Bon Jovi: 40 anos de “7800º Fahrenheit”
Texto por João Paulo Gomes

Tudo foi feito às pressas no primeiro álbum (montagem da banda, criação das músicas, gravação…) e, apesar de o sucesso não ter sido o imaginado, foi relativamente um bom início para o nome “Bon Jovi” começar a ser conhecido. A expectativa era de que o próximo álbum pavimentasse o caminho para o estrelato, mas, infelizmente, não foi bem isso o que aconteceu…
Jon, em uma entrevista, chegou a dizer:
“Tudo naquele segundo álbum estava errado. Todos nós estávamos passando por tempos difíceis pessoalmente e isso era possível perceber na nossa música. Realmente não foi uma experiência agradável”.
Sambora, em outro momento, relatou a falta de comprometimento de Lance Quinn, que estava se dedicando a outros trabalhos paralelamente: “Isso realmente deixou as coisas um pouco tensas”, e Jon concordou: “Lance Quinn não era o homem certo para nós. Nenhum de nós queria viver naquele estado mental novamente. Esquecemos o álbum e seguimos em frente”.
Claramente, a banda não gostou do resultado, mas houve três singles: “In And Out Of Love”, “Only Lonely” e “Silent Night”, 37º lugar na “Billboard 200”, certificado pela RIAA como disco de ouro e depois platina, excursão pela Europa e Japão, mais seis meses de turnê abrindo para o Ratt nos EUA, participação no “cast” do “Monsters Of Rock” em Donington, UK e no “Farm Aid”… UFA!! Será que o “7800º Fahrenheit” é tão ruim assim? Vejamos…
Em seis semanas, produzido novamente por Lance Quinn, “7800º Fahrenheit” (alguns dizem que o título foi inspirado no romance distópico “Fahrenheit 451”, de Ray Bradbury, e outros afirmam que faz referência ao ponto de derretimento da rocha, algo como a temperatura de um vulcão) foi finalizado e lançado em 27/03/1985.
O álbum começa com três das suas melhores músicas: “In And Out Of Love”, “The Price Of Love” e “Only Lonely”, demonstrando o amadurecimento musical da banda. “Tokyo Road” é um hard rock que homenageia os fãs nipônicos pela receptividade do primeiro álbum, “The Hardest Part Is The Night” remete à própria “Only Lonely” e, mesmo assim, se destaca, e “Silent Night” traz o clima dos isqueiros acesos (ou celulares, hoje em dia). Esse sexteto é o melhor do álbum. “King of The Mountain”, “Run To You”, “(I Don’t Wanna Fall) To The Fire” e “Secret Dreams” possuem alguns bons momentos, mas são esquecíveis.

Jon Bon Jovi e Richie Sambora, do Bon Jovi, se apresentam no palco do Estádio de Nagoya para o Super Rock ’84, em 4 de agosto de 1984, em Tóquio, Japão.
Riffs mais “pesados”, solos legais (Sambora começava a chamar mais atenção), letras um pouco mais introspectivas, vocais ok, muitos sintetizadores, produção meio capenga (em alguns momentos dá dó ouvir a “cozinha”), alguns equívocos de que peso tem a ver com substância, alguns refrões fracos e outros muito legais, mas nada que justificasse um terceiro álbum naquele momento. Afinal, o segundo álbum do Metallica foi “Ride The Lightning”, o do Megadeth foi “Peace Sells…” e o do King Diamond, “Abigail”.
O álbum grita aos quatro cantos que há potencial, mas ainda é preciso um maior amadurecimento. Parecia faltar uma certa capacidade de escrever grandes canções. Rumores diziam que a Mercury iria desistir da banda se não houvesse colaboração externa nas próximas composições. Mas isso é história para outra resenha.
Medíocre? Longe disso. Clichê? Bastante. Mas, apesar de repetir alguns erros do primeiro álbum, não se pode negar que havia uma “fagulha” ali que precisava ser mais bem explorada. Na média, “7800º Fahrenheit” tem seu charme e mérito. Aproveite este aniversário de 40 anos para (re)visitá-lo e (re)descobri-lo.
Formação da época: Jon Bon Jovi (vocal/guitarra), Richie Sambora (guitarra solo/backing vocal), Alec John Such (baixista/backing vocal), David Bryan (teclados/backing vocal) e Tico Torres (bateria)
