Bulldozer, Headhunter DC, Amen Corner, Orthostat – Hangar 110, São Paulo/SP (17/08/2024)
Produção: Tumba Productions
Texto e fotos (Bulldozer) por Matheus “Mu” Silva
“IT’S BULLDOZER TIME”
Após pouco menos de um ano, em show realizado no Setembro Negro Festival, a banda cult italiana Bulldozer retorna ao Brasil, em sua terceira passagem por nosso país, desta vez passando por quatro cidades. O “Venom italiano”, ainda com os membros originais AC Wild (vocal/baixo) e Andy Panigada (guitarra), além de Manu (bateria), trouxe a turnê do quadragésimo aniversário do clássico The Day of Wrath, em evento produzido pela Tumba, no tradicional Hangar 110, com ingressos esgotados.
Vale ressaltar que, mais uma vez, a Tumba realizou o evento com ingressos a preços super acessíveis, assim como os outros shows dessa turnê, algo que a produtora tem prezado ao realizar eventos de qualidade, com boas bandas acompanhando e com valores quase simbólicos, para que o fã de metal se movimente mais. Ponto para eles!
Por falar em boas bandas, as escolhidas para abrir o evento se provaram excelentes escolhas.

A Orthostat, banda mais nova a se apresentar no evento, mostrou por que vem sendo um nome de destaque no Death Metal nacional. Oriunda de Jaraguá do Sul/SC, a banda apresentou músicas de seu último disco The Heat Death, demonstrando uma energia absurda ao executar cada som, aliado à qualidade impressionante do som local, lembrando a escola noventista de Death Metal, na pegada do Incantation. Iniciando pontualmente às 19 horas e com pouco mais de meia hora de set, foi um bom aquecimento para o público que estava chegando aos poucos no Hangar 110.

Na sequência, Amen Corner, banda que dispensa apresentações. Apresentando o excelente Written By The Devil, lançado há dois meses, a banda subiu ao palco às 19:50, já despejando seu Black Metal cadenciado, denso, cheio de riffs para bater cabeça.
Ao contrário da esmagadora maioria das bandas do gênero, o Amen Corner executa um som que preza mais pelo peso do que pela velocidade, se apoiando em melodias mais simples, arrastadas, mas ao mesmo tempo furiosas, como foi percebido nas clássicas faixas como “Black Thorn”, “Heir of Lust, Heir of Pleasure” e a absurda “Diabolic Possession”, que mostram o poderio do Black Metal noventista nacional.
Na minha opinião, essa banda é uma das melhores do metal extremo nacional, o que mostrou que a escolha além de fazer sentido para o evento, só engrandeceu o mesmo. O show encerrou com a diabólica “Amen Corner”, sendo ovacionados ao fim do set.

Um dos maiores expoentes do metal extremo nordestino, e em atividade desde 1987, o Headhunter DC retornou à capital paulista, trazendo o seu culto ao metal da morte. Confesso que estou há anos tentando assistir a um show deles, e não poderia ser mais oportuno.
Liderado por Sérgio “Baloff” Borges, vocalista, com sua eterna obsessão pelo número da besta, e único membro remanescente desde o disco de estreia, o destruidor Born… Suffer… Die…, a banda destilou seu Death Metal poderoso, metendo o pé na porta com “Dawn of Heresy”. Foi pedrada atrás de pedrada, com “Stillborn Messiah” e a dobradinha “Death Vomit/Am I Crazy?”, tendo a banda agitado bastante os presentes.
A apresentação ainda contou com a execução de uma música nova, faixa-título do próximo disco da banda, “Rise of The Dead”, muito bem recebida, que serviu de aperitivo para o que está por vir. Baloff a todo momento celebrava o “Metal da Morte”, e agradecia ao público, que praticamente já enchia a casa. Encerrando seu set com “Hail The Metal of Death”, a banda preparou todo o terreno para o que viria a seguir…

Com a casa lotada, e sem o tradicional altar montado no palco, já que a banda vem se apresentando como trio desde 2021, relembrando seus primórdios, começa a soar a introdução “The Exorcism”, que abre o disco The Day of Wrath, para o Bulldozer entrar já fuzilando a clássica “Cut Throat”, emendando logo “Insurrection of The Living Damned” e “Fallen Angel” para alegria dos presentes, que finalmente começaram a agitar mais, abrindo rodas e batendo cabeça loucamente. Após algumas falhas técnicas (e com Andy distribuindo palhetas para a galera enquanto era arrumado o som de sua guitarra), a banda lançou “The Great Deceiver”.
O show em si contou com músicas apenas dos três primeiros álbuns, com o debut sendo executado praticamente na íntegra, faltando apenas as duas últimas músicas, “Welcome Death” e “Endless Funeral”. Mais falhas técnicas, e a banda chutou o balde com “Mad Man”, levando todos literalmente à loucura! AC Wild então avisou que se iniciariam agora as músicas de seu segundo disco, e com isso veio uma sequência absurda do disco The Final Separation, outro grande álbum do Bulldozer, já começando pela faixa-título, seguida de “Ride Hard – Die Fast”, “The Cave”, “Sex Symbols Bullshit”, “Never Relax” e “Don’t Trust The Saint”.

E aí anunciaram, mencionando antes o nome de diversos jogadores brasileiros, a celebração futebolística “The Derby”, tendo várias pessoas gritando o nome de seus times antes de iniciarem a música. Ao final dela, um gole em seu Jack Daniels entregou a última faixa do primeiro disco a ser tocada no evento, “Whisky Time”, uma das mais conhecidas da banda, com seu refrão sendo cantado por todos presentes.
E para fechar a noite, um cover de “Overkill” do Motörhead culminou no fim da apresentação. Com pouco mais de uma hora, o Bulldozer entregou o que se espera de uma banda do seu calibre: um show recheado de clássicos, respeitando seu passado e seu legado. Além disso, todas as bandas envolvidas abrilhantaram o evento. Uma noite lendária para os fãs do metal extremo!
