Decapitated – “Blood Mantra” (2014) (Relançamento 2025)
Nuclear Blast | Shinigami Records
#DeathMetal #GrooveMetal
Para fãs de: Meshuggah, Machine Head, Gojira, Vader
Texto por Johnny Z.
Nota: 8,0
Sexto álbum de estúdio da banda polonesa, que no início de carreira apostava no Death Metal puro e simples, com algumas passagens mais técnicas, mas sem romper com os padrões tradicionais do gênero. Com o passar dos anos, foram refinando sua sonoridade e incorporando elementos de groove, adicionando mais melodia ao seu estilo já técnico e brutal. O resultado é uma sonoridade que equilibra agressividade e sofisticação.
A faixa de abertura, “Exiled in Flesh”, começa com uma construção gradual antes de mergulhar o ouvinte em uma avalanche de riffs intensos, linhas de baixo contundentes e vocais ferozes. A intensidade se mantém com faixas como “The Blasphemous Psalm to the Dummy God Creation” e “Veins”, que demonstram um equilíbrio entre brutalidade e complexidade técnica, sempre com grande ênfase nos riffs e palhetadas. A faixa-título, “Blood Mantra”, se destaca pela combinação de riffs cativantes, variações de tempo e uma brutalidade esmagadora, culminando em um solo de guitarra memorável. “Nest” traz mudanças intricadas e imprevisíveis, conferindo uma sensação de caos controlado que remete a clássicos como “Spheres of Madness”.
O álbum também explora territórios mais melódicos, especialmente em “Blindness”, que possui uma atmosfera quase hipnótica, com uma introdução tribal que mantém a tensão ao longo da música. O encerramento fica por conta da instrumental “Red Sun”, que transporta o ouvinte para uma paisagem sonora densa e pós-apocalíptica.
A produção do álbum, assinada por Wojtek e Sławek Wiesławscy no Hertz Studio, na Polônia, é um dos pontos altos do disco. A mixagem é clara e poderosa, permitindo que cada instrumento tenha sua devida presença sem comprometer a coesão geral. A guitarra de Wacław “Vogg” Kiełtyka continua sendo a espinha dorsal do som do Decapitated, enquanto a adição de Paweł Pasek (baixo) e Michał Łysejko (bateria) trouxe novas camadas rítmicas ao som da banda em comparação ao passado.
Sonoramente, “Blood Mantra” apresenta uma fusão de elementos tradicionais do death metal técnico com influências modernas, incluindo grooves intensos e ritmos polirrítmicos que remetem ao Meshuggah. Inclusive, os vocais de Rafał “Rasta” Piotrowski em certos momentos se assemelham bastante aos de Jens Kidman, por serem ferozes e articulados, proporcionando um equilíbrio entre agressividade e clareza.
A diversidade rítmica é outro destaque, com transições entre passagens rápidas e agressivas e seções mais lentas e atmosféricas. No geral, “Blood Mantra” eleva o Decapitated ao patamar de uma das bandas mais inovadoras e relevantes do metal extremo contemporâneo. Combinando técnica apurada, brutalidade e uma abordagem progressiva, o álbum se firma como um marco na discografia da banda e um deleite para os fãs do gênero.
Uma pena que a edição nacional não traga a faixa bônus “Moth Defect”, uma verdadeira pancada, repleta de rifferama insana e quebradeira brutal, daquelas de sair batendo cabeça sem pensar duas vezes (risos).