Majestica – “Power Train” (2025)
Nuclear Blast Records | Shinigami Records
#PowerMetal #EpicMetal
Para fãs de: Blind Guardian, Stratovarius, Helloween
Texto por Will Menezes
Nota: 8,5
Majestica é uma reformulação de uma antiga banda do cenário power chamada ReinXeed (formada em 2000), que por anos tocou sob fortes influências de grupos como Helloween e Rhapsody of Fire, entregando nove álbuns de estúdio. Após deixar o projeto original para uma importante passagem pelo Sabaton, o fundador Tommy Johansson retoma sua antiga banda, reformulando-a musical e conceitualmente — e apresenta os resultados desse trabalho com o excelente álbum Power Train.
Talvez o power metal esteja entre os gêneros mais desgastados e exauridos do metal. Mesmo os grandes nomes do estilo têm dificuldades em inovar e trazer algo interessante, sem cair nas composições genéricas e padronizadas do gênero. São águas perigosas, que muitas bandas têm abandonado em busca de sonoridades mais modernas, reinventando seus elementos para alcançar algum grau de inovação. Navegar pelo power metal clássico em pleno 2025 requer criatividade, maestria e algo além, já que até artistas tecnicamente impecáveis frequentemente entregam trabalhos que não conquistam os ouvintes.
Nesse cenário, Tommy assume o leme com ousadia e personalidade, entregando algo que eu não ouvia há muito tempo: um álbum de power metal puro, mas totalmente acima da curva. Power Train percorre diversas influências e referências do estilo, mas com aquele “algo a mais” que tantas vezes falta no cenário atual. Para além dos refrães grudentos, há maestria instrumental, com um belo equilíbrio entre virtuosismo e sentimento, explorações de ritmos e cadências, e uma fluidez de andamentos muito bem distribuída ao longo das 10 faixas.
O álbum começa com a faixa-título — arrebatadora e cheia de energia — destacando o talento de Tommy tanto como guitarrista quanto como vocalista; certamente um dos pontos altos do disco. A partir daí, cada música conta sua história com competência, mas, no conjunto, o álbum preserva uma ambiência coesa, uma alma única, mesmo enquanto revisita os grandes nomes do gênero em suas influências. Tente ouvir “No Pain, No Gain” (outro destaque) sem lembrar do bom e velho Sonata Arctica; ou “Battle Cry” sem remeter ao Rhapsody clássico. “Megatrue” transpira Hammerfall em seus tempos áureos. Não são cópias descaradas, veja bem — a banda coloca sua alma em cada composição, e as referências são apenas inspirações, executadas de forma magistral.
Por fim, o Majestica oxigena um gênero já saturado, enfrentando o desafio com coragem e personalidade, e entregando um resultado com potencial para agradar até quem não é fã do estilo — uma grande demonstração de heavy metal bem composto e executado. Excelente trabalho!