End Of Green – “TwinfinitY” (1996) (Relançamento 2025)

end_of_green_twinfinity
Compartilhe

End Of Green – “TwinfinitY” (1996) (Relançamento 2025)

Reaper Entertainment | Shinigami Records
#GothicRock #DoomMetal #AlternativeMetal #Shoegaze

Para fãs de: Type O’ Negative, Him, Katatonia, The 69 Eyes, Paradise Lost (fase mais gótica), Anathema (fase pós-doom)

Texto por Johnny Z.

Nota: 8,0

Com quase três décadas de estrada e um som que eles próprios rotularam como Depressed Subcore — uma mistura sombria de gothic rock, doom e metal alternativo — o End Of Green sempre teve uma maneira visceral de lidar com a melancolia.

Em “Twinfinity”, relançado agora em um formato de CD duplo com o álbum original de 1996 e a regravação de 2025, a banda alemã revisita sua própria obra com o peso de quem acumulou cicatrizes ao longo do tempo.

O título já dá o tom — um trocadilho entre “twin” (gêmeo) e “infinity” (infinito) — sugerindo não só um reencontro com o passado, mas um diálogo profundo entre duas versões de um mesmo sentimento. E “Twinfinity” não é só uma viagem nostálgica, é um álbum que se sustenta por si só, e leva o som da banda para o futuro.

Logo nos primeiros acordes de “Left My Way”, a atmosfera já se desenha com delicadeza e intensidade. A voz de Michelle Darkness parece sussurrar e se lamentar por uma grande perda. Dá pra sentir que cada música foi revisitada com um olhar mais maduro, talvez mais cansado, mas nunca indiferente.

A nova produção, mais limpa e encorpada, revela detalhes que antes estavam escondidos sob a crueza juvenil da gravação original. “Sleep” e “Away” ganham uma nova camada de profundidade, com arranjos densos e vocais que soam como cartas escritas muito tempo depois, quando a dor já não grita, mas ainda pulsa. Já a faixa “Infinity”, agora com quase nove minutos, se transforma num transe hipnótico — um passeio entre sombras e pequenos lampejos de luz.

Mesmo pra quem, como eu, nunca tinha escutado o álbum original (nem a banda, pra ser honesto), a comparação entre as duas versões é uma experiência imersiva. Há ecos de pós-metal, reverbs que lembram shoegaze, mas com uma entrega mais crua, mais direta. “Seasons of Black” é quase tátil — parece ter cheiro, textura. E “You” vem como um soco: agressiva, seca, urgente.

O grande trunfo do End Of Green está em respeitar a alma das músicas antigas sem medo de reinventá-las. Com as faixas originais incluídas no segundo disco, o contraste entre o ontem e o hoje fica evidente — não como competição, mas como uma conversa entre juventude e maturidade. O “Infinity” de 1996 tem o peso da estreia, da descoberta. O “Twinfinity” de 2025 carrega o peso da vivência.

No fim, o álbum soa como uma afirmação poderosa: o passado pode ser revisitado sem ser repetido; a dor pode ser compreendida sem precisar ser esquecida. E algumas bandas, felizmente, sabem envelhecer com elegância.

Para quem já era fã, vai se deliciar com esse relançamento e para quem está chegando agora — como eu — é um convite pra mergulhar num emaranhado denso e sombrio de perguntas, onde cada nota parece escrita pra você. Bom demais e super indicado para quem gosta de ouvir música como manobra de reconhecimento de vida num quarto escuro e fechado.

Compartilhe
Assuntos

Veja também