Entrevista com Biff Byford (Saxon) (2022)

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ENTREVISTA COM BIFF BYFORD (SAXON)

Quem pode parar o Saxon? Impressiona ver o ouvir o quinteto inglês que parece incansável!! Não à toa, o grupo celebra 45 anos de carreira e nos apresenta “Carpe Diem”, seu 23º trabalho de estúdio. Um novo clássico? Difícil dizer em tão pouco tempo, mas a classe, bom gosto e toda a energia do bom e velho Saxon ícone da NWOBHM estão lá. Para falar sobre o novo álbum e, também sobre outros assuntos, o vocalista Biff Byford, lenda viva do Heavy Metal, nos atendeu por e-mail e o resultado dessa conversa você lê a seguir.

Por Sergiomar Menezes
Fotos: Divulgação
Edição, diagramação e header por Johnny Z.

Metal Na Lata: Biff, primeiramente, gostaria de lhe agradecer pela sua disponibilidade e dizer que é uma grande honra e privilégio poder entrevistar uma das grandes lendas do heavy metal mundial! Muito obrigado! E já aproveitando, quando falamos de “Carpe Diem”, o 23º álbum de estúdio do Saxon, podemos ouvir uma banda que permanece firme na sua essência de fazer o metal tradicional de sempre, mas com uma pegada atual, pesada, rápida e intensa. Qual o segredo de manter essa integridade ao longo de 45 anos de carreira?

Biff Byford: Tenha integridade. Sempre tente conseguir mais, tentando fazer melhor sem perder suas raízes, seu som original, mas não fique preso ao passado.

Metal Na Lata: “Carpe Diem” traz 10 faixas que nos remetem aos áureos tempos do heavy metal, mas sem soar datado. E um dos principais exemplos disso é a faixa que foi disponibilizada em vídeo “The Pilgrimage”. Cadenciada, mas dona de uma intensidade ímpar, ela consegue nos passar uma atmosfera densa, até mesmo sombria em algumas passagens. Qual foi a inspiração para essa composição tão intensa e carregada de sentimento?

Biff Byford: Obrigado, essa era a nossa intenção – manter a sonoridade do Saxon mas atualizada, sem perder a característica do nosso som como eu mencionei antes. “The Pilgrimage” é, obviamente, sobre peregrinações, sejam elas de 1.000 anos atrás ou se seria apenas alguém que, na semana passada, foi visitar o túmulo de Jim Morrison em Paris. Ou, ainda, foi ver um campo de batalha onde seu avô morreu. Todas essas coisas, locais para onde você viaja para ver, adorar, tocar ou visitar algo assim, é uma peregrinação. E eu só acho que é muito legal. Então, escrevi a faixa sobre peregrinações ao redor do mundo e os diferentes elementos da peregrinação. É disso que se trata a música.

Metal Na Lata: Ao longo do álbum podemos ouvir composições mais rápidas, como por exemplo a própria faixa título, uma daquelas que serão presença obrigatória nos shows do grupo, assim como “Age Of Steam”, outro belo exemplo de como se fazer Heavy Metal, “Remember the Fallen”, “Super Nova” e “Living On The Limit”. Todas elas guiadas por riffs inspirados. Na sua concepção, seria esse o motivo de criar ao longo de todos esses anos, clássicos que se tornaram uma marca dentro do estilo?

Biff Byford: “Living On The Limit” foi um pouco influenciada pelo groove do Motörhead – ou seja, coisas muito rápidas. Tocamos esta faixa um pouco mais rápida e a deixamos “saxonizada”. Como você pode escrever tantas músicas sobre coisas antigas, eu queria escrever uma música sobre Covid, sobre as pessoas que morreram, e dar a minha percepção de como isso parece acontecer. Há certos aspectos disso que são bastante misteriosos, e é claro, ainda não foram discutidos.

Metal Na Lata: O título “Carpe Diem (Seize the Day)” seria autoexplicativo em virtude de tudo que a banda passou nos últimos três anos? Digo isso em virtude do seu problema de saúde em setembro de 2019 e, logo na sequência, os dois anos de pandemia que prendeu a todos em casa, sem a realização de shows e até mesmo, de um simples contato com amigos e familiares?

Biff Byford: Não, na verdade não foi por isso. Comecei a escrever quando já estava no hospital e originalmente queria chamar o álbum de “Pilgrimage”. Escrevi a letra da música “Carpe Diem” baseada no Hadrian’s Wall, sobre a invasão romana da Inglaterra. Quando saí do hospital, minha esposa me levou para uma pequena descanso e recuperação na parte norte da Inglaterra, chamada Northumberland. E visitamos o Hadrian’s Wall e estávamos explorando os fortes e castelos romanos. E eu continuei vendo esse “carpe diem” em todos os lugares. Isso foi como “Tenha um bom dia” para os romanos ou aproveite o dia. E eu pensei, que grande ideia para um título de álbum, Carpe Diem. Então foi daí que surgiu o título do álbum, em como podemos aproveitar o que temos ao nosso redor todos os dias.

Metal Na Lata: Andy Sneap tem produzido os álbuns do Saxon desde “Battering Ram” (2015), exceção ao álbum “Inspirations” (2021), produzido por você. Qual a importância dele nesse aspecto, tendo em vista que a regularidade destes trabalhos acaba sendo mais um ponto a ser destacado, ressaltando ainda mais a classe e bom gosto das composições?

Biff Byford: Trabalhamos com Andy há anos e ele sempre sabe como é o Saxon. Ele sabe o que é necessário e como queremos soar. Ele é muito importante para nós, ele nos entende e adoramos trabalhar com ele. Ele sempre quer que tudo soe o melhor possível. Ele é útil em se envolver também nas estruturas das músicas, sugerindo mudanças em partes para ser mais descontraídas ou deixá-las mais intensas e especiais.

Metal Na Lata: Quais são as suas expectativas em relação ao futuro próximo? Digo em relação aos festivais, turnês ao redor do mundo?

Biff Byford: Acabamos de marcar 31 shows na Europa, começando no outono. Já temos alguns festivais à nossa frente. As coisas parecem estar se movendo novamente e estamos muito animados para estar na estrada novamente.

Metal Na Lata: Tive a oportunidade de assistir o Saxon ao vivo apenas uma única vez, dia 13 de março de 2019 em Porto Alegre (BRA), mas posso afirmar, sem nenhum medo de errar, que foi o melhor e mais intenso show de Heavy metal que já assisti. E uma das coisas que mais me chamou a atenção, apesar de já ter assistido diversos vídeos de shows do grupo, a a energia que parece se renovar a cada nova faixa executada, tanto que no meu review do show, citei que nas últimas faixas a sensação que tínhamos era de que o show estava apenas começando! A paixão pelo heavy metal é a fórmula para manter essa energia ao longo dos shows?

Biff Byford: Muito Obrigado!! Eu também tenho a sensação de que ficamos mais enérgicos e revigorados durante o show. Nós sempre adoramos tocar e dar o nosso melhor, mas às vezes há uma maior integração com o público de algum lugar e tudo se torna ainda melhor.

Metal Na Lata: O Saxon possui, na minha opinião, uma das discografias mais consistentes da história do Heavy Metal. Você tem a noção de quão importante e influente é sua música dentro do estilo? Pois, se formos analisar a carreira de muitas bandas que surgiram durante a explosão da NWOBHM, muitas ficaram pelo caminho enquanto outras acabaram mudando um pouco de direcionamento.

Biff Byford: Sempre nos mantivemos fiéis à nossa música e às nossas crenças. Mudá-las não teria sido a melhor opção. Somos um pouco como Motörhead – sem compromisso. Mas sempre tentamos atualizar o som sem perder a vibração do Saxon original.

Metal Na Lata: Falando agora diretamente de você. Quando foi que o Rock N’ Roll, ou o próprio Heavy Metal, entraram na sua vida? Quais foram os artistas que despertaram em você a vontade de se tornar vocalista? E complementando, como manter a voz em alto nível durante todos esses anos?

Biff Byford: Provavelmente os Rolling Stones. Eu também amava os Beatles, mas os Rolling Stones despertaram meu lado rebelde.

Metal Na Lata: Mais uma vez Biff, em nome do Metal Na Lata, gostaria de agradecer a sua disponibilidade em conceder essa entrevista e deixo aqui o espaço para você mandar um recado para seus fãs! Espero vê-los em turnê em breve!

Biff Byford: Muito obrigado pelo seu interesse. Obrigado por serem leais fãs do Saxon e espero que nos vejamos em breve novamente na estrada.

Agradecimentos a Susi dos Santos, Eliton Tomasi e Som do Darma pela parceria.

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