Tosco – “Agora é a Sua Vez” (2023)
Independente
#Thrashcore #ThrashMetal #Hardcore #Crossover
Para fãs de: Slayer, Machine Head, S.O.D, Ratos de Porão, Korzus, Suicidal Tendencies, D.R.I, Hatebreed
Texto por Johnny Z.
Nota: 10
Tive o prazer em resenhar todos os trabalhos que os santistas do Tosco lançaram na carreira e ao final das primeiras audições de cada um deles eu sempre pensava com meus botões: essa banda me representa PRA CACETE!
Desde seu álbum de estreia, a cacetada “Revanche” (2018), seguido pelo excepcional “Sem Concessões” (2020) e agora com “Agora é a Sua Vez”, o que sinto em relação a eles só aumentou, da mesma forma que a evolução da banda em todos os sentidos cresceu a passos largos.
O crescimento é gritante, claro e nítido a “ouvidos” nus, pois a sua junção perfeita de Thrash Metal, Groove Metal e Hardcore num Crossover violento de tirar a fôlego te faz querer mergulhar nas letras de TODAS músicas de uma forma que a cada estrofe, riff, palhetada e levada tornem-as verdadeiras trilhas sonoras de sua vida.
É incrível a capacidade e a criatividade que Osvaldo Fernandes (vocal) consegue ao expor tanto ódio em suas letras (e palavras) e, ao mesmo tempo, fazer com que o ouvinte pense (e 100% das vezes concorde) em tudo que ele expressa! As vezes eu brinco com ele ao dizer: “Cara, você me dá medo!” (risos).
Produzido soberbamente pela banda e por Ivan Pellicciotti, ex-baixista da banda e produtor no O Beco Estúdio, temos uma violência desenfreada a cada compasso de suas 12 faixas (1 introdução e 11 faixas), e aí está outro fator nitidamente de destaque em relação aos álbuns anteriores. As guitarras de Ricardo Lima estão com um timbre e peso tão ‘carnudos’ que mesclam com esteroides e maestria o peso brutal do Slayer com o groove (também brutal) do Machine Head! É impressionante o som de guitarra desse disco e me arrisco a dizer que são os melhores riffs e guitarras que foram gravados pela banda!
A bateria de Paulo Mariz está como uma metralhadora e disparadamente com o melhor som de todos os trabalhos que a banda já lançou até hoje. Posso soar redundante, mas TODOS os instrumentos realmente estão mais altos, mais bem equalizados e timbrados, e quem conhece a banda e os discos anteriores terão a mesma opinião que eu.
O baixo de Carlos Diaz (ex-Vulcano, ex-Hierarchical Punishment e ex-Chemical Disaster) está bem carnudo dando uma ‘grosseria’ extra a todo o caos em forma de música que esses santistas transbordam pelos falantes.
Destacar faixas nesse disco não é uma tarefa fácil, pois todas te grudam na cabeça, mas um ser humano de caráter jamais deixaria de citar “Mais Uma Vez” e “Issaqui Não Tem Jeito”, fortes candidatas a novos clássicos/hinos da banda junto com “Cala a Boca Globo”, do primeiro disco. E o que falar do groove insano, cadenciado e criminoso de “Brasil é o Crime”, primeiro single do disco? Se o famigerado jornal “Notícias Populares” tivesse uma trilha sonora seria essa (risos).
“Hellvetia”, segundo single que traz na sua letra a pandemia do uso de crack no centro de São Paulo, conta com a participação de Dave Austin (Nasty Savage) no segundo solo, é uma cacetada que se não te arrancar o coro é porquê você já não tem mais para se arrancar, então cuide de suas entranhas!
“Monstro” me lembrou muito algo do Arch Enemy em certas partes iniciais e seu final é totalmente Machine Head, mas é outra faixa que martelará os tímpanos dos ouvintes com tanto peso. E que letra é essa Osvaldo?? (risos).
“A Verdade” e a porrada desenfreada “A Casa de Noia” exalam cheiro de inferno, ou seja, Slayer, já “Tropa Z” temos algumas coisinhas pequenas de Black Metal, principalmente em certas partes dos riffs mais pelo seu meio. Carloz Diaz brilha na cadenciada “Qualquer Ajuda”, com um baixão galopante e corrosivo em outra faixa que remete rapidamente ao Machine Head com sopros de Slayer mais recente. Simplesmente arrasador!
Fechando com chave de ouro temos um estupendo cover do hino do Korzus, “Guerreiros do Metal”, com participação de Sílvio Golfetti no segundo solo, cuja letra tanto a cena, como também a imprensa e os fãs de metal atual deveriam estuda-la melhor, pois acho que se esqueceram como essa porra deveria ser, ou seja, lutarmos juntos quebrando barreiras e não segregando, cancelando e enchendo o saco como fracos dodóis cheios de ‘mimimis’.
“Agora é a Sua Vez” é brutalmente muito mais técnico e parrudo que seus antecessores, trazendo músicas mais rápidas e com muito mais ‘grooves’ nervosos. Esse trabalho conseguiu unir a rispidez do Thrash Metal e a violência do Hardcore num combo anárquico/caótico cheio de toques modernos de produção e timbres cativantes de uma forma própria e original. Na primeira audição seu queixo vai cair e na próxima também, pois vai levar um cruzado mortal que vai doer por semanas a fio!
A nota não poderia ser outra! Gente, esses caras MERECEM e DEVEM se tornar grandes na cena!!! Se depender de mim, serão!