Dream Theater – “Parasomnia” (2025)
Inside Out Music
#ProgMetal
Para fãs de: Symphony X, Sons of Apollo, Fates Warning
Texto por Luiz Gustavo Santos
Nota: 8,0
Maior lenda da história do Prog Metal mundial e contando com quase 40 anos desde sua fundação, o Dream Theater vive dias de expectativa e renovação. Falo, claro, do aguardado retorno do baterista Mike Portnoy à banda, após mais de uma década de ausência.
Durante esse período, a banda teve altos e baixos com o excelente baterista Mike Mangini, enquanto Portnoy se dedicava incansavelmente a diversos projetos, com destaque para o supergrupo Sons of Apollo, que, infelizmente, parece ter chegado ao fim.
“Parasomnia”, o décimo sexto disco de estúdio da banda, deveria ser o ápice dessa celebração. No entanto, creio que os fãs tenham sentido um sabor agridoce após as primeiras audições. Embora esteja longe de ser um álbum ruim, ele deixa claro que a ausência de Portnoy não era o único problema no som do Dream Theater. Um certo desgaste da fórmula e, principalmente, o evidente declínio vocal de James LaBrie também contribuem para que a banda não consiga mais reproduzir o altíssimo padrão de excelência atingido nos anos 90.
Saudosismos à parte, e com as expectativas ajustadas, vamos ao disco. A sonoridade e a estética desse lançamento pendem para um clima mais sombrio e pesado, remetendo aos álbuns Train of Thought (2003) e Dream Theater (2013). A temática lírica, focada no sono — insônia, paralisia do sono, sonambulismo, entre outros —, não é novidade na trajetória da banda, mas foi explorada aqui até a exaustão.
O retorno de Portnoy é uma verdadeira aula de bateria. É impressionante como ele literalmente compõe cada segundo de suas linhas, sem desperdiçar um único toque. Técnica e criatividade no mais alto nível. Enfim, um monstro sendo monstro. O guitarrista John Petrucci, como de costume, também brilha, com riffs marcantes, melodias envolventes e solos impecáveis. E, ao contrário do que dizem os haters, muito feeling. Já James LaBrie, assim como nos últimos trabalhos, decepciona: suas linhas vocais são arrastadas, com melodias repetitivas e sem a agressividade de outrora.
O álbum começa muito bem, com a envolvente introdução In the Arms of Morpheus e a excelente Night Terror, lançada como single, se encaixando perfeitamente. Em seguida, A Broken Man abre pesada e veloz, tornando-se mais cadenciada em seu miolo. Dead Asleep, apesar do bom refrão, acaba sendo um tanto repetitiva para os padrões da banda, insistindo por tempo demais em um mesmo riff base. Midnight Messiah é rápida, direta e pesada, trazendo boas linhas vocais (finalmente!) e um refrão marcante. Após o interlúdio suave Are We Dreaming?, chega a belíssima balada Bend The Clock, introspectiva e envolvente, fazendo jus ao histórico de grandes faixas desse tipo na discografia da banda.
Para finalizar, não poderia faltar uma faixa épica, com dezenas de mudanças de andamento. The Shadow Man Incident entrega tudo o que os fãs de Prog Metal esperam: uma jornada de 20 minutos repleta de momentos etéreos, passagens intensas, belas melodias e, claro, uma aula de Jordan Rudess nos teclados.
“Parasomnia” definitivamente não é a porrada que os fãs esperavam, tampouco entra para a lista dos grandes clássicos da brilhante e extensa discografia do Dream Theater. No entanto, deixando de lado o peso simbólico do retorno de Portnoy e ouvindo o álbum sem pré-concepções, há muito o que se aproveitar — especialmente após algumas audições atentas, como o Prog Metal exige.
Longa vida ao Dream Theater reunido!