Bruce Dickinson – Vibra, São Paulo/SP (04/05/2024)
Produção: MCA Concerts
Assessoria: Midiorama
Texto por Rodrigo Vecchi
Fotos por André Simões (@andresantos_mnp)
Colaboração de vídeos por Wellington ‘Zué’ e Henrique Soares
Sempre acreditei que ser uma banda de abertura é uma das tarefas mais ingratas no mundo da música. Poucas pessoas estão realmente ali para ouvir a sua banda, mas é uma excelente oportunidade para levar a sua música para um número maior de pessoas que talvez nunca parariam para ouvir.
Agora, imagine ser a banda de abertura para um show daquele que talvez seja o maior vocalista de metal de todos os tempos, que não fazia um show solo em São Paulo há 25 anos? Pois é, essa foi a missão do Noturnall.
Nesse contexto, a banda, formada em 2013 e liderada por Thiago Bianchi, se apresentou como banda de abertura para o show do último dia 4 de maio.
Levando ao palco sete músicas do seu repertório, com ênfase no último álbum, “Cosmic Redemption”, de 2023, o Noturnall mostrou um power metal coeso, bem elaborado, com muito peso e rapidez. No entanto, teve uma recepção um tanto morna pela plateia, que obviamente estava ávida pela atração principal da noite.
Setlist:
“Try Harder”
“No Turn At All”
“Fight The System”
“Cosmic Redemption”
“Wake Up”
“Reset The Game”
“Nocturnal Human Side”
Em uma rápida preparação de palco entre a banda de abertura e o show principal, o Vibra São Paulo teve seus poucos espaços restantes tomados pelos fãs que aguardavam ansiosamente a entrada de Bruce Dickinson, Mr. Air Raid Siren, no palco.
Pouco depois das 21 horas, as luzes se apagam e tem início com as introduções “The Invaders”, seguida de “Toltec 7 Arrival”; os músicos entram no palco e começa o riff pesadíssimo de “Accident of Birth”, uma escolha acertadíssima para abrir o show, visto que as músicas do novo álbum são mais cadenciadas. A abertura com um clássico de 1997 foi certeira para conquistar a plateia logo de cara.
“Abduction” e “Laughing In The Hiding Bush” vieram na sequência e mantiveram a plateia animada. “Abduction”, que nunca havia sido tocada ao vivo até a recente turnê (já que não houve turnê de divulgação do “Tyranny Of Souls”), foi uma grata surpresa que só reforçou a sensação de que faltou uma turnê para divulgar esse álbum.
O novo álbum, “The Mandrake Project”, começou a ser apresentado ao público paulista com o primeiro single, “Afterglow of Ragnarok”, que foi muito bem recebido pela plateia. Em seguida, “Chemical Wedding” levou novamente os presentes à carreira solo pré-retorno ao Iron Maiden e teve seu belíssimo refrão cantado a plenos pulmões por todos os presentes no Vibra. Por mais que algumas músicas novas sejam muito bem recebidas, não dá para comparar com os grandes clássicos da carreira de Bruce, e isso foi evidente em “Many Doors to Hell”, onde o ritmo do show esfriou um pouco, mas voltou a ferver na sequência com “Gates of Urizen”.
“Resurrection Men” e “Rain on The Graves” vieram na sequência e, enquanto a primeira não é das melhores canções de Bruce, a segunda é um dos pontos altos do álbum mais recente e funcionou muito bem no set.
“Frankenstein” é um cover instrumental de Edgar Winter que, confesso, não sabia o que esperar; fiquei até com o pé atrás com essa música no set, mas surpreendentemente funcionou muito bem ao vivo e se encaixou perfeitamente.
O final da primeira parte do show veio com “The Alchemist”, trazendo novamente todo o peso do final dos anos 90, seguida pelo clássico absoluto, cantado por todos, “Tears of The Dragon”. Na sequência, “Darkside of Aquarius” encerrou a primeira parte do set em grande estilo; é impressionante como qualquer música do “Accident of Birth” e “Chemical Wedding” soa bem ao vivo.
Após uma breve pausa, a banda voltou para o bis com “Navigate The Seas Of The Sun”, belíssima balada do “Tyranny Of Souls”, que ficou excelente ao vivo, e encerraram com a dupla “Book of Thel” e “The Tower”, com direito a apresentação de todos os membros da banda durante a introdução de “The Tower”.
Nenhum set de um artista do calibre de Bruce Dickinson vai agradar a todos, e senti falta de músicas do “Tattooed Millionaire”; mesmo o “Accident of Birth” esteve representado por apenas duas músicas. Isso quer dizer que o set foi ruim? Muito longe disso, até o cover encaixou muito bem no set.
Antes da turnê, ouvi muita gente reclamando que Roy Z e Adrian Smith não estariam na banda; porém, musicalmente, não fizeram falta. A banda que acompanhou Bruce executou muito bem as músicas, sendo extremamente fiéis às versões originais, com alguns poucos deslizes que não comprometeram em nada.
O saldo dessa turnê é altamente positivo, é impressionante como a voz e a vitalidade de Bruce continuam soando extremamente bem, parecendo ainda um jovem de 20 e poucos anos.
Sabemos que estamos mais perto de ver o fim do que o começo da carreira tanto de Bruce quanto do Iron Maiden, mas fica a impressão de que se dependêssemos única e exclusivamente da voz dele, ainda teríamos muitos anos pela frente.
Setlist:
“Accident of Birth”
“Abduction”
“Laughing in the Hiding Bush”
“Afterglow of Ragnarok”
“Chemical Wedding”
“Many Doors to Hell”
“Gates of Urizen”
“Resurrection Men”
“Rain on the Graves”
“Frankenstein” (The Edgar Winter Group cover)
“The Alchemist”
“Tears of the Dragon”
“Darkside of Aquarius”
“Navigate the Seas of the Sun”
“Book of Thel”
“The Tower”
Parabéns MCA Concerts e Midiorama pelo belíssimo evento e obrigado pela parceria no credenciamento.