British Lion – Fabrique Club, São Paulo/SP (05/12/2024)

british-lion-sao-paulo-2024-resenha
Compartilhe

British Lion – Fabrique Club, São Paulo/SP (05/12/2024)

Produção: Move Concerts
Assessoria: Midiorama

Texto por Ivan Luiz de Oliveira
Fotos por Move Concerts/Midiorama

Vídeos por Chris Kato

Vamos ser sinceros: 99% das pessoas que se interessam pelo British Lion o fazem porque é a banda do “patrão” Steve Harris. No entanto, durante o show, ficou evidente que muitos passaram a apreciar genuinamente o som da banda.

O show do British Lion, realizado no último dia 5 de dezembro de 2024 no Fabrique Club, em São Paulo, foi uma noite memorável para os fãs de rock, classic rock, aor e até heavy metal. Afinal, não é todo dia que se pode assistir a um dos líderes do Iron Maiden em um local intimista.

O Fabrique Club, na Barra Funda, é conhecido pela atmosfera acolhedora e excelente acústica, características que enriqueceram a experiência intimista do show. A iluminação, embora simples, complementou a apresentação e intensificou a conexão entre banda e público. Apesar de ser um espaço menor em comparação aos grandes estádios onde Harris costuma tocar, o local permitiu uma proximidade única com os fãs.

A abertura ficou por conta de Tony Moore’s Awake, projeto do multi-instrumentista que, caso alguém não saiba, foi o único tecladista oficial do Iron Maiden nos anos 70, antes do primeiro álbum da banda. Com um som que flerta entre o hard rock, pop e o progressivo dos anos 60, foi muito bem recebido, mesmo que a maioria do público não soubesse de quem se tratava ou o que ele iria tocar. O show é um típico “one-man group”, em que Tony toca guitarra, teclado e canta, enquanto o restante é totalmente pré-gravado. Sem dúvida, a apresentação dialogou bem com a plateia.

Com muito carisma e grande habilidade, ele conquistou o público, tornando o show, em alguns momentos, até dançante. Além de realizar diversas trocas de figurino e incentivar a interação com o público, Tony fez discursos emocionantes. Explicou que o projeto foi desenvolvido ao longo da pandemia e, com o auxílio de um pequeno telão que exibia vídeos e interações gravadas, compartilhou detalhes sobre o período em que cuidou de sua mãe idosa, prestando-lhe uma homenagem que emocionou a todos.

Sem dúvida, Tony Moore deixou o palco ovacionado, com muitas pessoas desejando uma apresentação completa.

Setlist:

Awake
The clock has started
Live we beed you here
Just one Night
Dear Life
Not Normal
Remember me
Asleep

Pouco depois de 30 minutos de intervalo, era hora da apresentação principal, o “Leão Britanico” de Steve Harris e cia. Confesso que não era um grande fã do British Lion. Conhecia suas músicas, mas não as ouvia com entusiasmo. Contudo, após assistir ao show, percebi que a performance ao vivo melhora significativamente o impacto das canções, tornando-as mais pesadas e cativantes.

A banda apresentou um setlist recheado de faixas de seus dois álbuns de estúdio. Surpreendentemente, algumas músicas foram cantadas por grande parte da plateia, como em “The Burning”, que, com riffs intensos e um refrão poderoso, destacou-se como um dos momentos mais vibrantes da noite.

Embora eu conhecesse as músicas do British Lion, nunca as ouvi com entusiasmo. Após assistir ao show no Fabrique, mudei minha percepção: a performance ao vivo deu mais peso e emoção às canções, tornando-as mais cativantes.

O vocalista Richard Taylor entregou uma performance sólida. Com presença de palco marcante e interações frequentes, foi o único membro a se dirigir diretamente à plateia. Sua abordagem descontraída e envolvente criou um ambiente quase como uma conversa informal com o público.

Entre os momentos de maior empolgação, destacou-se “Spitfire”. Antes de tocá-la, Taylor explicou que a música foi inspirada pela história de seu pai e pela icônica Batalha da Grã-Bretanha. O instrumental dinâmico e as letras emocionantes conquistaram os presentes.

Outra música marcante foi “Us Against the World”, uma das faixas mais populares do British Lion. A canção destacou a habilidade de Harris em compor músicas cativantes, mesmo fora do Iron Maiden. No entanto, algumas músicas da banda carecem de refrões memoráveis — aqueles que fazem a plateia cantar em uníssono. Esse elemento, típico de grandes bandas de rock, poderia elevar ainda mais o projeto.

Por outro lado, a banda mostrou evolução. A nova faixa “2000 Years”, que fará parte do próximo álbum, já sugere um futuro promissor, com um refrão que chamou a atenção durante a performance.

O Grande Steve Harris

Falemos agora de Steve Harris, o principal motivo pelo qual muitos compareceram ao show. Como mencionado no início, a oportunidade de vê-lo em um ambiente menor é rara. É impressionante como, aos 68 anos, um dos músicos mais icônicos do heavy metal mantém a mesma energia de décadas atrás. Mesmo milionário e consagrado, Harris demonstra uma paixão genuína pelo que faz, tocando em lugares menores sem a intenção de lucrar mais ou expandir o público do Iron Maiden.

Sua performance no baixo foi uma verdadeira aula de técnica e energia. Observá-lo tão de perto, a ponto de ouvir o som das cordas de seu Fender Precision Bass, foi um privilégio para os presentes. Sua conexão com a banda, especialmente com o baterista Simon Dawson, foi notável, com momentos de interação que transbordaram entusiasmo e autenticidade.

Considerações Finais

Para quem esteve naquela quinta-feira chuvosa na Barra Funda, o saldo foi extremamente positivo. Além de curtirem boa música, os fãs testemunharam a humildade e o entusiasmo de um dos maiores nomes do metal. O agradecimento sincero da banda ao público foi a prova de que o sentimento foi recíproco.

Um detalhe interessante: dias após o show, foi anunciado que o baterista Simon Dawson será o novo integrante do Iron Maiden para turnês, já que, infelizmente, Nicko McBrain tomou a difícil decisão de parar por conta de sua idade e saúde. Dawson mostrou-se um músico vigoroso e carismático, sempre sorrindo enquanto tocava e interagindo com Harris. Sua performance no Fabrique Club foi um indicativo claro do que está por vir no futuro com a “Donzela de Ferro”.

Formação do British Lion no show:

Steve Harris – baixo e backing vocals
Richard Taylor – vocais
David Hawkins – guitarra
Grahame Leslie – guitarra
Simon Dawson – bateria

Setlist:

This Is My God
Judas
Father Lucifer
Bible Black
2000 Years
The Burning
Legend
These Are the Hands
A World Without Heaven
Spit Fire
Land of the Perfect People
The Chosen Ones
Us Against the World
Wasteland
Lightning
Last Chance
Eyes of the Young

https://www.youtube.com/watch?v=ALVWXUe127Y
Compartilhe
Assuntos

Veja também