Por João Paulo Gomes
Diagramação e Header por Johnny Z.
Fotos: Google
Bon Jovi – “Bounce” (2002)
Island Records
Nota: 6,5
O ano de 2001 fez com que o mundo nunca mais fosse o mesmo. Os atentados de 11/9 escreveram uma das piores páginas da história da humanidade.
Após esta tragédia o Bon Jovi realizou vários concertos para arrecadação de fundos e trabalho voluntário em prol das famílias das vítimas. Testemunhar as consequências diretas e participar da reconstrução de Nova York influenciaram demais a banda para o próximo álbum.
Jon e Sambora se juntam novamente a Luke Ebbin (“Crush”) e “Bounce” ganha vida em 08/10/2002. O título é uma referência à capacidade da cidade de Nova York e do País como um todo de se recuperar dos atentados. O álbum estreou em #2 na “Billboard 200” (curiosidade: este é o único álbum da banda a não alcançar platina).
“Undivided” e seu riff “sujo” abrem o álbum matando a saudade dos verdadeiros Jon e Sambora energizados e entregues a canção (coisa que faltou no “Crush”). Música tensa e soturna do início ao fim mostrando a temática do álbum. Excelente!
Escolhida para ser a música de trabalho “Everyday” segue a mesma estrutura musical de “It’s My Life” só que em vez de Max Martin o escolhido para co-autor foi Andreas Carlsson (Backstreet Boys). Preocupa a banda se repetir desta forma.
Em seguida temos um trio que “segura a peteca” dos petardos anteriores: “The Distance” (balada “uptempo” com um dos melhores riffs do álbum), “Joey” (Elton John com Bruce Springsteen) e “Misunderstood” (bom refrão).
Daí em diante a qualidade do álbum cai um pouco com muitas baladas: “Right Side Of Wrong” (nem Sambora salva), “You Had Me From Hello”, “Open All Night” e “All About Lovin’ You” (a balada do álbum, mas ainda assim de segunda linha mesmo com o excelente vocal de Jon).
Outras músicas tentam chacoalhar o ouvinte: “Love Back To Life” (parecida com “The Distance” (e isso é uma coisa boa!)), “Hook Me Up” (um clima The Cult rondando e uma letra bem interessante sobre um garoto na Palestina tentando contato via rádio amador. Em 2002 o conflito Israelense-Palestino teve o maior número de vítimas civis, principalmente crianças) e “Bounce”, a música título, que te pega pelas bolas desde o riff e não larga mais.
Apesar de “Bounce” ser melhor do que o álbum anterior, “Crush”, a banda ainda precisa recuperar a magia de ser coesa do início ao fim, pois apesar do início forte, o álbum não entrega o que prometia em sua segunda metade. Ajudaria um outro sequenciamento das músicas e ter menos baladas. Mesmo assim vale à pena revisitá-lo (ou conhecê-lo).
Tracklist:
Undivided
Everyday
The Distance
Joey
Misunderstood
All About Lovin’ You
Hook Me Up
Right Side Of Wrong
Love Me Back To Life
You Had Me From Hello
Bounce
Open All Night
No Regrets *
Postcards From The Wasteland *
Faixas Extras:
* -> Japão: Enquanto a primeira é uma desesperançosa e malsucedida mistura de Aerosmith e Nirvana a segunda é mais uma balada desnecessária do álbum.
Relançamentos:
2010 -> remasterizado com faixas extras
Observações: Em 2002 foi lançada na Inglaterra a edição especial “UML UK Pressing” que traz um videoclipe exclusivo. Em 2003, nos EUA, foi lançada a edição especial com CD/DVD “Bounce – Tour Edition With DVD” que, no DVD, contém videoclipes de todas as músicas do álbum. Também foi lançada uma edição SACD do álbum na Europa.
Bon Jovi – “This Left Feels Right: Greatest Hits With a Twist” (2003)
Island Records
Nota: 2,0
A performance acústica de Jon e Sambora no MTV Video Music Awards em 89 com “Wanted Dead Or Alive” é reconhecida como sendo a inspiração para o projeto “Unplugged” da MTV. Em 1996 a banda flertou novamente com o formato ao tocar um set acústico na turnê (“Wanted Dead Or Alive”, “I’d Die For You” e “In These Arms”) que fez os fãs sonharem com um álbum com versões acústicas dos grandes clássicos. Mas até então não havia sinal de fumaça no horizonte.
Século novo, propostas novas e muitas bandas se reinventando com performances intimistas fez com que Jon resolvesse seguir a onda e lançar o tal álbum acústico. Mas, não seria algo simplesmente acústico. Era necessário fazer algo diferente para se destacar.
Em 03/11/2003 a banda lança “This Left Feels Right: Greatest Hits With a Twist”. Produzido por Patrick Leonard, Jon e Sambora. O álbum conta com uma nova roupagem para alguns clássicos (segundo Jon “a trip down to memory lane”) e gera uma pergunta que não quer calar: Por quê?
Em vez de lançarem um álbum acústico (vide o DVD extra da edição dupla deste álbum que possui versões acústicas excelentes) optaram pelo que parece ser uma coleção de “remixes” malfeitos. Alguns efeitos são bizarros como: “Wanted Dead Or Alive” com uma batida trip hop (o famoso “downtempo”), mas, segundo Jon e Sambora, foi criado um clima Led Zeppelin (?).
Verdade seja dita as músicas assumiram uma vibe bem diferente e a banda pode até ganhar pontos por se arriscar dessa forma, mas isso não quer dizer que seja bom.
Qual o sentido de “Livin’ On A Prayer” ser reformulada como balada (novamente?) em um dueto de Jon e Olivia d’Abo (esposa do produtor do álbum e atriz de “The Wonder Years”)?
Dar a “You Give Love A Bad Name” uma versão jazzística irreconhecível e “Bad Medicine” virar uma… é melhor nem comentar…
“Bed Of Roses”, “It’s My Life”, “Born To Be My Baby”, “Always”, “Everyday”, “Keep The Faith”, “Lay Your Hands On Me” e “I’ll Be There For You” são proibitivas de serem ouvidas. Versões lentas, chatas… Meu Deus, quanto sacrilégio… E no livreto que acompanha o CD ainda há uma “entrevista” em que Jon e Sambora enaltecem o álbum. Vergonha alheia define.
Apenas um motivo para a existência deste álbum me vem à cabeça: a vontade da banda ser levada a sério se distanciando da antiga imagem ou algo parecido. Mas simplesmente cantar diferente e desacelerar as músicas não faz com que você seja reconhecido como “sério”.
Posso até entender se for isso mesmo, mas o álbum carece de intimidade e emoção para que o ouvinte possa “entrar” nessas recriações. Ouvi-las por si só é doloroso…
Qualquer tentativa de mudança de direção se perdeu. Um álbum sem alma e sem sentido algum. Desnecessário.
Tracklist:
Wanted Dead Or Alive
Livin’ On A Prayer (Feat. Olivia d’Abo)
Bad Medicine
It’s My Life
Lay Your Hands On Me
You Give Love A Bad Name
Bed Of Roses
Everyday
Born To Be My Baby
Keep The Faith
I’ll Be There For You
Always
The Distance (Live) *
All About Lovin’ You (Acoustic) **
Have a Little Faith In Me (John Hiatt) (Live) ***
Joey (Live) ****
Faixas Extras:
* -> EUA, Brasil, UK e Japão
** -> Brasil
*** -> Japão
*** -> UK e Japão
Observações: Por todo o mundo foram lançadas edições especiais contendo um DVD com performances acústicas gravadas em estúdio. No Japão existe uma edição com DVD que possui três performances acústicas em estúdio a mais do que as edições CD/DVD dos outros países. Nos EUA foi lançada uma edição SACD.
Bon Jovi – “Have A Nice Day” (2005)
Island Records
Nota: 7,5
Chegando à metade da primeira década do novo século o Bon Jovi parecia estar em uma encruzilhada. Enquanto “Crush” teve o efeito “It’s My Life”, “Everyday” não fez o mesmo por “Bounce” e logo depois veio o desnecessário “This Left Feels Right”. Era hora de inovar.
No verão de 2004, Jon e Sambora se juntam a John Shanks (Melissa Etheridge, Stevie Nicks, Alanis Morissette) para produzir o novo álbum (enquanto paralelamente retoques finais ao box set “100,000,000 Bon Jovi Fans Can’t Be Wrong” eram dados).
O nono álbum deveria ser lançado no início de 2005, mas Jon mudou de ideia. Em dezembro de 2004 voltou ao Sanctuary Sound Studio para escrever mais músicas, ajustar letras e arranjos, só que após esse período Shanks não estava mais disponível e Rick Parashar (Pearl Jam, Temple Of The Dog, Nickelback) foi convocado para terminar a tarefa.
“Have A Nice Day” ganha vida em 20/09/2005, com Desmond Child como produtor executivo, mostrando um novo som sob uma luz contemporânea, mas “surfando uma onda” existente (Goo Goo Dolls, Matchbox 20) diferentemente do que foi feito em “Keep The Faith” e “These Days”.
O álbum começa com a faixa-título que cria uma trilogia com “It’s My Life” e “Everyday”, mas é mais bem construída. Uma excelente música, que virou item obrigatório em cada show, desde então, mostrando que ainda havia fôlego para continuar criando sucessos.
“Who Says You Can’t Go Home” um excelente pop rock country sobre as raízes da banda que foi regravada com Jennifer Nettles (Sugarland) já que na primeira versão, com Keith Urban, os vocais ficaram muito parecidos.
“Last Man Standing”, em homenagem a Johnny Cash (falecido em 2003), recebe uma nova roupagem, diferente da lançada no box de 2004, ganhando novo fôlego em uma versão mais agressiva, acelerada e atualizada e se tornando uma das melhores músicas do álbum.
“I Am” possui não apenas um refrão de tirar o fôlego, mas uma performance que lembra os grandes momentos da carreira de Jon. Um daqueles incríveis “hidden treasures” do Bon Jovi.
As boas músicas continuam: “Welcome To Wherever You Are” (excelente canção que poderia ser mais aproveitada nos shows), “Bells Of Freedom” (uma variação de “Chimes Of Freedom” de Bob Dylan sobre a indústria da música), “Last Cigarette” (encontro entre Beach Boys e All-American Rejects) e “Novocaine” (sobre o divórcio de David Bryan).
Completam o álbum “I Want To Be Loved” (razoável), “Wildflower” (descartável), “Complicated” (frustrante) e “Story of My Life”, que é legal, mas igual ao que outras bandas faziam na época.
“Have A Nice Day” mostra que a química entre Jon e Sambora continua gerando composições cativantes. A produção é muito bem-feita, mas em alguns momentos dá ao álbum um tom monocromático e sem ambições que pode fazer o ouvinte achar desinteressante e repetitivo. Mesmo não sendo um dos melhores trabalhos da banda é o melhor em um longo tempo.
Tracklist:
Have A Nice Day
I Want To Be Loved
Welcome To Wherever You Are
Who Says You Can’t Go Home
Last Man Standing
Bells Of Freedom
Wildflower
Last Cigarette
I Am
Complicated
Novocaine
Story Of My Life
Dirty Little Secret *
Unbreakable **
These Open Arms ***
Faixas Extras:
* -> Europa, UK, Austrália, Ásia e Japão: Difícil entender como esta música pode ser uma faixa extra. Uma das melhores músicas do álbum, se não for a melhor. Um hard rock de encher os olhos com um riff matador e um tremendo refrão.
**-> UK, Austrália, Ásia e Japão: canção com toques modernos e um groove interessante.
*** -> Japão: balada esquecível
Relançamentos:
2010 -> remasterizado com faixas extras
Observações: O álbum possui em diversos países uma “Deluxe Edition” com CD/DVD na qual o CD possui faixas extras (variam em cada país) e o DVD uma parte do show de Atlantic City em 2004 de divulgação do box “100,000,000 Bon Jovi Fans Can’t Be Wrong”. Na Target foi lançada uma edição com um CD extra de 3″ (sem o DVD). No Japão em 2006 foi lançada uma edição especial com CD/DVD chamada “Have a Nice Day (Japan Tour Edition) com faixas extras ao vivo no CD e videoclipes no DVD. Uma edição híbrida (CD/DVD em um “dual disc”) também foi lançada nos EUA.
Bon Jovi – “Lost Highway” (2007)
Universal Music Group
Nota: 6,5
Aproveitando o sucesso da música “Who Says You Can’t Go Home”, do “Have A Nice Day”, que fez o Bon Jovi se tornar a primeira banda de rock na história a alcançar o topo da “Billboard Hot Country Songs” e ainda angariou os prêmios: “Best Collaborative Video” no “CMT Music Awards” (2006), “Favorite Rock Song” no “People’s Choice Awards” (2007) e “Grammy Award for Best Country Collaboration with Vocals” (2007), a banda decidiu lançar um álbum “country”.
A possibilidade de atingir um novo mercado fez Jon e Sambora arrumarem as malas rumo à Nashville. O plano era escrever o álbum no convívio deste novo mercado combinando as influências modernas do último álbum com a aura da cidade. Para tal desafio ninguém mais ninguém menos que Dann Huff (Megadeth, Keith Urban) foi convocado para a produção junto com John Shanks e Desmond Child.
“Lost Highway”, o décimo álbum da banda, que Jon classificou como: “a Bon Jovi album influenced by Nashville” vê a luz do dia em 08/06/2007. Perfeitamente construído para brilhar nas rádios country o álbum debutou como TOP 1 na “Billboard 200” e em 2008 ganhou o Grammy de “Best Pop Vocal Album”.
A autointitulada abertura (“por acaso” nome de um clássico de Hank Williams) é realmente quase tudo que uma música country deveria soar sendo feita pelo Bon Jovi do novo século, apesar de musicalmente ser genérica. Seria interessante se o restante do álbum seguisse esta linha.
“Summertime” (soando como Mellencamp e Petty) e “We Got It Going On”(com Big & Rich (trilha dos comerciais da AFL (Arena Football League)), são boas músicas e possuem ingredientes de sucesso, mas são vazias de inspiração e feitas apenas para consumo em massa. Claro que muitos fãs vão cantar os refrãos, a questão não é essa, mas a busca pelo sucesso sem pensar muito na qualidade.
As baladas “(You Want To) Make A Memory” e “Till We Ain’t Strangers Anymore” trazem sentimentos diferentes. A primeira marca o retorno dos vocais de Sambora esquecidos em “Have A Nice Day”, mas com solo curto, teclado fraco e bateria inexistente acaba sendo menos do que poderia ser e a segunda é uma tremenda bola dentro iluminada pelos vocais de LeAnn Rimes.
“Any Other Day” é outro “hidden treasure” da discografia da banda. Espetacular!
“Everybody’s Broken” e “Whole Lot Of Leavin’” (Jon escreveu sobre o divórcio e a morte do Pai de Sambora) são excelentes canções e fazem o álbum crescer em importância.
Completam o álbum as esquecíveis “The Last Night”, “One Step Closer”, “I Love This Town” (brega com letra exagerada) e “Seat Next To You” (reza a lenda que, pelos problemas pessoais Sambora não participou da gravação da faixa, mas é creditado como se tivesse. Ouvindo a música se entende o porquê da existência dessa lenda).
“Lost Highway” mostra todo o apelo comercial da banda ao ser feito sob encomenda para o sucesso. Apesar de não ser melhor do que seu antecessor, ganha pontos por ser uma aventura em outros mares. Mas é uma pena que ano após ano a banda venha perdendo profundidade e espontaneidade em prol de permanecer no topo das paradas.
Tracklist:
Lost Highway
Summertime
(You Want To) Make A Memory
Whole Lot Of Leavin’
We Got It Going On
Any Other Day
Seat Next To You
Everybody’s Broken
Till We Ain’t Strangers Anymore
The Last Night
One Step Closer
I Love This Town
Lonely *
Put The Boy Back In Cowboy **
Faixas Extras:
* -> UK, Austrália, Nova Zelândia e Japão: chata e esquecível.
** -> Japão: bem melhor que algumas músicas do álbum com um solo furioso.
Relançamentos:
2010 -> remasterizado com faixas extras
Observações: Existem duas edições do iTunes:
“US iTunes Bonus Tracks”: (You Want To) Make A Memory (Pop Edited Version) e (Live At The Cannery Ballroom);
“US iTunes Bonus Tracks” (pre-order): (You Want To) Make A Memory e Lost Highway (Live At The Cannery Ballroom);
Foi lançado um “pacote” CD/DVD chamado “CMT VH1 Pick” que conta com um DVD de soundcheck do Walmart.
O DVD da edição especial japonesa (CD/DVD) possui “making of” e vídeos.
A edição da Target contém “I Love This Town” (Live At The Cannery Ballroom) e uma música inédita: “Walk Like A Man” que não deveria e nem poderia ter ficado de fora do álbum. Espetacular!! Não apenas um “hidden treasure”, mas teria se tornado um clássico do novo século da banda!
A Target também lançou o DVD e incluiu as chamadas “Stripped: Bonus Performance”
Foi lançado o DVD “Lost Highway: The Concert” que mostra a banda pela primeira vez em sua história tocando ao vivo um álbum em sua totalidade. Vale à pena ouvir a versão de “Any Other Day” que foi estendida aos oito minutos para que os membros da banda brilhassem. E como brilham! Que performance!
Foi lançada depois na Europa (Alemanha e Inglaterra), Tailândia e EUA uma edição chamada “Lost Highway: The Concert” com CD extra ao vivo (que é o áudio do DVD) e na Australia, Nova Zelândia e Japão saiu a edição “Tour Edition: Stripped: Raw And Real” com CD extra.
Bon Jovi – “The Circle” (2009)
Mercury
Nota: 6,0
Em 1992, quando a banda se reuniu no Caribe para se reconectar, Jon disse: “Eu tenho um plano” e pediu que todos confiassem e seguissem suas ideias. Assim foi feito e, não apenas eles confiaram, como passaram, desde então a serem funcionários contratados da empresa de Jon, responsável pela “máquina” Bon Jovi.
A banda então se reinventou, ainda nos anos 90, com dois excelentes álbuns, mas nesse novo século a impressão é de que o plano de carreira da banda se transformou em um plano de negócios e sua lealdade com o popular e as “paradas de sucesso”.
Todo o mundo compreendeu que com o advento da internet a música sofreu um baque enorme, que os artistas precisavam ganhar dinheiro com shows e não mais com álbuns, mas um álbum não pode, ou pelo menos não deve, se tornar apenas argumento de venda para a próxima turnê.
Turnê essa na qual a banda queria tocar as músicas novas, mas o público queria ouvir os grandes clássicos. Ora bolas, se eles mesmos não se importam em produzir algo relevante, como podem querer que o público considere esse “algo” relevante? No mínimo é um contrassenso.
A ideia do décimo primeiro álbum da banda, segundo Jon, era um “retorno do Rock ‘N’ Roll” ou nas palavras de Sambora: “Parece Bon Jovi, mas soa fresco”. “Surpreendentemente”, o produtor é John Shanks (de novo?) que junto com Jon e Sambora dão à luz, em 10/11/2009, “The Circle” que foi imediatamente para o topo das paradas. O título, segundo Jon, significa: “em nossa organização, é muito difícil entrar e mais difícil ainda sair”.
Mas vamos “falar” de música e, infelizmente o “The Circle”, não é bem um retorno ao Rock ‘N’ Roll e sim um pop rock que o U2 está cansado de fazer.
A música de abertura e uma das melhores é “We Weren’t Born To Follow” totalmente calcada em “It’s My Life” e suas sucessoras (“Everyday” e “Have A Nice Day”), mas inferior. Uma curiosidade é que na primeira versão, que consta no single, não havia solo de guitarra e sim um tema, mas a recepção foi tão ruim que Sambora voltou ao estúdio para (re)gravar o solo que consta na versão final do álbum.
As melhores músicas são: “Thorn On My Side” (aonde a banda soa mais natural), “Live Before You Die” (lembra “Joey” do Bounce” e conta com Sambora desfilando riffs e fazendo parceria com uma orquestra) “Love’s The Only Rule” (as linhas de guitarra “a la” The Edge culminam em um solo marcante seguido de um belo tema e um refrão que remete a “Be Somebody” do Kings Of Leon. O álbum precisava de mais músicas assim!), a balada “Superman Tonight” (bom refrão e belo solo) e “Happy Now” (música legal, mas com solo curto).
Muitas músicas são totalmente esquecíveis: “Fast Cars”, “Learn To Love”, “Brokenpromiseland” (início promissor, com referência ao colapso dos EUA, mas virou um Coldplay/U2), “Bullet” (pseudo Nickelback), “When We Were Beautiful” (bonita, chata e melancólica, mas tem um belo solo), “Working For The Working Man” (sobre a fábrica da DHL fechada em Ohio conta com a linha de baixo recriando “Livin’ On A Prayer”, mas sem comparação).
O melhor do álbum? O trabalho de Sambora. No novo século, por diversos momentos, ele toca mais para a música e nesse álbum o trabalho dele é único. Como Jon disse na entrevista do DVD que acompanha o CD: “As outras bandas podem ter guitarristas incríveis e excelentes, mas nenhum deles é Richie Sambora”. I rest my case…
É importante ressaltar que não se espera da banda um novo “Slippery When Wet”, “New Jersey” ou “Keep The Faith” ou mesmo um “Fugazi”, “Revolver” ou “Kind Of Blue”, mas que boas composições sejam feitas. Talvez a correria de álbum, turnê, álbum, turnê… ano após ano seja a culpada pelas músicas que permeiam os últimos álbuns não estarem à altura da banda. Albuns esses imaculadamente produzidos, mas completamente previsíveis e, infelizmente, esquecíveis.
Tracklist:
We Weren’t Born To Follow
When We Were Beautiful
Working For The Working Man
Superman Tonight
Bullet
Thorn In My Side
Live Before You Die
Brokenpromiseland
Love’s The Only Rule
Fast Cars
Happy Now
Learn To Love
Faixas Extras:
É o primeiro álbum desde “New Jersey” a não ter faixas bônus. Jon afirmou na época que havia uma ou duas, mas ele as utilizaria no novo “Greatest Hits” que seria lançado em sequência.
Relançamentos:
2010 -> remasterizado com faixas bônus
Observação: O álbum também foi lançado como “Deluxe Package” que contém CD/DVD aonde no DVD consta o documentário “When We Were Beautiful”. Existe uma versão do iTunes que tem “We Weren’t Born To Follow” (Jason Nevins Remix) como faixa extra.
Bon Jovi – “Greatest Hits” (2010)
Island Records
Nota: 8,5 (a versão dupla)
Em 1994, durante o lançamento de “Crossroad” Jon afirmou que caso houvesse uma futura coletânea ela cobriria o restante da trajetória da banda à partir daquele ponto. Algo como um “Crossroad – Part. II”, mas 16 anos depois a ideia passou a ser outra.
Existia toda uma “geração Z” a ser atingida. A geração que entendia e transformava o novo. A geração que descontruiu diversos dogmas com a disrupção do milênio.
Como então alcançar essa geração sem os grandes clássicos da banda se os últimos lançamentos não se sustentam?
Como disse Jon na época do lançamento, “A música define marcos em nossa vida. Essas músicas resistiram ao teste do tempo e lembram a todos de onde viemos, mesmo mantendo os olhos voltados para o futuro”.
Em 29/10/2010 a banda lança sua terceira coletânea (a segunda, “Tokyo Road”, só foi lançada no Japão em 2001) chamada simplesmente “Greatest Hits” em duas versões: simples e dupla, mas só vale a versão dupla chamada “Greatest Hits – The Ultimate Collection” com o segundo CD sendo “as favoritas dos fãs”.
A banda desfila pelo álbum seu excepcional catálogo de grandes clássicos. Algumas canções ainda fazem falta (“Dry County” e “Hey God”), mas, apesar do “7800º Fahrenheit” (na versão americana) e do “Bounce” (em todas as versões) terem sido esquecidos, tem muita coisa boa nesta edição dupla.
O CD1 é petardo atrás de petardo tirando “We Weren’t Born To Follow” (tinha que ter uma do “The Circle” e até aí tudo bem), “Blaze Of Glory” (Um hino espetacular! Mas não deveria fazer parte da coletânea já que não faz parte do catálogo da banda) e “Who Says You Can’t Go Home” (apenas para atender o público country).
O CD2, o tal “as favoritas dos fãs”, faz jus à excelentes canções como “In These Arms”, “Blood On Blood”, “These Days” e “This Ain’t A Love Song”.
Desnecessário ter “Someday I’ll Be Saturday Night” novamente em uma coletânea e principalmente “When We Were Beautiful” e “(You Want To) Make A Memory” que não possuem nenhuma representatividade na história da banda.
Falando um pouco das novas canções: “No Apologies” e “The More Things Change” (eu ainda tinha esperança de ser um cover do Cinderella) são artificiais, possuem uma embalagem extravagante e não adicionam nada à discografia da banda. “This Is Love, This Is Life” é um pouco melhor, mesmo assim esquecível. Pelo menos temos “What Do You Got” uma balada com o carimbo Bon Jovi que quase assume o protagonismo das grandes baladas da banda.
Com certeza “Greatest Hits – The Ultimate Collection” é um dos álbuns essenciais para os “não iniciados” e para os “iniciados” (a versão dupla).
Tracklist (Versão americana):
CD 1:
Livin’ On A Prayer
You Give Love A Bad Name
It’s My Life
Have A Nice Day
Wanted Dead Or Alive
Bad Medicine
We Weren’t Born To Follow
I’ll Be There For You
Born To Be My Baby
Blaze Of Glory
Who Says You Can’t Go Home (Feat. Jennifer Nettles)
Lay Your Hands On Me (Radio Edit)
Always
Runaway
What Do You Got?
No Apologies
CD 2:
In These Arms
Someday I’ll Be A Saturday Night
Lost Highway
Keep The Faith
When We Were Beautiful
Bed Of Roses
This Ain’t A Love Song
These Days
(You Want To) Make A Memory
Blood On Blood
This Is Love This Is Life
The More Things Change
Observações (edição dupla): A edição internacional possui duas faixas extras no CD2 (4 – “I’ll Sleep When I’m Dead” e 5 – “In And Out Of Love”) do que a americana;
A edição japonesa conta com a 15 – “Tokyo Road” a mais no CD1 e com “In These Arms” e “Runaway” trocando de lugar entre os CDs;
A edição da TARGET tem o CD2 igual a edição americana e o CD1 com duas faixas extras ao vivo: 17 – “Diamond Ring” e 18 – “We Weren’t Born To Follow”;
A edição do iTunes é igual a edição internacional, mas no CD2 tem uma faixa extra: 15 – “This Is Our House” (um autoplágio de “Save A Prayer”);