Helloween – “Master of the Rings” (1994) (Relançamento 2024)
Castle Communications | Dynamo Records
#PowerMetal
Para fãs de: Judas Priest, Accept, Running Wild, Blind Guardian, Gamma Ray
Texto por Ivan Luiz de Oliveira
Nota: 9,0
Talvez os mais novos não saibam, mas antigamente as revistas de música, inclusive as de metal, lançavam edições com CDs que eram coletâneas de diversas bandas, geralmente com alguma faixa inédita. Na década de 90, a revista ShowBizz teve uma edição chamada Monstros do Rock, e foi a primeira vez que escutei Helloween, ou pelo menos, a primeira vez que algo realmente me marcou. “Sole Survivor” foi, sem dúvida, uma das faixas que mais me impactou naquela compilação, e imediatamente fui atrás de todo o material da banda, embora não tenha começado pelo disco original dessa música, o que reconheço ter feito apenas anos depois.
“Master of the Rings” marca uma virada crucial na carreira do Helloween. Após uma fase tumultuada, que incluiu a saída do lendário Michael Kiske e a morte do baterista Ingo Schwichtenberg, a banda se reinventou com a entrada de Andi Deris nos vocais e Uli Kusch na bateria. Este álbum não apenas trouxe uma nova energia à banda, mas também definiu um novo rumo para o Helloween, que parecia estar à beira de uma ruptura após a recepção negativa de seus álbuns anteriores, especialmente do polêmico Chameleon.
Agora, falemos melhor daquela faixa que me abriu novos horizontes, não apenas para o Helloween, mas para um novo estilo musical. Sole Survivor é uma declaração poderosa. O riff inicial é marcante e pesado, e a performance vocal de Andi Deris é repleta de atitude e energia. A música aborda temas de resiliência e superação, que se alinham perfeitamente com o momento que a banda estava vivenciando. A letra funciona quase como uma metáfora para o renascimento do Helloween, lutando para se manter relevante e forte em uma época de incertezas.
Em Perfect Gentleman, uma das faixas mais divertidas e irônicas do álbum, o Helloween revela um lado mais sarcástico e teatral, que sempre acompanhou a banda. A letra brinca com estereótipos de cavalheirismo de forma leve e humorística, enquanto a música combina elementos de hard rock com um toque de power metal. A performance de Deris é especialmente notável aqui, utilizando suas habilidades vocais para dar vida ao personagem da canção com uma entrega teatral.
Os alemães sempre lançaram lindas baladas, mas In the Middle of a Heartbeat é a minha favorita na longa carreira da banda. É uma balada emocional de Master of the Rings que revela um lado mais introspectivo do Helloween. Diferente das faixas mais pesadas e rápidas do álbum, essa canção oferece uma abordagem suave, destacando os vocais emotivos de Andi Deris e melodias melancólicas que se aproximam mais de uma vibe hard rock do que do habitual power metal da banda.
Mr. Ego (Take Me Down) encapsula o espírito de reinvenção e autocrítica que permeou Master of the Rings e a nova fase do Helloween. Com seu tom sombrio e introspectivo, a música oferece uma reflexão sobre o passado da banda e marca o início de uma nova era com Andi Deris nos vocais. Sua relevância e presença nos shows atuais mostram que Mr. Ego continua sendo uma peça central no repertório da banda, ressoando tanto com fãs antigos quanto novos.
A entrada de Andi Deris foi um divisor de águas para o Helloween. Sua voz versátil e carismática trouxe um novo fôlego à banda, e seu estilo se encaixou perfeitamente no som que eles buscavam. A química entre os guitarristas Michael Weikath e Roland Grapow também merece destaque. Suas harmonias e solos são extremamente coesos e cheios de energia, evidenciando uma clara sinergia criativa que elevou a qualidade das composições. O baterista Uli Kusch trouxe uma nova abordagem para a seção rítmica da banda, com seu estilo preciso e potente, que deu mais peso e dinamismo às músicas.
A versão remasterizada de Master of the Rings trouxe uma nova clareza e profundidade ao som, além de incluir faixas extras que oferecem uma visão ampliada do que a banda estava experimentando na época. Essas faixas bônus são um complemento interessante, pois mostram lados alternativos das gravações e permitem uma apreciação ainda maior do trabalho realizado em estúdio. A produção foi aprimorada, destacando os detalhes dos instrumentos e a dinâmica das composições, que agora soam ainda mais poderosas e cativantes.
Entre as faixas bônus, destacam-se Can’t Fight Your Desire, Grapowski’s Malmsuite 1001 (In D Doll) e Cold Sweat (cover do Thin Lizzy). Essas músicas adicionais ajudam a capturar a criatividade e a energia que marcaram a fase inicial de Andi Deris na banda. Can’t Fight Your Desire é uma faixa energética que mantém o estilo clássico do Helloween, com refrões pegajosos e solos rápidos. Já Grapowski’s Malmsuite 1001 é uma peça instrumental impressionante, com forte influência neoclássica, mostrando o virtuosismo de Roland Grapow.
Se você ainda não escutou, vá agora e relembre esse grande disco.