Acacia Crown – “The Last Acacia” (2022)
Heavy Metal Rock
#ExtremeMetal, #DoomMetal, #BlackMetal, #ProgressiveMetal, #AvantGarde
Para fãs de: Immortal, Arcturus, Rotting Christ, Opeth, Katatonia, Borknagar, Paradise Lost
Nota: 9,0
Antes de falar do que realmente importa, a música, gostaria de comentar sobre a excelente qualidade que esse CD de estreia do duo paulista do Acacia Crown. CD digipack lindíssimo envolto a um slipcase com o logo da banda metálico em tons de verde, encarte completinho com letras, fotos e todas informações. Pois bem, onde quero chegar? O valor! Sim meus caros, se a banda não se valoriza quem a valorizará? E o Acacia Crown só por conta desse esmero na qualidade gráfica já sai com – no mínimo – uma nota 6 na minha escala de qualidade, sem nem ter ouvido (risos).
Apertando o play o que temos? Sinceramente impossível definirmos com rótulos, já que a banda mostra uma gama de referências e influências que vão do Black Metal mais extremo, Doom Metal, Avant-Garde até algo voltado para uma viagem dentro do Progressivo, somado tudo a alguns toques orientais aqui e ali de muito bom gosto.
São 7 faixas bem diferentes entre si, onde cada uma parece viver dentro de sua própria ambiência, prendendo-nos a mundos interessantíssimos e totalmente desconhecidos dentro do que estamos “acostumados” a ouvir. Classifica-los somente como Black Metal é um erro dantesco, da mesma forma que chama-los de Doom Metal chega a ser uma afronta. Eles estão em um nível elevadíssimo de composição, mesmo estando ainda no primeiro trabalho oficial! Ora soturno, ora veloz, temos melodias ‘cintilantes’ e encorpadas que saltam aos ouvidos dos fãs de todos esses estilos abordados e até de quem não está familiarizado.
Para você, caro leitor, entender melhor a profundidade do som do Acacia Crown, temos a faixa título com os toques experimentais e orientais usando um bouzouki (instrumento grego com cordas da família do alaúde); “Behind The Silence” numa espécie de Black/Doom Metal sintetizado e carregado de melodia, peso e muita quebradeira nas levadas rítmicas de bateria; “The Wait” bem progressiva lembrando em certas partes algo mais denso de um Paradise Lost antigo com algo “sujo” do Opeth; a interessantíssima “Guilty Dreams” totalmente Avant-Garden, com vocais guturais, passagens acústicas bem épicas e sem bateria; “Blast Vaccum” retorna com um Epic Doom Metal fora da curva por conter passagens calmas quase como uma balada densa no estilo Katatonia; a acústica instrumental com clima medieval recheada com violinos, violões e sintetizadores de fundo “Clamour Ad Vitam”, onde abre alas para “Black Wind”, a arrasa quarteirão que fecha o trabalho com um Black Metal clássico, visceral, cru e odioso que deixará os fãs de Immortal, Dark Funeral e principalmente Rotting Christ muito felizes.
Como bônus temos a pesadíssima faixa “Gallery Of Lies”, primeiro single lançado pela banda, trazendo uma sonoridade densa não tão rebuscada em relação ao material de “The Last Acacia”, mas não menos primoroso. A influência de Belphegor e Behemoth aparece aqui em doses cavalares.
Os vocais híbridos de Heverton ‘Ascaris’ Souza são um destaque à parte, pois conseguem transitar entre diferentes sonoridades, tenacidades e territórios, passando de algo calmo e mais soturno a camadas brutais de puro ódio com uma facilidade incrível!
“The Last Acacia” é um álbum que caminha em várias direções, usando e abusando do lado experimental com muito dinamismo e propriedade, não se qualificando apenas como uma banda de Black Metal, mas sim algo mais inteligente, robusto e fora da bolha, absorvendo os melhores dos mundos referenciados dentro de cada uma de suas inúmeras influências em algo bem único.
Só não levou um 10, pois quero que a banda sempre produza cada vez mais material dessa magnitude e não se acomode em boas resenhas (risos). Como trabalho de estreia fez muito bonito! Excelente!
Johnny Z.