Himmelkraft – “Himmelkraft” (2025)

Himmelkraft
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Himmelkraft – “Himmelkraft” (2025)

Reaper Entertainment | Shinigami Records
#FolkMetal #MelodicMetal #CinematicMetal #Rock

Para fãs de: Ayreon, Therion, Nightwish, Anathema

Texto por Johnny Z.

Nota: 7,0

“Himmelkraft” marca a estreia ousada da banda homônima idealizada por Tony Kakko, vocalista do Sonata Arctica, e logo de cara já deixa claro que estamos bem longe do melodic power metal pelo qual ele é conhecido. Em vez de seguir o caminho mais seguro, Tony mergulha em um projeto conceitual denso e atmosférico, com uma proposta musical e narrativa que convida o ouvinte a explorar um mundo distópico: uma civilização sobrevivente, confinada a uma cidade subterrânea após um cataclismo nuclear.

A trilha sonora dessa jornada é tão variada quanto cinematográfica — passeando por doom, gothic, metal industrial, com pitadas de folk, jazz e até música de cabaré. Uma mistura nada óbvia, mas surpreendentemente coesa.

O clima do disco é sombrio, melancólico e bastante teatral, impulsionado por arranjos minuciosos e uma produção impecável. Faixas como “Paika” e “I Was Meant to Rain on Your Parade” brilham pela construção emocional e pelos crescendos intensos que arrepiam. Já “Deeper” e “Uranium” mergulham em atmosferas mais densas e pesadas, revelando o lado mais soturno da obra. Em contraste, músicas como “Fat American Lies” dividem opiniões — seu humor ácido e sarcástico quebra o tom sério do álbum e pode parecer deslocado (e até meio bobo) dependendo do ponto de vista.

Não é um disco que conquista de primeira. Na verdade, ele exige paciência, atenção e repetição. Nada aqui é feito para grudar no ouvido logo de cara. O álbum prefere construir atmosfera, deixar você se perder em seus detalhes, descobrir camadas escondidas a cada nova audição. E é justamente essa entrega lenta e trabalhada que pode ser seu maior trunfo — ou seu maior obstáculo, dependendo do tipo de ouvinte.

Pessoalmente, confesso que em alguns momentos achei o álbum um tanto cansativo. Mas seria injusto dizer que ele não é ousado, criativo e, acima de tudo, honesto. A produção é de altíssimo nível, e fica claro que houve uma preocupação sincera em se distanciar do som do Sonata Arctica. Para quem curte discos conceituais, com atmosfera cinematográfica e que exigem uma escuta mais apurada, Himmelkraft pode ser uma experiência rica e recompensadora. Já quem espera algo mais direto, na pegada energética do power metal, vai precisar ajustar as expectativas — ou simplesmente deixá-las de lado.

No fim das contas, é uma estreia corajosa e ambiciosa, com identidade própria e uma visão artística muito bem definida. Não é um álbum que se contenta em apenas entreter; ele quer que você sinta, reflita, se conecte — ou se perca — nesse mundo pós-apocalíptico tão vivo em sua sonoridade. Mesmo eu, que normalmente não me identifico em nada com esse estilo, consegui tirar muita coisa interessante daqui. Vale escutar com a mente aberta — e sem preconceito.

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