Enuff Z’Nuff – “Brainwashed Generation” (2020)

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Enuff Z’Nuff “Brainwashed Generation” (2020)
Frontiers Music
#PowePop#RockNRoll#AltRock
Para fãs de: Cheap TrickSoul AsylumStone Temple Pilots

Nota: 9,5

O Enuff Z’Nuff, desde o lançamento de seu álbum de estreia autointitulado, em 1989, foi equivocadamente colocado no balaio das bandas de Hair Metal de segunda fase, ao lado de Trixter, Kix, Babylon A.D., Slaughter, provavelmente por conta do visual fru-fru que eles usavam na época.

No entanto, o som da banda – e até o visual – sempre esteve mais para uma brisa hippie dos anos 60/70 mesclado com hard rock dos anos 70, com grande inclinação pop, o que foi ficando cada vez mais claro ao longo dos anos – sim, mesmo com a queda da onda Glam, o Enuff Z’nuff, entre incontáveis trocas de formação, histórias de abuso de drogas, etc., seguiu adiante, conseguindo construir uma considerável base de fãs mundo afora.

Mas a fama de banda Hair Metal que conquistaram nos hey days continua atrapalhando a percepção que as pessoas têm do trabalho dos caras. Inclusive, o Spotify, perpetuando o equívoco do passado, lista como bandas semelhantes ao Enuff Z’nuff justamente aquelas que eu citei acima.

A banda sempre declarou que pratica Power Pop, é assim que eles querem ser reconhecidos. E parece que realmente é um bom termo para definir esse som meio despojado, na onda Cheap Trick, mas também com belas melodias, guitarras sem distorção e algumas levadas psicodélicas.

Atualmente é o próprio Chi Z’nuff quem toma conta dos vocais, e se sai muito bem nesse papel, que desempenha desde o álbum anterior, “Diamond Boy”, o que acabou por dar uma redefinida no som da banda. E para melhor!

Agora que já ficou claro o que se esperar ao ouvir um álbum o Enuff Z’nuff – tire Poison, Warrant e Cinderella da cabeça e coloque The Wallflowers, Soul Asylum e The Beatles – esse álbum foi um dos mais legais que ouvi neste ano. “I Got My Money Where My Mouth Is”, é um puta som, que faz lembrar um pouco o Stone Temple Pilots dos tempos de “Tiny Songs” e “4”. Ainda que o vocal de Chip não se equipare ao de Scott Weiland, o timbre da voz e o jeitão de cantar são muito parecidos.

E o que dizer da maravilhosa balada “It’s All In Vein”, que flerta com a psicodelia dos Beatles, da época de “Sgt Peppers” e “Magical Mistery Tour”, uma verdadeira viagem no tempo, trazendo para o presente um dos momentos mais interessantes e experimentais do rock. Por falar em anos 60, contracultura e psicodelia, a banda sempre foi bem aberta sobre o uso de substâncias psicotrópicas no seu estilo de vida e processo de composição, o que nos proporciona músicas “good vibes” como “Drugland Weekend”, de novo com um pé no Stone Temple Pilots. Para não dizer que Donnie Vie abandonou de vez a banda à qual foi e voltou e saiu novamente, mas sempre ajudou nas composições, ele participa com a música “Strangers In My Head”, que é um alt rock muito consistente e bem executado.

Feita a devida correção na percepção sobre a banda, há que se reconhecer que o Enuff Z’nuff sempre jogou conforme suas próprias regras, soube construir uma longa carreira se adaptando às mudanças da indústria musical e parece ter encontrado um caminho digno para prosseguir nesta década. Altamente recomendado para a rapaziada mais mente aberta.

Wallace Magri

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