Fate – “Reconnect ‘N’ Ignite” (2024)
Frontiers Music
#HardRock #HardNHeavy #HeavyMetal #MelodicMetal
Para fãs de: Pretty Maids, Royal Hunt, Jorn
Texto por João Paulo Gomes
Nota: 6,5
Depois de onze anos, os dinamarqueses do Fate estão de volta com seu oitavo álbum de estúdio. O trabalho foi produzido, mixado e masterizado por Torben Enevoldsen, que, além de guitarrista, é também o cérebro por trás da sonoridade moderna e poderosa do disco.
O álbum marca o retorno de Per Johansson (The Grandmaster, Crystal Knight, Ureas, Third Eye, Pentakill) nos vocais — um dos vocalistas mais queridos da história recente da banda —, além da estreia de Patrick Törnblom (Silent Call, Strykenine) nos teclados e Søren Ryan na bateria. Completam o lineup o incansável Torben Enevoldsen (guitarras — Acacia Avenue, Rob Moratti, Section A, Fatal Force, Decoy) e o baixista Peter Steincke, o único membro remanescente da formação original (baixo — Acacia Avenue, Decoy), mantendo viva a essência do Fate desde sua fundação nos anos 80.
Com dez faixas e pouco mais de 42 minutos de duração, “Reconnect ‘N’ Ignite” traz uma sonoridade que, embora mantenha a veia melódica que sempre caracterizou a banda, flerta com linhas mais pesadas e modernas. As guitarras estão mais encorpadas, a bateria mais direta, e os teclados aparecem pontualmente, criando atmosferas que enriquecem o peso e não soam datadas.
Apostando em uma cozinha robusta, um excelente vocalista e um guitarrista de mão cheia, a banda entrega composições mais voltadas ao metal do que ao hard rock, como a melódica “Around the Sun”, a cadenciada e contundente “Under the Gun”, o pé na tábua “Reason for Everything”, a ardente “I’m on Fire” (com o perdão do trocadilho) e a urgente “Under the Gun”, que chega a flertar com o power metal. Por outro lado, há espaço para melodias mais acessíveis e refrões grudentos em faixas como “This Will Not Last”, “When It’s Over” e “Hold On”, que carregam aquela pegada clássica de hard rock escandinavo.
A produção é limpa, mas não polida em excesso, preservando certa crueza que torna o som mais orgânico, especialmente nas guitarras, que soam extremamente afiadas. Os vocais de Per Johansson esbanjam potência e versatilidade, transitando entre linhas melódicas, rasgados e drives com muita naturalidade. O trabalho de bateria de Søren Ryan também merece destaque, entregando levadas precisas, variações inteligentes e peso na medida certa.“Reconnect ‘N’ Ignite” é um álbum melódico, rápido, técnico, com pegada moderna, sujo na medida certa e recoloca o Fate no mapa do hard’n’heavy europeu. Contudo, apesar de todos os predicados, fica a impressão de que falta aquele fator de encantamento, aquele impacto imediato do tipo “UAU!”, que transforma um bom disco em algo realmente inesquecível. Ainda assim, é um retorno mais do que digno de uma banda que sempre mereceu mais reconhecimento do que efetivamente teve.