Pain – “Nothing Remains The Same” (2002) (Relançamento 2025)

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Pain – “Nothing Remains The Same” (2002) (Relançamento 2025)

Nuclear Blast Records | Shinigami Records
#IndustrialMetal

Para fãs de: Rammstein, Clawfinger, Fear Factory, The Kovenant, Deathstars

Texto por Johnny Z.

Nota: 9,0

Lançado originalmente em 2002, “Nothing Remains The Same” é o terceiro álbum do Pain e, sem exagero, foi o trabalho que colocou de vez o projeto no mapa como um dos nomes mais inovadores e relevantes do metal industrial europeu. Sob a mente inquieta de Peter Tägtgren — que além de ser o cérebro por trás da banda, também é produtor e multi-instrumentista —, o disco trouxe uma mistura absurdamente bem dosada de metal moderno, música eletrônica, batidas industriais e melodias que grudam na cabeça.

Agora, mais de 20 anos depois, o álbum ganha uma remasterização mais do que merecida. E não é só uma maquiagem sonora, não. É uma transformação que leva a experiência pra outro nível, deixando tudo mais encorpado, limpo, dinâmico e poderoso — sem perder um grama da sua essência original.

A diferença já salta aos ouvidos logo nos primeiros segundos. A clareza e o equilíbrio entre os instrumentos são impressionantes. Aquela sensação de que, na versão de 2002, certos elementos brigavam entre si, especialmente nas médias e altas frequências, ficou no passado. Agora, tudo soa muito mais aberto e definido. As guitarras estão mais pesadas, com um timbre gordo, moderno e pulsante, que preenche o som sem embolar com os sintetizadores e programações — que, aliás, também estão muito mais vivos, brilhantes e presentes.

E a bateria eletrônica? Está simplesmente um soco no peito. Ganha mais punch, mais impacto, especialmente nos graves, que antes soavam meio abafados em alguns trechos. Isso fica escancarado em faixas como “Shut Your Mouth”, onde o bumbo bate seco, forte e cheio, sem sacrificar o restante da mixagem. A masterização atual deu um jeito naquele som meio achatado, meio comprimido, típico dos anos 2000, deixando tudo respirar muito mais.

As vozes de Peter também ganharam uma cara nova — mais nítidas, mais na cara, mais bem trabalhadas. Dá pra perceber com clareza os efeitos de ambiência, ecos e distorções, aplicados de forma muito mais elegante e controlada. E, com isso, as nuances da interpretação dele, seja nos momentos mais melódicos ou naqueles rasgados e agressivos, ficam muito mais evidentes. Camadas de backing vocals e harmonias que antes passavam quase despercebidas agora aparecem com força, enriquecendo ainda mais cada faixa.

“Nothing Remains The Same” sempre foi visto como o trabalho mais acessível e melódico do Pain, justamente porque rompe barreiras do metal industrial. Vai além, flerta com orquestrações, teclados densos, atmosferas carregadas e vocais bem mais variados e limpos do que o padrão do gênero. Isso fez (e faz) com que o álbum converse não só com quem vem do metal, mas também com fãs de música eletrônica, rock alternativo e até pop sombrio.

E a remasterização só potencializou tudo isso. O trabalho no campo estéreo, na espacialidade e na distribuição dos elementos é simplesmente surreal. Faixas como “Just Hate Me”, “Fade Away”, a sufocante “Save Me” e, claro, a sombria releitura de “Eleanor Rigby” dos Beatles, soam maiores, mais atmosféricas, cinematográficas até. A sensação de imersão é total.

Dá pra perceber claramente o cuidado que houve em manter intacta a proposta original, só que agora com uma roupagem que faz jus às tecnologias atuais. Não é uma reinvenção — é uma evolução. Uma versão definitiva, que eleva esse disco ao lugar que ele merece: entre os grandes da história do metal industrial mundial.

Resumindo? Essa nova versão remasterizada não só entrega um som infinitamente mais poderoso, como também acende de novo a chama de um álbum que continua atual, viciante e inovador. Uma obra-prima que ganha uma nova vida — e que segue sendo referência obrigatória pra qualquer fã de metal industrial e de música pesada feita com ousadia, bom gosto e sofisticação.

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