Ghost – “Skeletá” (2025)
Loma Vista Recordings | Universal Music
#HeavyMetal #AOR #HardRock
Para fãs de: Def Leppard, Mötley Crüe, Alice Cooper
Texto por Caio Siqueira Iocohama
Nota: 7,5
Após o grande sucesso de Impera (2022), o Ghost retorna com Skeletá, seu novo álbum de estúdio que, embora traga momentos de puro brilho criativo, oscila entre faixas geniais e outras que parecem inacabadas ou simplesmente esquecíveis. Tobias Forge continua demonstrando domínio sobre a identidade mutável da banda, mas, desta vez, o experimento flerta perigosamente com o genérico.
O álbum começa em altíssimo nível com “Peacefield”, facilmente uma das melhores músicas da carreira do Ghost. O refrão é viciante, daqueles que grudam logo na primeira audição, com guitarras afiadas e melodia absurdamente cativante. Em seguida, “Lachryma” mantém o alto nível: peso na medida, refrão marcante e aquele DNA “ghostiano” inconfundível, que faz a faixa entrar direto para o hall dos grandes momentos da banda.
“Satanized”, o primeiro single, porém, entrega menos do que se esperava. É uma faixa legalzinha, que gruda com facilidade, mas não impressiona como outras. Fica a sensação de que o single foi escolhido mais por estratégia do que por destaque artístico. Já “Guiding Lights” é uma daquelas músicas que demoram a cativar. A performance vocal de Tobias Forge é impecável, mas falta alma. Não é ruim, mas também não empolga.
O problema começa a se evidenciar em “De Profundis Borealis”. A música parece não ter refrão definido e simplesmente não se fixa na mente. É daquelas faixas que passam e, ao final, você se pergunta se ela realmente aconteceu. O mesmo se aplica a “Cenotaph”, que soa quase como uma continuação ou repetição da anterior. Mesmo após mais de vinte audições, ambas continuam indistintas — e isso, para o Ghost, é raro e preocupante.
“Umbra” vem como penúltima faixa, com teclados que os fãs reconhecerão imediatamente do vídeo “Chapter 18: What a Fiasco!”, da web-série oficial. A música tem uma levada que remete ao Mötley Crüe, com cowbell pulsando e, em certo ponto, desliza para um momento Deep Purple, com uma interessante dualidade entre guitarra e teclado. É diferente e funciona bem, ainda mais dentro do contexto do álbum.
Mas, infelizmente, o disco fecha com “Excelsis”, de longe a pior música do álbum — e possivelmente de toda a carreira do Ghost. Chata, arrastada e sem nenhum carisma, a faixa encerra Skeletá de forma melancólica e decepcionante. Colocá-la lado a lado com encerramentos épicos como “Genesis”, “Monstrance Clock”, “Deus In Absentia”, “Life Eternal” ou mesmo “Respite On The Spitalfields” é quase uma ofensa à discografia da banda.
No fim, Skeletá é um álbum irregular. Começa com genialidade, depois mergulha numa sequência genérica e sem brilho, até ensaiar uma recuperação tímida, antes de cair novamente. É uma tentativa de flertar com o AOR e o glam metal, que poderia ter dado certo com mais ousadia e menos zona de conforto. Para fãs fiéis, há momentos memoráveis; para os demais, pode soar como um álbum esquecível.