dos shows mais pesados e bem tocados que vi da banda nos últimos anos, que tirando a excelente surpresa com a presença de “Ali” no setlist, não trouxe muita novidade aos presentes, “apenas” bom gosto, energia e a certeza que a banda tem SIM sua relevância intacta. É diferente de antigamente? Sim, muito, mas tão boa quanto! Chorem a vontade!

Além de uma apresentação pesadíssima e coesa como de costume, destaco, também, a soberba apresentação da faixa “Agony Of Defeit”, que com os vocais limpos de Derrick, para mim é uma das melhores faixas da carreira da banda pós-Cavaleras, e ao vivo é incrível!

Agora uma opinião pessoal: está na hora de mudar um pouco essas músicas antigas no setlist! Com tantos clássicos, tocarem sempre as mesmas fica meio previsível demais. Inegável a relevância e grandiosidade de uma “Territory”, “Refuse/Resist”, “Arise”, “Roots Bloody Roots”, ninguém está falando o contrário, sendo que algumas delas são até obrigatórias para uma grande parcela dos fãs, mas eu ainda acho que uma alternância como o Metallica faz em seus shows seria benéfico até para os músicos.

Setlist:

Isolation
Territory
Means to an End
Kairos
Propaganda
Guardians of Earth
Ali
Agony of Defeat
Refuse/Resist
Arise
Ratamahatta
Roots Bloody Roots

BRUCE DICKINSON (PALESTRA):
Texto por Luiz Gustavo Santos | Fotos por Leandro Almeida

O lendário vocalista do Iron Maiden é possivelmente o músico que mais admirei durante minha vida. E vê-lo assim, bem de perto, batendo papo, sem os subterfúgios do palco, e sentado confortavelmente em um lindíssimo teatro, foi uma experiência absolutamente inesquecível.

O teatro, chamado no festival de “Waves Stage” e só acessível para quem comprou o ingresso Summer Lounge, tem capacidade para 1.800 pessoas e não chegou a encher. Boa parte da galera preferiu ver o Sepultura, que tocava no palco Ice Stage.

Quem foi, viu um Bruce hiper-ativo e profissional (talvez um pouco demais) e uma palestra que passa pelos pontos principais do livro “What Does This Button Do”, lançado anos atrás. São histórias que vão desde a juventude de Bruce, antes da fama, até os recentes empreendimentos no ramo da aviação, passando pela derrota imposta ao câncer e, claro, por muita música. Tudo contado com um humor tipicamente britânico que arrancou bons risos da galera.

Até a próxima, Bruce, nos veremos em breve num palco gigante e cheio de explosões, só que dessa vez com música tá?

LAMB OF GOD:
Texto por Luiz Gustavo Santos | Fotos por André Tedim

Consagrada há tempos nos Estados Unidos, e encabeçando nos últimos anos grandes festivais europeus, o Lamb of God sem sombra de dúvidas se tornou uma das maiores bandas de Metal da atualidade. Tenho a impressão de que os americanos poderiam ser bem maiores no Brasil se “investissem” um pouco mais no nosso público.

De todo modo, o show que teve início por volta das17:30 no Hot Stage estava bem lotado, embora muita gente não conhecesse a fundo o som da banda. Repleto de clássicos e passeando por toda a já longeva carreira, o repertório de cerca de uma hora certamente deixou os fãs da banda com dores no pescoço pelo resto da semana.

Em um show próprio, eu gostaria de ter ouvido mais músicas do excelente “Omens” (2022), mas para um festival não dá para negar que o negócio é acumular hits. E deu certo. Como é de costume, o show foi super energético, super alto (as vezes quase ensurdecedor) e levantou a galera com “Memento Mori”, “Now You´ve Got Something to Die for”, “Laid to Rest”, entre outras. Numa próxima, merecem ser headliner!

Setlist:

Memento Mori
Ruin
Walk With Me in Hell
Resurrection Man
Ditch
Now You’ve Got Something to Die For
Contractor
Omerta
Omens
512
Laid to Rest
Redneck

ACCEPT:
Texto por Johnny Z. | Fotos por André Tedim

Para alguns – e eu me incluo nisso – uma tremenda injustiça/erro, termos essa instituição alemã do Heavy Metal, mesmo que apenas um membro original faça parte, alocada no palco Sun Stage. Não sei o motivo que a organização achou correto essa disposição, já que no palco Iced Stage, e no mesmo horário, tivemos o Stone Temple Pilots, outra um pouco deslocada do evento por ser meio grunge e meio alternativa demais para a maioria dos presentes.

Optei por assistir metade do show do Accept e metade do Stone Temple Pilots. Creio que foi a melhor decisão, pois pude presenciar dois excelentes shows. No lado do Accept, a banda que agora só conta com Wolf Hoffmann (guitarra) como membro fundador, entrou no palco – menor, diga-se – do Sun Stage com um público enorme! A passarela que ligava ambas partes do Memorial/Palcos parecia algum tipo de êxodo populacional de emergência provando que a engenharia da estrutura realmente foi bem calculada.

Obviamente, que curte algo mais Heavy Metal não ficaria no Stone Temple Pilots, então “migraram” para o Sun Stage lotando aquele lugar de uma forma única.

O agora sexteto formado por Mark Tornillo (vocal), Martin Motnik (baixo), Uwe Lulis (guitarra), Philip Shouse (guitarra), Christopher Williams (bateria), além de Wolf, mesmo descaracterizado depois da saída de Peter Baltes (baixo, agora no UDO), mostrou que não tem essa de “palco alternativo”, ou “palco menor”. Simplesmente foram lá e ARREGAÇARAM!

O som não estava em sua total excelência, mas não atrapalhou absolutamente em nada, pois se o professor é bom, não importa a sala de aula e vai da vontade do aluno!

Divulgando o ótimo “Too Mean To Die” (2021), a banda sempre sobe ao palco com uma energia e sorrisos nos rostos com jogo ganho! Mark Tornillo não precisa provar mais nada a ninguém que é o frontman ideal para a banda e que essas conversinhas/guerrinhas de Tornillo x Udo é coisa para gente ociosa. Tanto Udo, quanto Tornillo são/foram/serão a cara e alma do Accept junto a Wolf.

Não quero soar desrespeitoso, mas o Accept hoje é Tornillo, Wolf + 3 (ou 4). Sejamos francos, os outros nem aparecem, mesmo se esforçando no palco. Quer ter a certaz? Você se lembra do novo baixista nesse show? (risos) Sério, se eu o encontrasse na rua não saberia quem era.

Outra coisa que acho desnecessário são os três guitarristas, bastava termos apenas Wolf e Uwe – que infelizmente fica meio sumido como estepe no palco -, mas… vai entender? Christopher (bateria) é um monstro no instrumento e me lembra muito o jeitão de tocar do saudoso Nick Menza (Megadeth), com uma precisão, força, técnica e feeling absurdas.

Não faltaram clássicos fielmente executados com o poder da voz de Tornillo que fazem até aqueles fãs mais antigos e xiitas a darem o braço a torcer e assumir que o cara fez muita gente esquecer Udo! Exemplos? “Restless & Wild”, “Breaker”, “Fast As A Shark”, “Metal Heart”, etc. Da fase mais recente, além de faixas do mais recente álbum ainda não tão compreendido por muitos, tivemos as já amadas e clássicas “Teutonic Terror”, “Pandemic”, do fabuloso “Blood Of The Nations’ (2010) que explodem da mesma forma que antigas como “Balls To The Wall”, muito saudada!

Senti falta de “Final Journey”, uma das que mais gosto com Tornillo nos vocais, mas não se pode agradar a todos (risos).

Outros pontos importantes a salientar aqui foram, além do som baixo, a falta de telão, o acesso difícil e o cheiro dos banheiros químicos logo ao lado que quase me fizeram querer sair dali, mas aguentei por ser o grande o Accept.

Fico só imaginando se esse show tivesse sido no Iced/Hot Stage… seria uma aniquilação! Alô produção, dessa vez a gente perdoa.

Setlist:

Zombie Apocalypse
Symphony of Pain
Restless and Wild
Midnight Mover
Overnight Sensation
Demon’s Night / Starlight / Losers and Winners / Flash Rockin’ Man
Breaker
Princess of the Dawn
Fast as a Shark
Metal Heart
Teutonic Terror
Pandemic
Balls to the Wall
I’m a Rebel

STONE TEMPLE PILOTS:
Texto por Johnny Z. | Fotos por Leandro Almeida

Como peguei metade do show do Accept, fui correndo ao Ice Stage para ver resto do show dos americanos do Stone Temple Pilots, na qual gosto – também – muito.

Jeff Gutt (vocal), Dean DeLeo (guitarra), Robert DeLeo (baixo) e Eric Kretz (bateria) fizeram um show correto, repleto de hits, com uma qualidade de som também impecável, mas claramente com um público bem reduzido pela sua sonoridade passar bem longe do metal que predominava o evento.

Uma mistura de Grunge, Alternativo, Hard Rock e Classic Rock, ou melhor, sua sonoridade noventista de MTV que apostava incessantemente na criação mensalmente de novos clássicos. Só que, naquela época, tínhamos o saudoso e falecido Scott Weiland comandando as vozes, um incrível cantor que dispensa comentários e com uma voz única.

Jeff Gutt, que já gravou alguns trabalhos com a banda, desempenha seu papel com muito primor e simpatia e, mesmo que ele não queira, a maioria das vezes parece um clone de Scott, até mesmo em trejeitos e timbres. Não tenho reclamações, pois – acredito eu – que a banda procurou alguém que mais chegasse perto ao que tinham e continuar num jogo ganho (mesmo que sem goleada). Ao vivo a banda dá aquilo que todos esperam, são impecáveis e tocam tudo fielmente ao que gravaram, mas ao meu ver são um pouco parados demais.

Jeff tinha horas que ficava ali cantando concentrado, mas outras – nas partes mais agitadas – andava para todos os lados, chegando até a descer ali no gargarejo para cumprimentar a todos na grade (inclusive este quem vos fala).

Individualmente são todos no mesmo nível, ninguém supera ninguém em termos de técnica ou virtuose, o que acho algo interessante, pois você vê um time no palco, não só “centroavantes”.

Uma enxurrada de clássicos da época áurea, os três primeiros álbuns, com ênfase no primeiro, “Core”, até hoje o mais saudado por todos os fãs da banda com 7 faixas! Ninguém foi louco de reclamar.

Nitidamente, as faixas fora do eixo dos três primeiros álbuns davam uma caída no público, talvez por serem compostos por fãs mais antigos ou até mesmo aqueles que vivem no passado achando que a banda não faz mais nada de bom fora seus clássicos. Gente, isso é ridículo, tá? (Mesmo a banda não tocando tanta coisa do disco homônimo de 2018, já com Jeff, onde somente a ótima “Meadow” apareceu. Vale lembrar que “Perdida”, disco acústico de 2020 nem foi lembrado, ainda bem, pois é tão bom quanto escutar a discografia do Dream Theater num deserto à 50 graus celsius).

Tudo que vi não tenho reclamações, mas acredito que a banda funcione melhor em local menor e/ou fechado. Lógico que a euforia na sequência de “Plush” e “Interstate Love Song” deu as caras, que teve na sequência a boa “Sin”, mas voltou com tudo nas últimas cinco faixas que só elas valeriam cada centavo gasto! Se você é fã, veja no setlist abaixo e tire suas conclusões.

Setlist:

Wicked Garden
Vasoline
Big Bang Baby
Down
Meadow
Silvergun Superman
Still Remains
Big Empty
Plush
Interstate Love Song
Sin
Crackerman
Dead & Bloated
Trippin’ on a Hole in a Paper Heart
Piece of Pie
Sex Type Thing

BLIND GUARDIAN:
Texto por Johnny Z. | Fotos por André Tedim

Antes da atração da noite, tivemos a apresentação no telão do jogo Diablo IV, com direto a trailer demoníaco no telão e até a representação humana da filha do ódio que subia num guidantes até o topo dos palcos principais! Sinistro e muito impactante, com certeza deu vontade de jogar!

Finalizando o primeiro dia de Summer Breeze Brasil, já com um público bem cansado da maratona do dia, os alemães do Blind Guardian nos brindou com um – senão o melhor – show do dia ou até mesmo do evento todo!

Quem pensou em ir embora por conta do cansaço, não se arrependeu, pois Hansi Kürsch (vocal), André Olbrich (guitarra), Marcus Siepen (guitarra) e Frederik Ehmke (bateria), além dos músicos contratados Michael “Mi” Schüren (teclados) e o novato Johan Van Stratum (baixo), entregaram aquilo que qualquer fã de Power Metal gosta: peso, melodia, atmosfera, sentimento e, claro, clássicos seguidos de clássicos.

Com uma qualidade de som que beirava a qualidade cristalina de um CD – sim, pessoal eu gosto ainda do CD, não me julguem (risos) – despejaram logo de cara a épica “Imaginations From The Other Side”, seguidas por “Welcome To Dying” (para mim a melhor música da banda em toda carreira), “Nightfall” e “Time Stand Still (At The Iron Hill)”, logicamente todas cantadas por 100% dos presentes. E um detalhe, creio que se uns 2% foram embora antes do Blind Guardian, foi muito, ou seja, estava bem cheio!

Sabe qual o motivo disso? Definitivamente a banda é muito grande no Brasil e isso foi provado com toda a devoção entregue aos alemães! Os risos em seus rostos eram verdadeiros e nítidos.

Hansi, beirando quase 60 anos, tem um magnetismo diferenciado em relação aos outros vocalistas por aí, por ser mais calmo, focado e tranquilo, mas não menos interativo que com apenas algumas palavras consegue ter a plateia todinha na palma da sua mão! Só acho que fala um pouco demais da conta (risos).

Então, de repente – e um adendo, este redator não sabia disso por ter deixado de acompanhar um pouco a banda, o que após esse show mudou de figura – Hansi anuncia a execução na íntegra do magistral, porrada e clássico álbum “Somewhere Far Beyond”, de 1992, meu disco preferido. Quase tive uma síncope!

Tocado de forma brilhante é impossível dizermos os pontos altos, mas aqui vai o dedo pessoal deste redator com “Time What Is Time”, “Theatre of Pain”, “The Quest for Tanelorn”, “Ashes To Ashes” e, claro, a emocionante “The Bard’s Song – The Hobbit”.

Voltando ao tracklist ‘normal’, tivemos “Lord Of The Rings”, uma grata surpresa para manter nós fãs mais antigos babando. A dupla André Olbrich e Marcus Siepen é, sem sombra de dúvidas, uma das duplas mais afiadas do Power Metal mundial, e se você não acreditava, e viu esse show no Summer, passou a acreditar piamente.

Mesmo ainda divulgando seu mais recente trabalho, o excelente e que trouxe a banda de volta à suas raízes mais pesadas “The God Machine”, apenas a pancada “Violent Shadows” deu ar das graças mostrando que tem grande potencial para ficar por anos no setlist do grupo.

Fechando a apresentação tivemos um ataque aos nossos pescoços com as porradas “Majesty”, a sempre pedida e ovacionada “Valhalla” – sempre cantada por todos antes, durante e depois – e fechando com “Mirror Mirror” de forma praticamente cruel!

Só nos resta cobrar as inúmeras promessas de Hansi de voltarem sempre aqui no Brasil e não demorarem tanto (oito anos) para retornarem. Aceita meu caro, os caras são grandes!

Simplesmente espetacular e valeu cada gota de suor, dor nas costas, nas pernas e joelhos. Faria tudo outra vez… e no dia seguinte, fiz! Continua…

Setlist:

Imaginations From the Other Side
Welcome to Dying
Nightfall
Time Stands Still (At the Iron Hill)
Time What Is Time
Journey Through the Dark
Black Chamber
Theatre of Pain
The Quest for Tanelorn
Ashes to Ashes
The Bard’s Song – In the Forest
The Bard’s Song – The Hobbit
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