Tosco – “Sem Concessões” (2020)

93764413_1633824546757823_6432337459954057216_o
Compartilhe

Tosco – “Sem Concessões” (2020)
Independente
#ThrashMetal#Crossover#Hardcore

Para fãs de: SlayerHatebreedDirty Rotten ImbecilesExodusHatebreedRatos de PorãoMachine Head, S.O.D.

Nota: 9,5

A premissa de que todo segundo álbum define a sonoridade de uma banda, se ela vingará, crescerá ou permanecerá no ostracismo é definido nesse trabalho. Pois bem, os santistas do Tosco chegam a “Sem Concessões”, seu segundo trabalho autoral e logo na primeira audição das 13 faixas (12 normais e um cover como faixa escondida que será comentado mais adiante) constatei o que eu já tinha certeza: O ódio dilacerante das letras de Osvaldo é exponencialmente proporcional a qualidade, técnica, criatividade e o sangue nos olhos emanados em cada faixa presente. Os caras não se acomodaram, pelo contrário, cresceram e muito!

O peso, a brutalidade e a violência rasgam os tímpanos do ouvinte de uma forma impiedosa, mas o que mais me espantou e saltou aos ouvidos foi a enorme evolução e maturidade das composições. Obviamente isso já era bem presente em “Revanche” (2018), primeiro registro do grupo, mas aqui a coesão entre melodia, raiva e técnica andaram de mãos juntas com a produção primorosa! As guitarras estão mais “carnudas” e “recheadas”, com mais rifferama/palhetada e a bateria mais “encorpada” e não tão chapadas em comparação ao primeiro disco, já que o baixo ficou mais vibrante!

A cortante e dilacerante “Dia de Decisão” abre o disco de forma totalmente criminosa e uma letra bem inteligente como a “sutileza paquidérmica” de um João Gordo (Ratos de Porão), por exemplo! “Legado de Merda” é uma ode ao groove palhetado! Agressão do começo ao fim, lembrando em certas partes até o Napalm Death mais cadenciado de “Harmony Corruption”, com aquela vibe meio “punk” nas levadas. “Consagrado Pela Morte” já vai mais na linha do Hardcore brutal do Cro-Mags acrescidas até de blast beats! Conseguem imaginar isso? Já “João do Cão”, falando sobre aquele farsante médico estuprador João de Deus, segue a linha da “Cala A Boca Globo” do álbum anterior, ou seja, vai grudar na sua cabeça de todas as formas, lirica e instrumentalmente! Em “A Voz Que Você Calou” temos o lado mais cadenciado do Tosco, com melodias e guitarras dissonantes bem Black Sabbath, com muitas mudanças de andamento tornando-a um verdadeiro ode ao caos. O “bigode dono da porra toda” vai ficar orgulhoso e tem aqui uma belíssima homenagem em vida, pois depois que morre não adianta!

O lado mais Slayer ressurge em “Integridade Duvidosa”, “Quero Te Ver Bem (Mas Não Melhor Que Eu) e “Lei do Silêncio”, sendo que nessa última temos um groove dos riffs que lembra certas horas um Machine Head do “Burn My Eyes” (1994)! Baita cacetada! Vale destacar nessa, também, a letra de Osvaldo que eu juro para vocês, vai me dar medo ficar perto desse cara. Um verdadeiro “psicopata” do metal. Acha que estou brincando? Escute a “Dois Psicopatas”, na vibe totalmente Ratos de Porão, com sua passagem “Vai lá e mataaaa!!” e “descanse” em paz (risos).

Acham que é só isso? Estão redondamente enganados! Temos as avalanches caóticas de “Treta Na Rede” e “Hater” (excelente letra contra os frustadões da internet), que com certeza serão pontos altos do shows pois mexe com o psicológico do ouvinte de uma forma tão raivosa que levará a espancar até a própria mãe se a coitadinha passar na frente!

Um dos pontos altos do disco vai para “Vale da Tragédia”, com seu peso tão brutal quanto a sua letra sobre as tragédias de Brumadinho e Mariana. Um hino que chega a arrepiar por conta dos ocorridos e nenhum culpado punido, sem nenhuma dúvida! Tem que ter uma bagagem monstruosa para compor uma pedrada dessa!

Finalizando essa belezinha, que vai para minha lista de melhores do ano, temos a faixa extra escondida, que nada mais é que uma belíssima releitura de “United Forces”, do brilhante S.O.D, onde os caras tocaram impecavelmente idêntica à versão original, inclusive conseguindo alcançar até o clima da mesma!

Sem contar a capa, que é uma das mais lindas lançadas esse ano no Brasil! Da mesma forma que o primeiro álbum, colocando um “monstro” na capa, o que define plenamente o que esses caras são: Uns monstros!

Venho aqui novamente, já que o primeiro álbum eu também tive o prazer em resenhar, bater palmas para esses caras por me dar a honra de ouvir mais uma “delicinha” de disco! Fecha essa aba do texto logo ou eu vou te sentar a porrada (risos).

Johnny Z.

Compartilhe
Assuntos

Veja também