Deafheaven – “Lonely People With Power” (2025)
Roadrunner Records
#BlackMetal #PostBlackMetal #Shoegaze #Blackgaze
Para fãs de: Alcest, Ghost Bath, Harakiri For The Sky
Texto por Lucas David
Nota: 10
Quando uma banda faz um tipo de som que mistura muitas influências ou elementos que não são “característicos” de um determinado gênero, ela acaba chamando atenção na cena como um todo — seja de forma positiva ou negativa. Contando com seis álbuns de estúdio, e apresentando algo novo em cada um deles, mas ainda assim mantendo sua essência, o Deafheaven é uma dessas bandas que atraem os olhares (e ouvidos) por onde passam.
Para quem não conhece, a banda utiliza uma mistura de Black Metal e Shoegaze, algo que ficou evidente no aclamado Sunbather (2013), e que conferiu à banda um status especial, com o termo Blackgaze (mesmo não tendo sido criado por eles) tornando-se parte de sua identidade. Alguns discos depois — com o mais recente Infinite Granite (2021) apostando em um som mais post-punk e abandonando quase por completo os vocais ásperos — eles lançam agora sua mais nova oferta: Lonely People With Power, via Roadrunner Records.
Quase como uma referência ao já citado Sunbather, esse novo disco resgata os vocais característicos do Black Metal, a agressividade das guitarras e da bateria, além das melodias etéreas de bandas como Alcest. Porém, em Lonely People With Power, o Deafheaven parece estar mais raivoso, com tons mais sombrios, entregando um dos seus melhores trabalhos até hoje.
Após a intro “Incidental I”, “Doberman” explode nos falantes com uma agressividade surpreendente e se mostra imponente. A bateria de Daniel Tracy é extremamente potente, com um ataque impiedoso de blast beats, enquanto as guitarras de Kerry McCoy e Shiv Mehra são rápidas e sujas, mas ao mesmo tempo possuem uma melodia intrínseca que hipnotiza.
Em “Magnolia”, o riff principal é gélido e violento, remetendo aos mestres do Black Metal Progressivo, Enslaved, além de carregar uma pegada Thrash em toda sua execução — o que faz dessa uma das melhores faixas do disco. Os vocais de George Clarke são um show à parte, sem perder a intensidade em nenhum momento.
“Heathen” incorpora com sucesso a recente fase da banda com vocais melódicos, dentro de uma estrutura que ainda soa como Deafheaven. O mais interessante é que a inclusão de vocais limpos e gritados não compromete a atmosfera melódica — pelo contrário, enriquece.
Da mesma forma, “Amethyst” também se destaca, sendo a faixa mais longa do álbum. À medida que se desenvolve, partindo de palavras faladas e um sussurro meio mal-humorado para uma avalanche de blast beats, nada soa exagerado.
Longe de ser um passo para trás ou uma tentativa de corrigir algo, o retorno ao peso representa simplesmente a próxima etapa da banda. Para os familiarizados, todos os elementos presentes no disco serão reconhecidos de trabalhos anteriores. Para quem está conhecendo agora, talvez a experiência seja um pouco desafiadora, devido às experimentações.
No entanto, quem se permitir embarcar nessa jornada encontrará aqui uma experiência única, já que o álbum oferece uma verdadeira viagem sonora. Separe um momento só para você, coloque os fones de ouvido ou aumente o volume do rádio, e sinta tudo o que o Deafheaven conseguiu transmitir em Lonely People With Power.