Uriah Heep – Tokio Marine Hall, São Paulo/SP (11/04/2025)
Produção: Top Link Music
Assessoria: Acesso Music
Texto por Jessica Valentim
Fotos por Flávio Santiago (On Stage – @onstage666)
Uriah Heep encanta São Paulo em turnê de despedida com show repleto de clássicos e emoção
O Uriah Heep é uma lendária banda britânica de rock formada em Londres, em 1969. Considerada uma das pioneiras do hard rock e do rock progressivo, o grupo construiu uma carreira sólida e influente ao longo de mais de cinco décadas, destacando-se pelo uso marcante de teclados, vocais harmônicos e composições épicas.
A formação atual da banda — a mais duradoura de sua história — conta com Mick Box (guitarra e vocais de apoio, único membro original), Bernie Shaw (vocal principal), Phil Lanzon (teclados), Russell Gilbrook (bateria) e Dave Rimmer (baixo).
Em comemoração aos 55 anos de carreira, o Uriah Heep está rodando o mundo com a turnê de despedida The Magician’s Farewell, que passou por cinco cidades brasileiras em abril de 2025: Rio de Janeiro, Porto Alegre, São Paulo, Curitiba e Belo Horizonte. Na capital paulista, a abertura ficou por conta dos paulistanos da Allen Key.
A banda, que vem se consolidando como uma das promessas do metal nacional, é formada por Karina Menascè (vocal, violão, piano), Victor Anselmo (guitarra) e Pedro Fornari (guitarra). Embora não conte com um baterista e um baixista fixos, o grupo mantém uma formação itinerante com músicos que já integraram o projeto em algum momento, o que garante consistência e identidade sonora em suas apresentações.
Conhecidos em São Paulo e em diversas cidades do país por abrirem shows de grandes nomes internacionais, a Allen Key conquista cada vez mais fãs com sua presença de palco marcante. O som da banda remete a grupos como Halestorm, com riffs pesados e um vocal poderoso — ponto alto da performance, graças à impressionante voz de Karina, uma das mais impactantes do rock autoral recente.
No show de abertura, a Allen Key passou por faixas do seu primeiro álbum The Last Rhino, com destaque para “Granted”, “Straw House” e “Illusionism”, além de apresentar seus singles mais recentes: “Death from Above”, “Sleepless” e a recém-lançada “Easy Prey”. O repertório também incluiu uma música inédita, ainda não divulgada oficialmente. Vale a pena acompanhar e seguir a banda nas redes sociais — eles são uma aposta promissora do metal brasileiro.
Uma noite histórica para os fãs brasileiros da lendária banda britânica
Com casa cheia e um público formado majoritariamente por fãs mais velhos, o Uriah Heep subiu ao palco do Tokio Marine Hall, em São Paulo, celebrando seus impressionantes 55 anos de carreira. A noite foi marcada por uma performance energética, cheia de clássicos e momentos emocionantes.
O show começou com “Grazed by Heaven”, colocando todos no clima desde os primeiros acordes. Em seguida, veio “Save Me Tonight”, uma das faixas do mais recente álbum Chaos & Colour, mostrando que a banda ainda cria material relevante e poderoso.
Após as duas primeiras músicas, os integrantes pararam para saudar o público: “Esse é o lugar para se estar. Muita música. 55 anos de Uriah Heep.” A conexão com a plateia foi evidente desde o início, com o vocalista Bernie Shaw frequentemente conversando entre as músicas, apresentando os álbuns de onde vinham as canções e reforçando o carinho da banda pelo Brasil.
“Overload” foi recebida com entusiasmo, embora muitos aproveitassem para conversar com os amigos. Nada que tirasse o brilho da apresentação, especialmente porque a banda mantinha a interação constante.
Um dos momentos mais marcantes veio com “Shadows of Grief”, uma das faixas mais antigas do repertório, que foi calorosamente ovacionada. A sequência incluiu um momento instrumental envolvente, mostrando o entrosamento impecável dos músicos, o que levou o público ao delírio.
Antes de “Stealin’”, Bernie apresentou o baixista Dave Rimmer, e o clássico começou sob um coro empolgado da plateia. O público cantou a música do início ao fim, tornando o momento um dos destaques da noite. Bernie, novamente, disse que aquele era “o lugar para estar” e, ao introduzir a próxima música, comentou sobre o álbum de origem. Também mencionou que fariam mais dois shows antes de voltarem para casa, mas brincou: “Nós não queremos ir para casa.”
“Hurricane” veio na sequência, embora parecesse menos conhecida por parte da plateia. Em seguida, Bernie apresentou seu “melhor amigo”, o lendário guitarrista Mick Box, que arrancou aplausos calorosos.
“The Wizard” foi outro ponto alto do setlist, e Bernie elogiou o público: “Você não pode comprar isso. Vocês não têm ideia de como soam daqui de cima.” Mick Box então anunciou “Sweet Lorraine”, igualmente celebrada pelos presentes.
Antes de “Free ‘n’ Easy”, houve uma introdução reflexiva sobre manter as coisas simples: “Não precisa complicar. Mantenham-se reais e simples. Rótulos? Apenas um bom rock and roll.” A música contou com um breve solo de bateria, que a galera adorou.
Chegando ao momento mais simbólico da noite, Bernie mencionou o nome da turnê – The Magician’s Farewell – e abordou a suspeita de aposentadoria, deixando claro: “Não vai acontecer.” A banda vai se aposentar apenas das grandes turnês, mas prometeu continuar gravando novas músicas.
“The Magician’s Birthday” veio com um longo solo entre Mick Box e o baterista Russell Gilbrook, que foi bem dinâmico. Apesar disso, o público parecia menos responsivo nesse momento – talvez por desconhecerem melhor a música – mas a banda seguiu com intensidade. Bernie comentou algo que ficou no ar: “Parece que ninguém escreve músicas assim mais.”
A reta final do show trouxe emoção em dobro. Mick Box disse que adorava quando o público cantava o riff de “Gypsy”, e foi exatamente isso que aconteceu: celulares para o alto e todos registrando esse grande clássico. Na sequência, “July Morning” começou com os teclados inconfundíveis e foi outro ponto altíssimo da noite. O público cantou em uníssono, emocionando Mick, que chegou a se abaixar próximo da plateia para cantar as primeiras partes com ainda mais proximidade.
A primeira parte do show terminou aqui, mas a banda retornou rapidamente ao palco com o som de batidas de coração nos amplificadores – tão intensas que pareciam fazer o chão tremer.
O bis começou com “Sunrise”, novamente cantada do começo ao fim pela plateia. E para encerrar em clima de festa, Bernie perguntou: “Vocês se divertiram hoje?” – e então veio o maior clássico da banda: “Easy Livin’”, fechando a apresentação com o público em êxtase.
Segundo Mick Box, a banda não pretende se aposentar completamente, mas essa é sua última grande turnê mundial. Shows pontuais e novos lançamentos ainda estão nos planos.
Com o carisma de sempre, uma performance afiada e um repertório de respeito, o Uriah Heep provou mais uma vez por que é uma das formações mais importantes da história do rock. A turnê The Magician’s Farewell é, acima de tudo, uma celebração — do legado, da música e da conexão com os fãs. E se essa for mesmo a despedida das grandes turnês, eles estão saindo do palco como merecem: aclamados, ovacionados e imortalizados no coração de quem esteve presente.












