Carcass – Carioca Club, São Paulo/SP (15/05/2025)
Produção: Overload
Assessoria: Tedesco Comunicação & Mídia
Texto por Ricardo Brigas
Fotos por Alessandra Rosato
Uma das maiores lendas do Death Metal mundial, os ingleses do Carcass, que estão na ativa desde 1985, voltaram ao Brasil após pouco mais de um ano. A última passagem da banda pelo país foi no Summer Breeze Brasil, em 2024, festival que aconteceu no Memorial da América Latina, em um dia extremamente ensolarado. Na ocasião, os músicos passaram mal durante a apresentação devido ao calor excessivo — Jeff Walker (baixo/vocal), inclusive, chegou a tocar com uma touca de gelo na cabeça para tentar amenizar o desconforto. Ver uma banda enfrentando esse tipo de adversidade em um festival, onde o tempo de set é reduzido e a apresentação acontece durante o dia, já torna tudo completamente diferente do que vivenciamos nesta noite no Carioca Club.
O Carioca Club é uma casa de shows muito bem estruturada, bem localizada, e o público que frequenta o local já conhece essa qualidade. O famoso “esquenta” nos bares anexos à casa já nos dá um spoiler da energia que encontraremos lá dentro — e, quando chegamos, a região já estava fervendo.
Mais inusitado ainda foi ver os integrantes do Carcass comprando camisetas piratas da própria banda nas banquinhas do outro lado da rua. Todos foram conferir e saíram com uma peça debaixo do braço.
Lá dentro, o espaço já estava bem cheio, e a galera compareceu em peso para ver de perto os senhores de Liverpool — e quem foi, não se decepcionou.
O show começou com “Unfit for Human Consumption”, e o público respondeu de imediato à altura. Em seguida, veio “Buried Dreams”, enlouquecendo os fãs mais antigos. Sempre digo que o Heartwork é um disco referência na carreira dos caras, e ao vivo ele soa ainda melhor que em estúdio.
Aliás, parabéns ao técnico de som, que deixou tudo muito bem nivelado. Todos os instrumentos estavam perfeitamente audíveis, e os “subs” dos bumbos estavam bem equilibrados. Se fosse para dar uma nota à mesa de som, seria 9,0 — diferente da nota da iluminação, que merece um 10.
A iluminação foi um show à parte. Temos visto apresentações com cada vez mais capricho nesse aspecto, e aqui não foi diferente. A luz deu alma ao espetáculo, criou climas tensos e dinâmicos. Foi visualmente impecável, casando perfeitamente com o som — um diferencial do Carioca Club, que conta com um sistema de som e luz excelentes, raramente proporcionando experiências ruins.
O show percorreu os álbuns que consagraram a carreira da banda e os tornaram referência no Death Metal mundial. A cada faixa, os músicos se mostravam mais à vontade no palco. Bill Steer tem um jeito muito particular de se movimentar, o que dá um toque visual diferente à apresentação. Jeff Walker, por sua vez, frequentemente apoia o baixo sobre a coxa, criando uma imagem impactante para quem vê de longe.
Não gosto muito de comparar shows, mas quem foi ao Carioca Club neste dia 15 presenciou, além de um espetáculo sonoro e visual de alto nível, uma verdadeira aula de como se faz um grande show de Death Metal. O Carcass nos mostrou que riffs dobrados, solos bem encaixados, vocais diretos e uma execução técnica impecável são mais do que suficientes para satisfazer todos nós — pequenos seres humanos abaixo do palco, impactados por essa explosão de energia.
Cada centavo gasto com o ingresso foi bem investido. A banda, com muito esforço e entrega, fez todos esquecerem o show sofrido do ano anterior. Ouvi-los tocar clássicos como “Ruptured in Purulence / Heartwork” no encore lavou a alma dos fãs mais antigos, que saíram do Carioca Club com um grande sorriso no rosto. A banda não decepcionou em momento algum e entregou um espetáculo memorável.
Setlist:
Unfit for Human Consumption
Buried Dreams
Kelly’s Meat Emporium
Incarnated Solvent Abuse
No Love Lost
Tomorrow Belongs to Nobody / Death Certificate
Dance of Ixtab (Psychopomp & Circumstance March No. 1 in B)
Black Star / Keep On Rotting in the Free World
Genital Grinder
Pyosisified (Rotten to the Gore)
Tools of the Trade
The Scythe’s Remorseless Swing
316L Grade Surgical Steel
This Mortal Coil
Corporal Jigsore Quandary
Captive Bolt Pistol
Ruptured in Purulence / Heartwork
Carneous Cacoffiny (outro)
Have a Cigar (Pink Floyd cover – trecho de encerramento)
























