Monsters Of Rock, Allianz Parque/SP (22/04/2023)

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Monsters Of Rock, Allianz Parque/SP (22/04/2023)

Bandas: Doro, Symphony X, Candlemass, Helloween, Deep Purple, Scorpions e KISS
Local: Allianz Parque, São Paulo/SP
Data: 22/04/2023
Produção: Mercury Concerts
Assessoria: Catto Comunicação

Texto por Edson Reis
Fotos por Ricardo Matsukawa / Mercury Concerts

Monsters of Rock, o que dizer desse festival emblemático que trouxe grandes nomes da música pesada ao longo 29 anos. Desde sua primeira edição no Brasil, em 1994, bandas do primeiro escalão como Black Sabbath, Iron Maiden, Ozzy Osbourne, Slayer, Megadeth, KISS e muitos outros grupos fizeram ecoar coros e gritos histéricos do público brasileiro em apresentações icônicas e desta vez não poderia ser diferente, pois segundo o próprio Starchild Paul Stanley, esta foi a última apresentação do KISS em terras paulistanas, proporcionando aos mais de 55 mil presentes participarem da história do Rock que recebia seu capítulo final.

ORGANIZAÇÃO E ESTRUTURA

O Allianz Parque é uma verdadeira arena multiuso, com espaço e estrutura perfeitas para receber espetáculos como o presenciado neste último sábado (dia 22/04/2023). O som propagado do palco com amplificadores ecoava em todo o estádio, que ressoou o som criando um clima surround e toda esta estrutura da arena propiciou a amplificação dos gritos, cânticos e berros vindos de toda parte pelo público presente.

Filas intermináveis nos banheiros, lanchonetes, bares entre outras situações peculiares, fazem parte de qualquer concerto que reúna um público considerável, por tanto não é preciso gastarmos linhas tecendo comentários negativos sobre o que é reclamação constante em qualquer evento desse porte. Entretanto, o trabalho das equipes de limpeza, organização das filas e do fluxo de entrada e saída, caixas itinerantes que recebiam qualquer forma de pagamento, agilizaram muito todo o processo para que o público não perdesse um minuto se quer de qualquer uma das apresentações, qualquer um que tenha presenciado qualquer show, evento ou festival antes de 2014, lembram como eram essas coisas.

Outro item particular, realmente foram as estruturas de palco, com amplificadores potentes e bem equalizados, que permitia que cada nota pudesse ser ouvida claramente, iluminação e telões que transmitiram a todos cada nuance e cenas diretamente do palco para todos os pontos do Allianz Parque.

SHOWS

DORO PESCH

Impecável e perfeita! Mesclando clássicos de sua carreira solo e dos tempos de Warlock, Doro Pesch a Metal Queen esquentou o clima ainda frio da plateia no fim da manhã iniciando seu show às 11:30 horas com uma “pontualidade britânica” ou seria melhor dizer “precisão alemã”. Acompanhada por uma banda coesa, composta por ótimos músicos como o guitarrista brasileiro (e paulistano) Bill Hudson, Doro incendiou o palco em um show para nenhum Headbanger que se preze ficar parado.

Com um repertório confiável e perfeito para uma arena em dia de festival, Doro desferiu canções da Warlock (banda de seu início de carreira) como uma metralhadora giratória, provando que suas canções solo são tão boas e contém o mesmo espírito furioso dos tempos áureos de Warlock.  Convocando os presentes a agitar e cantar junto, arrebatou os corações do público e foi um ótimo prelúdio do que ainda estaria por vir.

Set List:

I Rule the Ruins (Warlock)
Earthshaker Rock (Warlock)
Burning the Witches (Warlock)
Fight for Rock (Warlock)
Raise Your Fist in the Air (Doro)
Metal Racer (Warlock)
Hellbound (Warlock)
Revenge (Doro)
All We Are (Warlock)
All for Metal (Doro)

SYMPHONY X

E o Metal Progressivo teve novamente sua vez no palco do Monsters of Rock, dessa vez com os Symphony X. Como segunda atração do dia, não poderiam deixar barato após a performance estonteante da Doro Pesch. E não deixaram por menos, entregaram um som preciso, guiados pela performance (sempre) fantástica de Russel Allen nos vocais e os poderosos riffs e acordes de Michael Romeo. Entregando uma apresentação primada pela técnica dos excelentes músicos, entraram com a poderosa “Nevermore” do disco “Under World” mostrando a que vieram!

Seguindo com belos discursos entre as canções, Russel Allen demonstrou todo o carisma necessário a um vocalista para comandar multidões. Para este que vos escreve que pude assistir a banda em 2000 na turnê do álbum V em um espaço pequeno (mal cabia a banda no palco), a evolução da banda para shows em festivais e grandes arenas foi surpreendente. Como um bolo suculento e bem recheado, o som dos caras ecoou por todo Allianz Parque, fincando a bandeira e a força do Metal Progressivo com canções épicas e refrões verdadeiramente fortes e instigantes.

Set List:

Nevermore
Serpent’s Kiss
Sea of Lies
Without You
Kiss of Fire
Run With the Devil
Set the World on Fire (The Lie of Lies)

CANDLEMASS:

Às 13:30 horas foi a hora dos suecos pioneiros do Doom Metal. Os Candlemass entraram com as temperaturas mais altas trazendo seu som mais arrastado e soturno com andamentos mais lentos, mas sem esquecer do peso. Eu que não sou fã desse estilo, fui convencido do poderoso som desses senhores a cada riff executado pela banda! Os substitutos do Saxon, não decepcionaram os fãs da banda inglesa (que reclamaram muito da desistência dos Saxon), que surgiam portando suas camisetas pretas com o logo Saxão nas fileiras da pista, sem hesitar Leif Edling (baixo), Jan Lindh (bateria), Mats Mappe Björkman e Fredrik Åkesson (guitarras/Opeth, Krux, ex-Arch Enemy) – esse último substituindo Lars Johansson que não conseguiu vir ao Brasil – conseguiram conquistar seu espaço no hall das superbandas que figuraram ao longo das 6 edições históricas do Festival Monsters of Rock (2023 foi a sexta). Caveiras e cabeças balançando contagiadas pela destreza com que os músicos desferiam cada nota, revelaram a paixão que os Candlemass têm em tocar ao vivo.

Confesso que aproveitei esta apresentação mais soturna para me sentar um pouco, beber uma cerveja e me alimentar, enquanto ouvia e sentia a atmosfera gótica instaurada, mesmo com sol e céu azul e temperaturas um pouco mais altas que as iniciais, que aqueciam a pele contrastando som gélido que era proferido do palco, quase que uma homenagem do astro celestial Sol ao último disco da banda, chamado peculiarmente de “Sweet Evil Sun (lançado em 2022)”. A voz inconfundível de Johann Langqvist trouxe todo o clima para uma (praticamente) ‘contação’ de histórias sonorizadas pelos pesados riffs dos músicos da banda que compareceu ao brasil pela primeiríssima vez com o lendário vocalista original.

Set List:

Mirror Mirror
Bewitched
Under the Oak
Dark Are the Veils of Death
Crystal Ball
The Well of Souls
A Sorcerer’s Pledge
Solitude

HELLOWEEN

Ah, o Helloween. Como o próprio Russel Allen do Symphony X disse durante sua apresentação, cresci ouvindo essas bandas e Helloween foi uma das mais importantes durante meu desenvolvimento. Lembro-me muito bem de sonhar em ver Michael Kiske (vocais) e Kai Hansen (guitarra e vocais) tocando novamente junto aos Pumpkins Michael Weikath (guitarra) e Markus Grosskopf (baixo), incluindo Andi Deris (vocais), Sascha Gerstner (guitarra) e Dani Löble (bateria). Os criadores do Power Metal (na minha opinião), deixaram o Allianz Parque plenamente empolgado com a energia com que a banda se apresentou (independentemente da falha inicial com a cortina com o logo da banda que não baixou na hora certa), os “abóboras” agora “unidos” emocionaram e encantaram os fãs da boa música entoando clássicos um após outro mostrando todo o poder (“We’ve got the Power”) da banda alemã, fazendo este relator cantar a plenos pulmões a cada vez que Deris e Kiske solicitavam, culminando ao ápice durante a execução de “I Want Out”, quando a banda atira as abóboras infláveis para o delírio do público.

Quanto ao show, não houve nada de novo diante das últimas apresentações, tudo saiu como o esperado, inclusive o domínio que a banda exerce sobre o púbico headbanger paulistano, mas como Helloween é sempre Helloween, não nos decepcionaram em nenhum instante sequer.

Set List:

Dr. Stein
Eagle Fly Free
Power
Ride the Sky / Heavy Metal (Is the Law)
Forever and One (Neverland)
If I Could Fly
Best Time
Future World
I Want Out

DEEP PURPLE

Desconheço um fã de rock que não conheça uma música do Deep Purple, já eram 16h30 quando Ian Gillan e companhia subiram ao palco do Allianz Parque executando de cara “Highway Star”, trazendo o público à loucura.

Inspirados como sempre, emocionaram os fãs com canções clássicas como “When A Blind Man Cries”, “Lazy”, “Perfect Strangers”, encerrando com “Smoke on the Water”, “Hush” e “Black Night”.

Simplesmente uma pintura (como em “Pictures of Home”), o Deep Purple homenageou os brasileiros com canções como “Tico-tico no Fubá” e “Brasileirinho” atestando a experiência e a versatilidade dos músicos da banda. Vale um adendo para o novo guitarrista Simon McBride que mostrou muita competência e executou tudo impecavelmente!

Diante de tantas homenagens (a mais emocionante delas para o eterno Jon Lord) não consegui encontrar alguém a minha volta que não estivesse cantando junto, ou mesmo extasiado com esses verdadeiros “Monstros do Rock”. Hino após hino, nota após nota, dispensam apresentações ou qualquer texto sobre estes senhores que formam uma das bandas da Santíssima Trindade do Rock (Purple, Zeppelin e Sabbath).

Set List:

Highway Star
Pictures of Home
No Need to Shout
Uncommon Man
Lazy
When a Blind Man Cries
Anya
Perfect Strangers
Space Truckin’
Smoke on the Water
Hush
Black Night

SCORPIONS

A despeito da idade dos músicos que se apresentaram no Monsters of Rock 2023, todos mostraram uma energia inesgotável, quase que adolescentes (lembram do filme “Cocoon de 1985”?). Eleitos pelo publico do Rock in Rio de 2019 como a melhor apresentação do festival (fonte G1), o Scorpions não deixou barato, com um Mickey Dee insano, quebrando tudo na bateria e agitando ao máximo, e um Rudolf Schenker endiabrado tocando fogo em cada palhetada na sua Flying V! Mesclando músicas mais novas aos clássicos, o Scorpions colocou a arena inteira para pular, cantar e assobiar! Uma das cenas mais icônicas da minha vida ao assistir o clipe de “Wind of Change”, lançado em 1990 que mostravam estádios lotados com isqueiros acesos, se repetiu nesta noite. O rock é algo mágico e são canções como esta que fazem valer a pena qualquer fila, horas em pé ou mesmo distâncias consideráveis para assistir a este momento. E o público correspondeu a altura, deu todo suporte para as músicas épicas, solos de guitarra, baixo ou bateria, empolgados como nunca, trocando a melhor energia do Rock possível e conectado com a banda, simplesmente sensacional!

O show seguiu o mesmo ritmo intenso até o fim, culminando com a excelente “Rock You Like a Hurricane” com o público cantando junto cada palavra do refrão!

Set List:

Gas in the Tank
Make It Real
The Zoo
Coast to Coast
Seventh Sun
Peacemaker
Bad Boys Running Wild
Delicate Dance
Send me an Angel
Wind of Change (dedicada aos Ucranianos)
Tease Me Please Me
Rock Believer
New Vision
Black Out
Big City Nights
Still Loving You
Rock You Like a Huricane

KISS

E, às 21 horas, era chegada a hora da apresentação mais aguardada do dia, “The hottest band in the World” KISS! Antes de se falar em técnica musical, como muitos “haters” e entendedores de música pesada, estamos falando, de um espetáculo, por vezes teatral de Starchild Paul Stanley e seus companheiros! O KISS trouxe a parafernália completa para o entretenimento de todos, hits após hits, passando por boa parte da história da banda, com pirotecnia, línguas de fora, solos de guitarra e cusparadas de sangue, telões com imagens surrealistas e até por vezes psicodélicas (por exemplo durante solo sanguinário do Demon Gene Simmons). Um espetáculo eletrizante que só o KISS pode proporcionar. Desferindo clássicos desde a primeira música, o quarteto surgiu de plataformas elevadas em meio há muitas labaredas incandescentes ao som de “Detroit Rock City”, seguindo de perto por todo o público que cantou junto TODAS as canções, até o derradeiro final com a grandiosa “Rock’n Roll All Nite”! Sai de lá com a nostalgia da minha infância saciada (conheci o KISS naquele filme “KISS e o Fantasma do Parque” aos 5 ou 6 anos de idade) e com saudade do bom e velho Circus Maximus do Rock N’ Roll!!!

Set List:

Detroit Rock City
Shout It Out Loud
Deuce
War Machine
Heaven’s on Fire
I Love It Loud
Say Yeah
Cold Gin
Lick It Up
Makin’ Love
Calling Dr. Love
Psycho Circus
100,000 Years
God of Thunder
Love Gun
I Was Made for Lovin’ You
Black Diamond
Beth
Do You Love Me
Rock and Roll All Nite

Agradecimentos à produtora Mercury Concerts e a assessoria Catto Comunicação pelo credenciamento e parceria de sempre! E, logicamente, nossos efusivos parabéns por mais um grandioso evento de sucesso! Que venham os próximos!

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