Exodus – “Persona Non Grata” (2021)

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Exodus – “Persona Non Grata” (2021)

Nuclear Blast | Shinigami Records
#ThrashMetal #GrooveThrashMetal

Para fãs de: Testament, Death Angel, Metallica (antigo), Overkill, Slayer, Forbidden, Slayer, Anthrax

Texto por Johnny Z.

Nota: 10

Muitos de vocês sabem da minha ligação forte com o Exodus, inclusive no âmbito pessoal. Pois bem, resolvi não publicar essa resenha logo que escutei pela primeira vez, pois não preciso de confete e nem quero sair correndo para mostrar que resenhei antes de todo mundo. Essa necessidade, vulgo carência, eu deixo para os fracos e doentes de espírito.

Deixei passar um tempo também porque quis dissecar o álbum até decorar cada segundo desse trabalho, como sempre faço com as minhas bandas do coração. E sim, o Exodus é uma delas, então, se você que está lendo aqui achar que eu estou sendo parcial, foda-se, estou mesmo! (risos)

Começarei com a seguinte pergunta e resposta: “Persona Non Grata” é melhor que “Blood In, Blood Out”, álbum anterior? Sim! Definitivamente! Em todos os sentidos. Para mim, é uma boa junção de “Tempo Of The Damned” (2004), “Shovel Headed Kill Machine” (2005) e “Exhibit B – The Human Condition” (2010).

Só não vê (ouve) isso quem não quer ou ainda está preso no “Bonded By Blood”. Um exemplo dessa minha afirmação é que você dificilmente se lembrará de alguma música do “Blood In, Blood Out”, mesmo com 8 anos de seu lançamento. É um álbum ruim? JAMAIS! É fabuloso, mas “Persona Non Grata”, após umas duas audições, vai te fazer lembrar facilmente de pelo menos sete músicas e sem fazer força nenhuma. Riffs, refrões e levadas virão à sua cabeça instantaneamente.

Eu aposto que essas sete músicas que grudarão na sua cabeça serão “Persona Non Grata” (uma senhora cacetada!), “R.E.M.F” (mais clássica), “Slipping Into Madness” (Exodus purinho!), “Elitist” (cadenciada e ultra pesada com aquelas palhetadas para fazer air guitar), “Prescribing Horror” (sombria e sinistra como o próprio nome sugere), “The Beatings Will Continue (Until Morale Improves)” e a pesadíssima “Clickbait”.

Li tanta papagaiada por aí que nem vale a pena contestar, já que opinião não se discute, mas nesse caso se lamenta (risos). Li coisas como “a bateria está plástica demais”, “não está tão rápido”, e por aí vai. Sério, gente, vocês estão ouvindo muito Dream Theater, Rhapsody of Fire ou, sei lá, Anitta, já que está na crista da onda dos ‘roquistas’ (risos).

“Persona Non Grata” é aniquilação Thrash numa violência prestes a consumir todas as suas entranhas da forma mais brutal e criminosa possível. É o típico álbum para se ouvir longe de entes queridos, pois com certeza vão se machucar com a sua rebeldia. A raiva, fúria, brutalidade, rifferama cortante, bateria estilo “bruta montes”, produção cavalar, solos daqueles de cortar sua jugular e os vocais típicos de Steve Zetro Souza, que chegam a arranhar os tímpanos do ouvinte. Tudo presente! Inclusive, esse último ponto quero destacar, já que temos aqui algumas vocalizações estilo death metal pela primeira vez na carreira, tanto de Steve como do próprio Exodus, soando de forma mais grave e que PARA MIM combinou demais. Creio que Zetro possa evoluir ainda mais nesse lado nos próximos trabalhos.

O que Gary Holt põe a mão é certeza de qualidade. O cara é (mais uma vez) PARA MIM o melhor guitarrista de Thrash Metal da história, disparado em relação a um segundo lugar. Além disso, é uma máquina de criação de riffs cheios de energia, brutalidade, groove e violência, que está agora de volta ao lugar de onde nunca deveria ter saído: a SUA banda. Não vou entrar no mérito do Slayer, onde ele cumpriu seu papel de forma impecável, mas, a partir do momento que não foi aproveitado nas composições, quem saiu perdendo – e muito – foi o Slayer. “Repentless” (2015) seria 500% melhor, mas isso é um assunto para quem – um dia – estará preparado para o que eu penso (risos)

A produção, a cargo da banda e do engenheiro de som Steve Lagudi, e a mixagem/masterização pelo mago do Thrash Andy Sneap só engrandeceram ainda mais o pacote final, sem contar a belíssima capa de Pär Olofsson, que matou a pau!

A coesão de Gary e Lee Altus nas guitarras também é algo a ser estudado. Digo “também” porque a dupla original da banda, com Gary e Rick Hunolt, chegava a ser alienígena! Jack Gibson é mais na dele, mas tem uma parede sonora ‘gorda’ que recheia as levadas de Tom Hunting (bateria) numa sonoridade que a banda vem adotando desde “Tempo Of The Damned”, e isso me agrada a cada novo lançamento. Gosto de escutar o baixo preenchendo os riffs, palhetadas e viradas, e temos muito disso!

Como falei das músicas que grudarão na sua cabeça, se vocês repararem, são basicamente as seis primeiras faixas na sequência correta do tracklist de “Persona Non Grata”. Todas elas são absurdamente impecáveis e se diferenciam entre si de tal forma que você se lembrará delas por dias a fio.

Meus destaques pessoais vão para a rifferama de “Elitist” e a vibe sinistra de “Prescribing Horror”, que aconselho você, leitor, a ouvir com as luzes acesas. Aqueles choros de criança chegam a arrepiar os pelos mais escondidos do corpo (se é que vocês me entendem, ha ha ha). “Slipping Into Madness” tem um refrão para gritar junto e também é outro dos meus destaques. Essas três faixas, em específico, parecem que foram feitas para o “Tempo Of The Damned” numa máquina do tempo! “The Beatings Will Continue (Until Morale Improves)”, com sua levada meio punk/metal/hardcore, me lembrou bastante o Discharge, o que é algo para se bater palmas de pé! “Clickbait” é um hino contra essa geração mimizenta de criação de fake news e tapinhas nas costas, o que eu particularmente AMEI, pois detesto gente falsa. Outro destaque que não posso deixar de dar é para a faixa “Lunatic-Liar-Lord”, que é uma verdadeira aula de estrutura, harmonia, rifferama, peso e variações de tempo, numa espécie de união de tudo que o Exodus tem de especial! Não é à toa que justo nessa temos a participação de Rick Hunolt!

Agora, “The Years Of Death And Dying” é, junto de “The Fires Of Division”, das menos fabulosas desse trabalho, mesmo a primeira se tornando uma verdadeira rifferama apocalíptica na parte do meio, já que sua estrutura me lembrou um pouco uma “Throwing Down”, só que mais rápida.

“Antiseed” fecha o álbum como ele começou: com o índice de violência e velocidade ligados nos 220 V, e muito groove, para aqueles que falaram asneira como “não é tão violento”. Ora, façam-me o favor! Nada pessoal, mas se não são do Thrash, não tentem parecer que entendem a parada, beleza? (risos). Sem ressentimentos.

Um álbum feito para provar que Thrash Metal e Exodus são nomes que se misturam, se entrelaçam, e “Persona Non Grata” é o típico álbum que chama os “aluninhos” para sentar na frente do “professor” na base da porrada, sem nada de amor ou resiliência, sem massagem e sem dó!

O disco do ano de 2021 com folga, e, se discorda, é seu direito de estar profundamente errado. Só espero que você tenha cura, ou você é um daqueles que só acha o “Bonded By Blood” bom? Acorda, mané!

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