Body Count – “Merciless” (2024)

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Body Count – “Merciless” (2024)

Century Media | Shinigami Records
#Crossover #GrooveMetal #RapMetal

Para fãs de: Suicidal Tendencies, Cro-Mags, Pro-Pain, Prong

Texto por Johnny Z.

Nota: 8,5

O álbum “Merciless” mantém a identidade sonora do Body Count, com uma fusão visceral entre metal e rap – com forte predominância do primeiro. A banda liderada por Ice-T continua com letras agressivas e um instrumental pesado, enquanto a produção coesa de Will Putney, que já havia trabalhado com o grupo antes, garante uma sonoridade atual, vigorosa e extremamente bem lapidada. O trabalho de guitarras de Ernie C. e Juan Garcia (EvilDead, ex-Agent Steel) se destaca pela intensidade e precisão, soando implacável ao longo de todo o disco. Dentre todos os álbuns da banda, “Merciless” é – na minha humilde opinião – o que tem um foco ainda maior no peso instrumental.

A faixa-título, “Merciless”, é um exemplo perfeito dessa abordagem, com riffs cortantes e uma levada intensa de bateria que sustenta a fúria lírica de Ice-T. A atmosfera opressiva é intensificada pelos refrões grandiosos e pelos breakdowns pesados, que evocam o hardcore e o metal moderno.

O álbum traz diversas participações especiais que adicionam camadas distintas às faixas, tornando-o mais heterogêneo. “The Purge”, com George “Corpsegrinder” Fisher, do Cannibal Corpse, mergulha no death metal, trazendo um peso extremo e vocais guturais que fazem dela uma das músicas mais brutais do álbum e possivelmente de toda a carreira do Body Count. “Drug Lords”, com Max Cavalera, apresenta um instrumental sujo e tribal, remetendo ao Soulfly e ao “Chaos A.D.” do Sepultura, e é impossível não notar que essa música foi feita sob medida para a participação do brasileiro.

Talvez a parte menos interessante venha com o cover de “Comfortably Numb”, do Pink Floyd, com a participação do próprio David Gilmour. A nova roupagem trouxe uma sonoridade sombria e densa, com Ice-T adicionando novas letras que refletem sobre o estado atual da humanidade. No entanto, a tentativa de reinvenção não surtiu muito efeito, e a música acabou ficando tão cansativa quanto a original.

Entre as faixas de destaque, “Psychopath”, com Joe Badolato, do Fit For An Autopsy, combina groove metal denso com passagens atmosféricas e sombrias, criando um clima de tensão crescente. “Fuck What You Heard” traz uma crítica direta ao sistema político americano, com um instrumental que flerta com o thrash metal e lembra Slayer com Suicidal Tendencies. “Lying Motherfuka” resgata a energia punk-hardcore do início da banda em “Cop Killer” (1992), com riffs simples e acelerados que remetem ao crossover thrash de bandas como D.R.I. e Agnostic Front.

“Live Forever”, com Howard Jones (ex-Killswitch Engage), aposta em um refrão melódico típico do Killswitch Engage, enquanto “Do or Die” enfatiza a luta pela sobrevivência e resistência diante das adversidades numa sonoridade meio Linkin’ Park, mas não veja isso com maldade, ficou bem interessante. “World War” aposta em um instrumental épico e denso, lembrando trilhas sonoras de filmes apocalípticos, com guitarras que alternam entre riffs pesados e melódicos.

O álbum encerra com “Mic Contract”, uma celebração do legado de Ice-T e sua trajetória tanto no rap quanto no metal. A sonoridade mistura o peso característico do Body Count com trechos que remetem ao hip-hop oitentista, incluindo batidas cadenciadas e grooves marcantes de baixo e guitarra.

No geral, “Merciless” mantem o Body Count como uma força implacável no cenário crossover, explorando diferentes nuances do metal sem perder sua identidade. A brutalidade sonora aliada às letras afiadas de Ice-T tornam o álbum uma experiência potente e relevante, reafirmando a importância da banda mesmo após décadas de carreira. E o melhor de tudo, nem um pouco cansativo! Vai atrás da sua cópia para ontem!

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